Na lista anual divulgada recentemente pela Nielsen/NetRatings das ‘dez marcas que mais crescem na rede’ nos EUA, estão aquelas já esperadas, que existem há pouco mais de um ano, mas que atraem a atenção de milhões de internautas por mês – como o sítio de relacionamentos MySpace (News Corporation) e o de compartilhamento de fotos online Flickr (Yahoo!). A grande surpresa foi a Associated Press, como noticia Louis Hau [Forbes, 17/8/06].
De acordo com a NetRatings, a Associated Press registrou um aumento surpreendente no número de visitantes únicos a seu sítio em julho: 9,7 milhões, mais que o triplo do tráfego do ano anterior. Parte deste crescimento deve-se a grandes eventos ocorridos em julho, como o início da guerra no Líbano devido a hostilidades entre Israel e Hezbollah. Porém o aumento também reflete que os esforços da AP para aumentar sua presença online, ao oferecer mais conteúdo em vídeo para seus jornais filiados, está valendo a pena.
A veterana AP, fundada em 1846, é uma cooperativa sem fins lucrativos que reúne 1.500 jornais nos EUA. Desta maneira, o destino da AP está extremamente relacionado ao dos jornais – embora a agência gere 2/3 de seu lucro de outras fontes, como a televisão AP, vendas online e internacionais e outros serviços. ‘É um momento crítico na indústria. Queremos fazer tudo o que pudermos para nossos membros. Queremos dar a eles as ferramentas necessárias para transformar seus negócios’, disse Jim Kennedy, vice-presidente e diretor de planejamento estratégico da AP.
A agência fornece conteúdo multimídia aos jornais associados há anos, através de mapas interativos, gráficos e slide shows. No entanto, no último ano, seus esforços tomaram proporções maiores. Em setembro do ano passado, foi lançado um projeto-piloto chamado asap (as soon as possible – ‘o mais rápido possível’ em inglês), um serviço de notícias destinado aos mais jovens, com uma variedade de conteúdo multimídia, como clipes de áudio e vídeo. A AP comprometeu-se a realizar o projeto até 2007. Em março, a empresa juntou-s ao MSN, da Microsoft, para dar início à rede de vídeo online da AP, que fornece matérias em vídeo para sítios de jornais e emissoras. Sob o acordo, a AP produz o conteúdo, e a Microsoft, a tecnologia e o apoio a anúncios. No fim de maio, a AP fez um acordo com o sistema de busca Technorati que adicionou links de alguns blogs a artigos da AP entregues aos sítios de jornais.
Cerca de 350 jornais usam o conteúdo asap, e 1.100 jornais e cerca de 450 emissoras de rádio e TV usam a rede de vídeo gratuita. A AP continua a investir em iniciativas multimídia, incluindo um pacote de notícias econômicas, chamado Money & Markets, com previsão de lançamento em outubro.
Tais iniciativas têm como objetivo atrair mais tráfego para os sítios de seus jornais membros e ajudar a aumentar a venda de conteúdo da AP para parceiros online não-associados, como Yahoo! e AOL. Segundo Kennedy, a venda para parceiros que não são membros corresponde a 14% do total de lucros da AP, um número que a empresa espera aumentar. Na semana passada, a AP divulgou o acordo com o gigante Google sob o qual o sítio de busca irá pagar a agência pelo conteúdo. Os termos do acordo, no entanto, não foram revelados.
Na tela da TV e do computador
Não é só a AP que usufrui das facilidades que a tecnologia trouxe. A mídia tradicional está cada vez mais aproveitando tecnologias digitais para atrair público. O programa CBS Evening News, apresentado por Katie Couric, vai ser transmitido ao vivo pela internet a partir do dia 5/9. A novidade, anunciada na semana passada, faz da CBS a primeira rede a usar a rede para transmissão simultânea de notícias, conforme noticiam Anne Becker e P.J. Bednarski [Broadcasting & Cable, 17/8/06].
A emissora, que atrai telespectadores com idade mais avançada do que as outras redes de TV e que registra baixa audiência noturna, espera que Katie ajude a melhorar tais índices. Para o presidente da CBS News, Sean McManus, a iniciativa ‘tornará o programa disponível para um maior número de pessoas’. A NBC e a ABC não transmitem simultaneamente seus noticiários noturnos, mas o disponibilizam como conteúdo pago em seus sítios. Ambas também oferecem programação exclusiva online.