Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Apelo à ética e imparcialidade

Curitiba, 28 de novembro de 2010

À: Revista Veja, jornal Folha de S.Paulo e Rede Globo de Televisão

C.c.: CartaCapital, Carta Maior, Observatório da Imprensa e Aepet

Estamos para inaugurar um novo período de governo no país, governo esse que herda excelentes condições de estabilidade, enquanto em vários países do mundo continua repercutindo negativamente, é claro, a crise de 2008 provocada pelo desvario do capitalismo neoliberal, inconsequente e imprudente – quase sinônimos, não? O Brasil, felizmente, surfa – por mérito das ações desenvolvidas pelo excelente governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em condições altamente favoráveis para alavancar ainda mais o país, mesmo tendo que enfrentar as ameaças externas.

Preocupam-me as ameaças externas, vislumbradas em função da onda de desestabilização da economia mundial. Entretanto, preocupam-me também – talvez, até mais – as internas, provocadas, é claro, por fatores internos conflitantes endossados, de livre e espontânea vontade, pela mídia brasileira (?). O terrorismo midiático que imputo, sem nenhum medo de errar, àquelas empresas para as quais encaminho esta – extensiva às demais, que sigam os mesmo ditames –, precisa ser imediatamente revisto. O terrorismo midiático estabelece as mesmas premissas do terrorismo ideológico, religioso etc., pois disputa território – neste caso, a ‘cabeça’ de frequentadores desta ou daquela mídia; incita uma divisão do país ou de grupos sociais, do mesmo, como pode ser comprovado pela postura da mídia, principalmente no período eleitoral deste ano. Por último, quer impor seus pensamentos como se fossem leis a serem seguidas. Pelo que foi exposto acima, é perfeitamente válido qualificar como tal as ações das mídias em questão.

A precariedade das Forças Armadas

Os senhores se pretendem livres, em suas opiniões, mas não o são; são escravos de ideologias arcaicas, do sistema; assim, logicamente, também não são libertários agindo, tal qual algumas religiões instituídas, que tentam, desesperadamente, apertar ‘cabrestos’ já bastante desgastados e afrouxados, felizmente.

É hora de repensar o que entendem por ética e imparcialidade, pois por tudo que sempre estamparam em seus meios de comunicação, desfavoráveis ao país, não consigo ver a menor demonstração de tais. Informar é importante desde que esse ato não venha travestido de especulações perigosas, com interesses contrários à ordem constitucional, social e política. Esse terrorismo midiático, que parágrafos acima comentamos, reveste-se, principalmente, de coberturas abusivas de determinados problemas do país, deixando de lado, quase por completo, todos os aspectos positivos – neste caso específico, decorrentes das ações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva –, nos quais está a esperança de melhores dias. Dentro deste parágrafo, cabe ainda dizer o quanto representaram afronta ao país e seu povo as ilustrações das capas da revista Veja de números 2181, 2182, 2183.

É curioso notar que, mesmo sem maiores coberturas de fatos relevantes e positivos do atual governo, mesmo assim, repito, o presidente Lula deixará o governo mantendo índice de aprovação beirando os 80%. Essa aprovação não se deve só aos beneficiários de programas sociais, tipo Bolsa Família, não é verdade?

A responsabilidade pela manutenção da atual situação favorável do Brasil recai também no setor midiático; é preciso analisar muito bem o que pensam fazer. Se aceitarem o clima de guerra, infelizmente definido no pobre e belicoso discurso do candidato tucano ao ‘reconhecer’ a vitória de Dilma Rousseff, os senhores terão que arcar, de forma absolutamente total, por qualquer situação adversa oriunda de suas livres opiniões e comentários, ao endossar atitudes pouco cívicas. Todo o cuidado é pouco; estamos defendendo um país imenso, com praticamente 200 milhões de habitantes, um país que está bem alicerçado economicamente e com previsão de melhoras, mas que necessita de todo um aparato interno para esclarecer a população, de forma bem simplificada, sobre quais são os riscos que rondam o país em função de suas riquezas, principalmente o pré-sal. É preciso informar à população brasileira, por exemplo, o dispêndio que o governo teve, tem e terá que fazer para recuperar o estado de precariedade extrema das Forças Armadas, em razão de políticas anteriores, que seguiam ao pé da letra as ordens do FMI, uma das quais incluía o sucateamento do setor de segurança do país. Esses gastos não podem se tornar fatos especulativos, da mídia; ao contrário, esta tem a obrigatoriedade de auxiliar a conscientização de grande parte da população brasileira que é questão prioritária equipar as Forças Armadas do país para evitar possíveis sobressaltos, em futuro não tão longínquo.

Traços marcantes de misoneísmo

Uma pequeníssima amostra dessa necessidade de aparelhamento das Forças Armadas pode ser observada nas ações contra o narcotráfico, no Rio de Janeiro, amplamente divulgadas.

Como penso bem à frente, espero que, por exemplo, a compra dos caças, que deverá acontecer em breve, não seja pautada com arbitrariedade pelos senhores, para que isto não venha servir de munição nas eleições de 2014. É prioritário que os comentários sejam pautados pelo estrito rigor da verdade que, neste caso específico, é a necessidade premente de se recuperarem as condições das Forças Armadas do país para sua própria segurança.

Meu apelo aos senhores da mídia, enfim, é por ética e imparcialidade! Meu apelo aos senhores da mídia é por responsabilidade por tudo que lhes cabe divulgar, inclusive as distorções quase ‘subliminares’ dos fatos, de que os senhores têm tanta prática em usar e abusar. Não creio que haja tanta impulsividade negativa assentada em seus ‘nichos’ de poder; ainda penso que certa lucidez deva caber nas cabeças ‘envelhecidas’ pelas distorções ideológicas às quais os senhores sempre ofereceram e oferecem pleno apoio – que lhes rendeu e rende benesses – desde os tempos ditatoriais. Por mais que os senhores queiram mostrar evolução de pensamento, o que os comanda ainda são fortes e marcantes traços de misoneísmo. A comprovação disso pode ser facilmente feita; basta ver como foi a atuação do setor midiático nas eleições deste ano para a Presidência da República.

Devaneios especulativos/ideológicos

Os senhores da mídia, muito melhor do que qualquer um de nós, brasileiros, devem saber como estão as coisas no mundo. Portanto, é obrigação dos senhores, que tanto prezam e defendem a ‘ética’ de seus meios de comunicação, constatar que, por motivos diversos, não é hora nem momento de alimentar e endossar atitudes litigiosas, inerentes a pessoas e/ou grupos que parecem adotar o lema de que se as coisas vão bem, se estão sob controle, vamos fazer de tudo para desestabilizar. Aliás, conceito este bem inerente ao que nasceu do famoso Consenso de Washington, lembram?

Antes de encerrar, gostaria de informar que não tenho partido político, assim como não professo nenhuma religião instituída; creio ser essa uma das verdadeiras liberdades que o humano comum pode usufruir para conformar seus pensamentos em acordo com o que pressupõe, mediante ampla análise, ser o melhor, neste caso específico para o país e a sociedade. Pode parecer utópico, mas não é!

Esta carta não tem outro objetivo senão pedir aos senhores ‘tão poderosos’ da mídia brasileira (?) que não afetem nem permitam que o Brasil possa sofrer qualquer dano por simples devaneios especulativos/ideológicos.

Acreditando, ainda, na possibilidade da ‘ressurreição’ da ética, da imparcialidade e da responsabilidade por parte dos senhores, encerro esperando, ao menos, que esta ‘Carta pelo Brasil’ seja lida.

Maria do Rocio Macedo Moraes

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Administradora de empresas, Curitiba, PR