Redes sociais, internet, propaganda interativa… Os recursos que garantem o sucesso das mídias digitais estão em pauta em todos os veículos de comunicação. Até aqui, o mercado navegou por múltiplas tecnologias, formatos e filosofias de trabalho, como a supremacia do design sobre o conteúdo, por exemplo. Por muito tempo, a máxima ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’ roubou a cena entre os profissionais de marketing.
Nesse cenário, a figura do jornalista foi considerada a mais arcaica da comunicação social: ‘parou no tempo’, insistiu nas matérias mais completas, nas grandes reportagens. Em outras palavras, tentou continuar cumprindo o papel que lhe cabia: informar com foco no interesse público. Tentar dizer a leitores, telespectadores e ouvintes o que eles realmente queriam e precisavam saber.
Claro, podemos dizer que comunicação também é negócio e nem todos os profissionais são assim. Mas quem é jornalista conhece a luta diária para que essa missão seja cumprida diante dos prazos apertados e da pouca disponibilidade de recursos. São limitações que muitas vezes prejudicam não só a qualidade do produto final, mas também desestabilizam o ideal de vida que nos levou à escolha da profissão. Fizemos essa opção mesmo sabendo das condições adversas. E continuamos tentando cumprir o nosso papel, todos os dias.
Beleza atrai, conteúdo convence
Para quem não desiste, como eu, aí vai uma boa notícia: Não somos mais ‘os incompreendidos’. Nosso foco de trabalho ganhou outro nome e ocupou o centro das atenções. Hoje, a ‘informação de interesse público’ é chamada de ‘conteúdo relevante’. Para o novo marketing, isso significa trabalhar sobre quatro pilares que garantem o retorno de audiência: engajamento, entretenimento, conhecimento e prestação de serviço.
Alguma novidade? Esses quatro pilares sempre estiveram na nossa listinha de critérios de noticiabilidade, aquela análise subjetiva do que vale a pena entrar no jornal ou não. Alguns aprenderam esses critérios na faculdade, outros simplesmente os tinham arraigados na natureza de ser jornalista. Como o Google não indexa pixels ou bytes, mas sim, palavras, nosso espaço está garantido no futuro da web.
A má notícia é que muitas agências digitais nasceram levantando a bandeira da modernidade, mas ainda são resistentes a esse cenário. A máxima agora mudou: beleza atrai, conteúdo convence. O consumidor da era digital é diferente e o chamado e-branding não pode ser focado na auto-promoção. De nada adianta marcar presença em blogs, sites, redes sociais e dispositivos móveis transmitindo uma avalanche de informações institucionais e incoerentes. Se elas não estiverem de acordo com aqueles quatro pilares – relembrando: engajamento, entretenimento, conhecimento e prestação de serviço –, a estratégia de divulgação pode até ganhar fôlego, mas não se sustentará por muito tempo. Quem continuar ‘desprofissionalizando’ seu conteúdo vai ficar pra trás.
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Jornalista, Bauru, SP