A visita do presidente francês Nicolas Sarkozy ao Brasil atraiu a atenção da imprensa brasileira na segunda-feira (22/12), fato constatado a partir da intensa cobertura das redes de TV, sites de notícias e jornais impressos. Mas, ao que tudo indica, a visita do chefe de Estado foi ‘ofuscada’ pela presença de sua primeira-dama, a ex-modelo e cantora italiana Carla Bruni.
Quem acompanhou a cobertura da chamada ‘grande mídia’ não pôde deixar de notar como Bruni ficou lado a lado com o assunto que realmente importava: a cúpula entre União Européia e Brasil para tratar de temas como a presença brasileira no Conselho de Segurança da ONU e a redução de emissões de gases poluentes. Nem mesmo a polêmica declaração de Sarkozy sobre a uma suposta ‘universalização’ da Amazônia foi de grande interesse.
Mas a indiscutível beleza de Carla Bruni, o seu figurino e acessórios usados por ela na agenda oficial foram a pauta do dia. Para se ter idéia de como o tema foi evidenciado, basta observar o exemplo do G1, site de notícias da Globo. Poucos centímetros abaixo da manchete, duas chamadas – precedidas de seus respectivos ‘chapéus’ – dividiram a mesma importância ‘editorial’: ‘Reunião com Sarkozy – Desmatamento vai cair 80% até 2020, diz Lula’ e ‘Bolsa `chiquérrima´ – Estilista aprova ousadia de Bruni’.
Mesmice prevaleceu
Minutos depois, outra chamada-suíte do G1 sobre a grande seqüência de acontecimentos: ‘Sarkozy e Bruni assistem a show no Rio’. Esta matéria, que, reza a lenda, tinha o objetivo de trazer os detalhes do lançamento do Ano da França no Brasil, deixou clara a falta de assunto ligada ao tema principal da visita. Depois de descrever a triunfal chegada do casal ao Museu de Arte Moderna, no Rio, o texto prossegue com trecho insuperável:
‘Com um vestido sem mangas, lilás, sandálias de salto baixo, cabelos soltos e pouca maquiagem, Carla Bruni passou todo o espetáculo abraçada ao marido, fazendo carinho em seu rosto e falando ao seu ouvido. A primeira-dama francesa também passou o evento bebendo direto de uma lata de refrigerante dietético que guardava sob a cadeira.’
Outros veículos de comunicação não deixaram por menos, mas citar todos e suas respectivas ‘coberturas’ seria enfadonho, já que a mesmice prevaleceu. De qualquer forma, a pergunta que fica a todos eles é: e o Ano da França no Brasil? E a cúpula?
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Estudante do 7º período de Jornalismo, Manaus, AM