Numa das chamadas do site Yahoo! Brasil de hoje [6/12] à tarde (13h31), que trata da desocupação militar do Haiti, o título e a imagem não correspondem ao conteúdo apresentado na notícia correspondente. Título da chamada: ‘População do Haiti expulsa forças de Paz’ Imagem: ‘População em protesto pela rua’. Título da notícia (após clique): ‘Militares da Missão de Paz no Haiti voltam ao Brasil’.
A notícia:
Os cerca de 850 militares do Exército que estavam em Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti começarão a voltar ao Brasil a partir de amanhã até 20 de dezembro. Os militares desembarcarão na Base Aérea do Recife e depois seguirão para seus estados de origem. Antes de manter contato com as famílias, os militares ficarão quatro dias em unidades do Exército, submetendo-se a exames médicos e psicológicos. O envio de forças militares internacionais ao Haiti foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU desde 2004 após a renúncia do presidente Jean Bertrand Aristide, que deixou o país em meio a uma rebelião. As informações são da Agência Brasil.’
O que houve? Retiraram a primeira notícia divulgada? Censuraram seu conteúdo? (Biólogo, Pirambu, SE)
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Ligando as pontas das notícias
A imprensa noticia todos os dias a degradação urbana das cidades brasileiras. Algumas vezes culpa os bandidos, outras a ineficiência estatal. Quando admite que o caos tem origem na péssima distribuição de renda, quase acerta na mosca. Ultimamente a imprensa tem focado os problemas da caixa-preta do Judiciário. Então ficamos sabendo que os desembargadores desonestos e os honestos ganham salários gordos e aposentadorias gratificantes e fazem parte de uma instituição em que toda urgência é sempre lenta-lentíssima.
A realidade na mídia é sempre fragmentada. Na rua é que ela demonstra toda sua coerência. O Supremo Tribunal Federal pode estar distante da população, mas esta semana sua presidenta conheceu a justiça das ruas. Quem sabe isto não ajude os senhores juízes a perceberem que não estão no Olimpo ou que podem ser arrancados dele à força. Um Estado que fomenta a barbárie ao cuidar apenas dos interesses da elite do funcionalismo (e dos empresários que superfaturam obras e serviços) não está em condições de distribuir justiça. As autoridades deste mesmo Estado não podem se dizer vítimas da barbárie que ajudam a estruturar. Quando o medo da violência se transforma em ódio violento, nem a imprensa é capaz de perceber o inevitável. Caso não seja feita pelas autoridades, a reforma será feita nas ruas (onde os bandidos são menos perigosos que seus colegas de Brasília). (Fabio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)
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Divulgação cultural da Osesp
Transcrevo e compartilho com vocês a mensagem que enviei ao ombudsman da Folha:
Prezado Sr. Marcelo Beraba,
Assinante e leitora há tempos, também admiradora da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, venho expor minha dúvida e decepção. A orquestra esteve em sua última turnê pelos Estados Unidos, onde a mídia americana publicou sete críticas de extrema importância e reconhecimento da excelência do trabalho e resultado, endossados por diferentes renomados especialistas. A Folha publicou algumas pequenas notas sobre idas e vindas e, por vezes, ocorrências de forma superficial que, ao meu ver, conferiram um caráter de ‘revista de fofoca’; pelo que sei não é a prioridade no estilo de comunicação com o seu leitor, mas sim a qualidade de informação a que a Folha se propõe.
Insisto portanto: por que um veículo com a qualidade da Folha que certamente se comunica com a mídia internacional não divulgou mais matérias e críticas enaltecendo a cultura brasileira e o que estamos fazendo de certo com grande esforço, pois sabemos das dificuldades disso em nosso país? Por que um espaço precioso não é utilizado para informar os leitores ávidos por informação cultural e contribuir para a formação daqueles predispostos a conhecerem o que não se encontra em noventa e tantos por cento dos veículos no Brasil? Agradeço a atenção e se possível reflexão a respeito. (Ana Cecília Ulhôa Cintra Ferreira, gerente de marketing, São Paulo)
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Piauí abraça clichê espúrio
A revista Piauí acaba de sucumbir ao clichê canalha de associar a dramática situação do Oriente Médio ao nazismo. Na última página da edição de dezembro 2006, a matéria anônima ‘O castigo desabou do céu’ (‘A palestina Maysa, de 3 anos, é assassinada num bombardeio em Gaza, e a castanheira de Anne Frank é condenada à morte em Amsterdã’) faz esta leitura enviesada.
Sob roupagens pretensamente ‘literárias’, o texto associa ‘sutilmente’ a terrível e injustificável morte de uma criança palestina à conhecida história da jovem judia Anne Frank morta pelos nazistas, abonando a sórdida e injustificável identificação de atos de Israel com a Alemanha nazista.
O texto todo é dedicado ao relato do contexto da morte de Maysa, em junho deste ano, três dias após o seqüestro do soldado israelense Gilad Shalit, que motivou a violenta reação israelense, para, aparentemente ‘mudando de assunto’, concluir num último bloco em que se noticia a morte da castanheira de Anne Frank, que, na interpretação anônima do texto, teria sido objeto de maiores cuidados do que a menina palestina. (Alfredo Schechtman, médico, Brasília, DF)