Reproduzido do Jornal Pessoal nº 456, 1ª quinzena/janeiro 2010
O ritual de inserir agulhas no corpo de uma pessoa, que agora choca a opinião pública, é antigo. Certa vez, em 1970, fui a Lorena, no interior de São Paulo, como repórter do Diário de S. Paulo, atraído por história semelhante. Uma mulher dizia que as agulhas se materializavam no seu corpo quando ela entrava em transe. O intermediário para que esse fenômeno acontecesse era o marido. Enquanto a equipe da TV Tupi (que fazia parte da equipe ‘associada’) filmava uma entrevista com o cidadão, feliz por se tornar celebridade, arrastei a mulher ao hospital e pedi um exame de raios-x do corpo dela. O trabalho foi concluído quando o marido apareceu, desesperado, ao perceber a trama para afastar os dois, que sempre estavam juntos. Todas as agulhas estavam na superfície da pele. Era uma fraude, que denunciamos no jornal e na televisão.
O caso baiano é muito mais grave e complexo, porque a inserção é profunda e o objetivo parece mais letal. Misticismo e outros interesses costumam andar juntos. É preciso levar todos os fatores em consideração, sem nunca, porém, deixar de usar a razão como o elemento de prova.
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Jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)