Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brasil e Irã na imprensa tupiniquim

A matéria publicada no New York Times sobre a visita do presidente do Irã ao Brasil repercutiu bastante na mídia nacional [ver aqui].

Curiosamente, os jornalistas brasileiros não notaram que os gringos devem estar morrendo de inveja do Brasil. Eles fizeram tantas burradas no Irã (derrubaram Moussadegh, sustentaram a ditadura do Xá Reza Palehvi e apoiaram o Iraque de Saddam na guerra contra a revolução islâmica de Khomeini) que não conseguem mais comerciar com aquele país. Nós, entretanto, estamos em condições de abocanhar uma parcela significativa da renda decorrente da venda do petróleo iraniano; os americanos, não. Isto é, na verdade, o motivo da querela do NYT.

De qualquer maneira, é preciso repetir sempre e sempre. Quem faz a política externa do Brasil é o Itamaraty, e não a CIA, o NYT ou o Departamento de Estado dos EUA.

A imprensa nacional também fez um imenso alarido por causa de uma reportagem publicada no jornal El País, segundo a qual a visita do presidente do Irã enfraquece Lula [ver aqui].

Os jornalistas de El País e seus colegas brasileiros não perceberam o que é realmente essencial. O Irã é o maior fornecedor de petróleo da China e a China é um excelente parceiro comercial do Brasil. Enquanto a economia dos EUA afunda, a chinesa cresce rapidamente. Em menos de 10 anos, a China ocupará o lugar do combalido império do mal norte-americano. Uma aproximação entre Brasil e Irã é, na verdade, uma forma de demonstrar que o Brasil está comprometido com a segurança energética da China. O Itamaraty cuida melhor dos interesses futuros do Brasil do que sonham os vãos filósofos da imprensa tupiniquim.

******

Advogado, Osasco, SP