A coluna deste domingo [7/10/7] da ombudsman Deborah Howell mostra que os leitores estão atentos não apenas ao conteúdo jornalístico, mas também aos anúncios estampados nas páginas dos diários. Após a polêmica com uma peça do grupo antiguerra MoveOn no New York Times, anúncios publicados no Washington Post também geraram controvérsia por motivos variados.
Um anúncio de página inteira sobre o seriado de TV Dexter, publicado na seção infantil, não agradou em nada a alguns pais, pois continha imagens violentas sobre o ‘serial killer favorito dos EUA’ – conforme diz o slogan do protagonista que persegue e mata criminosos.
Preocupação com as crianças
Katharine Weymouth, vice-presidente de publicidade do Post, não viu o anúncio do Dexter antes da publicação. Se o tivesse feito, ela garante que teria mudado a peça de lugar. O editor-executivo, Leonard Downie Jr, tomou conhecimento da imagem – o personagem ensangüentado com um sorriso no rosto – no final do dia e alertou o publisher Bo Jones, que alegou ser tarde demais para removê-lo. Este não foi o primeiro anúncio polêmico publicado na seção infantil. Em abril, uma propaganda de cosmético mostrava uma mulher nua. Anúncios com conteúdo sexual costumam ser alvo de reclamações, ainda mais quando aparecem em páginas destinadas às crianças.
Jornalismo e publicidade
A redação do jornal – e alguns leitores – sentiram-se incomodados com dois anúncios da General Motors, que mesclaram notícias reais com conteúdo publicitário. A campanha foi feita em conjunto por executivos da GM e do setor de publicidade do jornal. Em cima das peças, lia-se a mensagem: ‘todos os artigos desta seção foram publicados originalmente no Washington Post e são usados com a permissão do jornal’. Para Deborah, o que é bom para a GM não é necessariamente bom para a integridade do Post; a campanha, diz ela, ultrapassou o limite entre jornalismo e marketing.
Os anúncios representam 80% dos lucros do Post. Assim como em outros diários de grandes cidades americanas, os lucros publicitários da versão impressa vêm caindo nos últimos anos, mas isto não significa que os jornais devam aceitar qualquer tipo de publicidade, defende a ombudsman. Segundo Katharine, as normas do Post dizem que anúncios devem ser aceitos desde que ‘os serviços ou produtos não sejam ilegais ou não ofendam nossa sensibilidade como um jornal familiar’. Deborah acrescenta dois cuidados extras: analisar todo anúncio publicado na seção infantil e não fazer uso de matérias do Post em campanhas publicitárias.