As relações que se estabelecem no espaço estão constantemente se modificando. O espaço está cada vez mais se homogeneizando, porém as identidades se configuram de forma tão precisa que se identifica um multiculturalismo que rompe a ideia de universalidade e/ou cultura global. Ou seja, mesmo com o intenso número de influências sócio-espaciais ainda resistimos às nossas raízes. E é isto que se torna a complexidade cultural da nossa época.
As práticas que modelam nosso espaço ou que são desenvolvidas no sentido de utilizá-lo misturam estreitamente o ato, a representação e o dizer. Somos aquilo que ouvimos, sentimos e sonhamos. Nosso ambiente material e o círculo social, via constante bombardeamento de informações, nos influenciam e nos transforma em ‘coisa’, objetos pensantes. É nesta sociedade da informação que se traduz um número cada vez maior de culturas de massa, ou massificação da cultura.
No processo cultural de uma sociedade existem condicionantes favoráveis às práticas e normas adotáveis. As representações de uma comunidade ainda encontram lugar neste espaço modificado pela técnica. Porém, os modelos culturais se espacializam, massificam-se de modo tão violento que gera uma perca de identidade. Mesmo assim, ainda encontramos no Nordeste, por exemplo, os festivos culturais que reúnem os antigos imigrantes. A comida típica de milho, os festejos juninos, assim como a união no anseio familiar resistem às modificações do tempo, é o que chamamos de marco de representação local.
Crise de identidade
Nas cidades grandes, como as metrópoles e megalópoles, o simbolismo que antes marcava um povo foi substituído pelos espaços de ilusão (utilizamos este termo para aludir a shoppings, internets, enfim, lugares de fantasias que não imprimem nenhuma forma de representatividade). As territorialidades antes estabelecidas pelo lugar de origem foram substituídas pelos espaços artificiais.
No entanto, existem variantes, concomitantemente, no que tece a base dos princípios sociais de um povo: ainda se percebe o sentimento identitário por parte daqueles que deixaram sua terra por um motivo ou outro. E essa identidade aparece como uma construção cultural. Ela responde a uma necessidade existencial profunda, a de responder à questão: quem sou eu? É esta busca de um ‘eu’ que gera, na atualidade, uma crise de identidade – as culturas já não são mais reconhecidas por um grupo, mas por uma massa, quase sempre virtual.
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Geógrafo e bacharelando em Comunicação Social, Gurinhém, PB