O cartunista Renald Luzier, quem fez a primeira capa do jornal satírico “Charlie Hebdo” após os atentados de 7 de janeiro, afirmou nesta terça-feira que deixará a publicação em setembro. Luzier, conhecido como Luz, disse ao diário francês “Liberation” que o trabalho ficou “insuportável” após a morte de seus colegas. Doze pessoas foram mortas quando extremistas islâmicos atacaram a sede do jornal em Paris, num caso que chocou o mundo.
– Cada edição é uma tortura porque os outros já se foram – relatou o cartunista.
Luz, que começou a trabalhar na publicação em 1992, disse que sua demissão foi uma escolha pessoal.
– Passar as noites sem dormir evocando os mortos, imaginando o que Charb, Cabu, Honore e Tignous teriam feito é exaustivo – acrescentou.
Depois do ataque, a equipe sobrevivente do jornal produziu uma capa intitulada “Tudo está perdoado”, acompanhada de um cartum de Maomé, assinado por Luz, segurando uma placa “Eu sou Charlie”. A frase virou o lema das manifestações que seguiram o atentado contra a violência extremista. Desenhos satíricos de Maomé são considerados ofensivos pela maioria dos muçulmanos.
Luz, de 42 anos, só sobreviveu ao ataque porque acordou atrasado para o trabalho. Entre os 12 mortos está o diretor da publicação, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb. Também morreram os cartunistas Georges Wolinski, considerado uma lenda dos cartuns na França, e Cabu.
Durante o atentado, os atiradores citaram o nome “do profeta” (Maomé) e gritaram “Allaou Akbar” (”Deus é grande”).