Nas últimas semanas da campanha presidencial russa, as redes de TV têm apresentado uma cobertura acrítica e freqüentemente tendenciosa do candidato Dmitry Medvedev, apoiado pelo atual presidente, Vladimir Putin. Nos blogs, no entanto, a situação é diferente. Os comentários postados pelos internautas são freqüentemente satíricos e nunca bloqueados – o que contrasta com a autocensura da mídia tradicional da Rússia.
As histórias e críticas a Medvedev pipocam sem grandes problemas na rede. Um blogueiro com o apelido ‘lekka_reka’ contou em um fórum online que uma senhora lhe perguntou na rua se Medvedev já havia sido nomeado presidente ou se a população ainda poderia escolher em quem votar. O internauta ‘niagara1977’ afirmou que ler um obituário seria mais interessante que ouvir Putin discursar.
Controle
Durante os oito anos da atual administração, o Kremlin ampliou seu controle sobre a imprensa russa, em parte através da aquisição de emissoras e diários nacionais por empresas controladas pelo Estado ou por bilionários leais ao governo. Atualmente, o único meio em que é possível expressar opiniões é a internet, ainda fora do controle governamental.
A festa, entretanto, pode durar pouco. O Parlamento já considera a aprovação de uma lei que torne sítios com mais de mil page views ao dia sujeitos à mesma regulamentação da mídia impressa. Especula-se que o Kremlin tenha equipes de blogueiros para contra-atacar as críticas ao governo na rede. Porém, na opinião de Stanislav Belkovsky, analista da ONG Instituto de Estratégia Nacional Russa, os blogueiros pró-Kremlin têm pouca influência. ‘Ninguém está interessado em algo que se pode ler nos jornais’, afirmou.
Tecnologia incipiente
Ainda que haja esta liberdade na internet russa, os blogs políticos não são tão populares ou influentes como nos EUA. Isto ocorre porque o acesso à rede no país ainda é limitado, com um sistema telefônico antiquado e conexões lentas. Ter um computador pessoal é um luxo para poucos. A comunicação em todo o país – que tem 11 fusos horários – sempre foi difícil e os líderes contam com a televisão para atingir o público mais distante. Informações de Mike Excel [AP, 20/2/08].