Nunca vi, li ou escutei algum veículo de comunicação criticar a entrega das medalhas da Inconfidência, que acontece todo ano em Minas Gerais, no dia 21 de abril, na cidade de Ouro Preto, berço do movimento contra a Coroa liderado por Tiradentes.
É querer demais, esperar críticas da imprensa, especialmente a de Minas, sobre esse tradicional evento político. Ai de quem ousar. Vai direto para o desterro, condenado ao inferno dos desempregados. Aqui, o silêncio vale ouro, ou mesada às redações. Informação dissonante, contrária, só em blogs independentes, de jornalistas fora do jogo, que não se sujeitam às cartas marcadas, às notícias chapa-branca.
Tem outros recursos para viver.
Neste ano de eleições, 250 pessoas foram agraciadas com a Medalha da Inconfidência. Criada em 1952 pelo então presidente Juscelino Kubitscheck, o objetivo seria homenagear personalidades que reconhecidamente tivessem contribuído com ações para o desenvolvimento cultural, econômico e social do estado e do Brasil.
Moeda de troca
Poucos fazem jus à medalha por esse motivo.
O que será que fizeram de especial para Minas as governadoras do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria, e do Pará, Ana Júlia Carepa, e o ministro Franklin Martins, para receber esta comenda? E o cineasta José Padilha, diretor do filme Tropa de Elite? Pelo que me consta, o seu maior mérito é ter feito um bom filme, que teve uma ótima bilheteria, nada mais.
Outras centenas de autoridades civis e religiosas, políticos de outros estados e artistas de visibilidade global também receberam a mais alta condecoração oferecida pelo governo do estado de Minas Gerais. E não se tem notícia de que tenham feito alguma coisa útil para o estado. Se alguns fizeram algo, não foi simplesmente de graça, apenas pelas lindas montanhas ou pelas delícias da comida mineira.
Como diz o homem da roça: ‘Com certeza, tem muito torresmo debaixo desse angu todo.’
Medalha que virou moeda de troca em negócios políticos.
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Jornalista, Belo Horizonte, MG