A quem cabe discutir uma discutível campanha publicitária? E a quem cabe defender o patrimônio e a imagem de um banco público como o Banco do Brasil?
Nos dois casos, a resposta é: a imprensa. Mas como é que a imprensa pode discutir uma campanha que ela própria vai veicular sem colocar em risco o seu faturamento como empresa?
Pois é: como a imprensa demorou em perceber o desperdício de dinheiro representado pela nova e milionária campanha de anúncios do Banco do Brasil, quem saiu em defesa da instituição foram os seus funcionários, os bancários. Eles não gostaram da idéia de trocar o nome na fachada de trezentas agências em dez estados brasileiros. No lugar da marca tradicional, as agências seriam rebatizadas de Banco do João, Banco da Maria, Banco do Raimundo, Banco da Ana – com o mesmo desenho e cores do original. Mais tarde, evidentemente, os painéis das fachadas serão novamente trocados.
Os bancários condenam o custo da brincadeira publicitária e não concordam com o desrespeito a uma marca que em 2008 completará duzentos anos de existência. Aliás, o pretexto para a campanha é justamente iniciar as comemorações para o ducentésimo aniversário do banco.
A imprensa pode até defender a validade comercial e mercadológica da campanha, mas não pode ser a última a divulgar as discordâncias que está gerando. Fica parecendo que a imprensa não tem coragem para enfrentar os anunciantes. E, convenhamos: às vezes não tem mesmo.