Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 23 de julho de 2009
PÓS-MENSALÃO
Novo código de ética do PT condena vazamentos à mídia
‘Divulgado ontem em seu site oficial, o código de ética do PT proíbe a divulgação de fatos relativos a investigações contra seus filiados e considera ‘infração ética grave’ o vazamento de informações à mídia sem identificação da fonte.
Se estivesse em vigor na época do mensalão, a ‘mordaça’ petista impediria a divulgação de investigações contra o ex-tesoureiro Delúbio Soares, por exemplo. Ironicamente, foi o próprio episódio que serviu de inspiração para a criação do código, prometido há dois anos.
Em 73 artigos, o texto obriga a divulgação periódica na internet da lista de empresas que fazem doações ao partido. Não especifica, porém, sobre que intervalo. Fica proibido ainda arrecadar recursos para outros partidos, outra prática do mensalão.
O PT decidiu deixar claro o que deveria ser uma obviedade. ‘É vedada a arrecadação de recursos de qualquer natureza sem a respectiva e obrigatória contabilização do arrecadado, sob pena de configuração de infração ética de natureza grave’.
Várias exigências já haviam sido antecipadas pela Folha em janeiro, a partir de uma versão preliminar. Continua a obrigatoriedade de candidatos e postulantes a cargos de confiança apresentarem ao partido declaração de bens antes de assumirem a função. Petistas sob investigação interna ainda terão de abrir mão de seu sigilo pessoal.’
PALAVRAS
Carlos Heitor Cony
Alhures, a desoras
‘RIO DE JANEIRO – Outro dia, usei em crônica meio atrapalhada a palavra ‘alhures’. Juro perante Deus que nos há de julgar que foi a primeira vez em muitos anos de crônica e só não foi a última porque a estou usando outra vez neste texto em que dou uma explicação que não me foi pedida.
Tive um amigo que quis processar Jacqueline Kennedy quando ela se casou com o milionário grego Onassis. Escreveu um livro sobre o assunto e me pediu que o encaminhasse ao editor Ênio Silveira, da antiga Civilização Brasileira. E ameaçou: ‘Se ele não quiser publicar o meu livro, eu o publicarei alhures!’
No momento, eu fiz um exame de consciência (coisa rara em mim) para saber se havia alguma editora com esse nome: ‘Alhures’. Telefonei para o Sindicato dos Editores e Livreiros, lá o Alfredo Machado, que era o presidente, disse que não, era um nome muito complicado para qualquer editora.
Só então desconfiei do verdadeiro significado da palavra. Este emocionante lance de minha biografia teve replay mais tarde, quando colaborava com JK na redação de suas memórias. Ele narrava para mim um episódio de sua vida, chegara em casa cansado e a desoras. Eu entendi dez horas e foi assim que coloquei no texto final.
Fiel à sua autobiografia, JK me corrigiu, dizendo que naquela noite chegara em casa às 4h da madrugada, daí que perderia um compromisso para aquela manhã. Eu reclamei, alegando que ouvira ele dizer ‘dez horas’, mas só então percebi que ele queria dizer ‘desoras’ -acho que qualquer hora depois da meia-noite. Não disse nada, apenas corrigi o texto, como me competia.
De maneira que alhures e desoras (e algumas outras palavras que evitarei citar) entraram no meu modesto vocabulário por caminhos que não dignificam a minha escolaridade.’
POLÍTICA CULTURAL
Acesso cultural e promoção da igualdade
‘O PRESIDENTE Lula envia hoje ao Congresso o projeto de lei que institui o Vale Cultura, para marcar um dos valores mais representativos da politica pública adotada pelo Ministério da Cultura em seu governo: garantir a todos os brasileiros o acesso a bens culturais como um direito e uma necessidade básica.
Esse abismo entre quem faz e quem consegue ver, ouvir e ler reproduz a humilhante separação na sociedade entre os que ampliam suas possibilidades de crescer e entre os que têm abortado o mais elementar direito pleno de ser humano: a capacidade de pensar livremente e se expressar de maneira crítica. Esse processo só ocorre quando há acesso a informações tanto técnicas quanto estéticas.
O Vale Cultura surge como a ferramenta mais extraordinária desse elo fundamental entre educação e cultura. Conjugam-se os valores do saber com os sabores do prazer. Entretenimento e arte com o processo cultural e a consciência crítica.
A criatividade do artista brasileiro é inesgotável, mas nossa rica diversidade cultural e o consumo da produção cultural do país esbarram na exclusão sociocultural. Apenas 13% dos brasileiros vão ao cinema uma vez por ano; 92% nunca visitaram um museu; só 17% compram livros; 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança; mais de 75% dos municípios não têm centros culturais, museus, teatros, cinemas ou espaço cultural multiuso.
Como mudar esses números senão com uma política cultural que tenha no acesso uma meta fundamental?
A urgente distribuição de renda ganha densidade quando se estimula a liberdade de expressão -melhores equipamentos culturais dispostos em espaços acessíveis, programas continuados de oficinas e circuitos de troca para formação e informação, maior possibilidade de vivência estética e construção de memória.
Essas são dimensões vitais da cultura, e cabe ao Estado apoiá-las sem se esquivar ou tentar cooptar -duas opções que marcaram a relação entre cultura e Estado no passado.
No governo Lula, o princípio é tratar a cultura como um patrimônio produzido por uma sociedade diversa e dinâmica, e ainda desigual: trata-se de considerar a política cultural brasileira como parte fundamental da realização de um país justo e republicano e, nesse sentido, disponibilizar recursos com critério, transparência e metas controladas pela sociedade.
O Vale Cultura é um passo significativo para garantir a incorporação da cultura na vida e na família dos trabalhadores do nosso país. Com o novo incentivo, empresas e centrais podem incorporar em suas negociações essa melhoria concreta na qualidade de vida do trabalhador, o acesso à cultura. A meta é atingir na primeira fase do programa mais de 12 milhões de trabalhadores das empresas incentivadas pelo projeto de lei.
Os R$ 50 mensais para gastar na compra de entradas de cinema, teatro, museu e shows ou na aquisição de livros, CDs e outros bens culturais podem começar a fazer a diferença na formação de cidadãos que passam a ler mais livros e jornais, bem como usufruir de um repertório indispensável para a formação plena de um cidadão do século 21.
O governo vai conceder renúncia fiscal de parcela desse valor, o empregador vai arcar com outra, e o trabalhador, com uma pequena parte, variável de acordo com a faixa salarial.
A medida tem o potencial de injetar diretamente R$ 600 milhões por mês, ou seja, R$ 7,2 bilhões anuais, na economia da cultura -quase sete vezes os recursos atuais da Lei Rouanet.
O que significa compreender finalmente a economia criativa como um setor estratégico do país, no momento em que almejamos nova posição global numa sociedade mais justa e a cada dia mais baseada no conhecimento e na cultura das sociedades.
É no sentido de aumentar as plateias que consomem arte que o Vale Cultura torna-se também um incentivo a artistas e produtores culturais.
Ampliar a capacidade de investimento, tanto público quanto privado, e sobretudo corrigir distorções verificadas ao longo dos 18 anos de vigência da Lei Rouanet são partes de um ciclo de renovação do Estado brasileiro e de sua relação com a cultura.
Esse passo necessita de pacto amplo entre empresas, instituições e sociedade para que o vale seja para valer. Para que o vale revele o valor de quem cria e permita crescer quem vale muito mais do que um número na plateia. Um vale para valer nossa determinação de trabalhar a cultura como necessidade básica: nutriz de espírito e matriz de corpo. Sem prazo de validade, pois a sociedade brasileira saberá consolidar esse avanço e exigir muito, muito mais de uma nação realmente republicana.
JUCA FERREIRA , 60, sociólogo, é o ministro de Estado da Cultura.’
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Justiça, mídia e ficção
‘A LIBERDADE de expressão artística é valor constitucional irrefragável. Não se concebe a ideia mesma de Estado democrático de Direito sem que se assegure aos artistas em geral o direito de obviar, debater, criticar, censurar ou mesmo escarnecer. Mas haverá limites?
Essa é uma indagação secular, talvez atemporal: era atual nos tempos de Gregório de Matos, crítico atroz da Igreja Católica e dos desgovernos da ‘cidade da Bahia’ no século 17, e continua atual em tempos de José Simão, quando a sátira recai sobre os dotes da bela estrela de novelas.
Decerto que há limites. Nem sempre bosquejados com a precisão que se desejaria, mas há limites.
No plano individual, vamos encontrá-los na integridade do chamado ‘conteúdo essencial’ (os alemães diriam ‘Wesensgehalt’) de direitos fundamentais como a honra, a imagem ou a intimidade. Isto é, a liberdade de expressão ou de informação não pode ser exercida em níveis tais que recuse à pessoa o fiapo de honra ou de privacidade sem o qual ninguém -rico ou pobre, anônimo ou famoso- poderia (con)viver dignamente.
No plano coletivo, vamos encontrar os limites nas boas práticas de comunicação social. É o ponto que me interessa ferir.
A crítica social é sempre bem-vinda e cumpre importante papel na conscientização dos povos. Imbuídos dessa saudável convicção, não é de hoje que os autores de folhetins inserem em seus roteiros personagens, cenas e contextos que concitam a uma conduta socialmente positiva ou politicamente correta. Podem fazê-lo diretamente (incorporando a ação valiosa ao leque de atitudes do galã) ou indiretamente (estabelecendo um vínculo de identidade entre a ação desvalida e certa personagem, que adiante será escarnecida ou malfadada).
Quando, porém, essa última estratégia não se basta na crítica pontual e faz generalização preconceituosa, a medida desproporcional transforma o remédio em veneno. Planta-se no imaginário popular uma falsa percepção de mundo, não raro com efeitos nocivos para a própria sociabilidade.
É o que ocorre, hoje em dia, com algumas novelas de grande audiência que resvalam na imagem do Judiciário e de algumas das chamadas funções essenciais à administração da Justiça (como a advocacia). E, de todas, a que mais agride é justamente a mais vista, em pleno horário nobre.
Ali, um personagem de caráter duvidoso -que as resenhas definem como ‘advogado trabalhista’ que ‘aposta sempre no jeitinho brasileiro’- convence trabalhadores da construção a se ferirem ou se automutilarem com a promessa de polpudas indenizações. Insinua-se até que o ‘esquema’ já teria exitosos precedentes. O que dizer dessa visão de mundo?
Não se nega que haja, entre advogados trabalhistas, maus profissionais que se prestem a semelhantes fraudes. Mas esses não são meros cafajestes bravateiros, como poderia sugerir a história. São criminosos. Não merecem o olhar de simpatia que a figura do ‘malandro’ geralmente inspira. E não são, em absoluto, a regra. Perfazem uma franca e execrável minoria.
Importa lembrar que o Brasil já ocupou por seguidos anos a pouca honrosa liderança do ranking mundial de acidentes de trabalho. Dados da OIT apontam que, em 2008, cerca de 6.000 pessoas morriam por dia no mundo em razão de acidentes e doenças ligadas a atividades laborais. É uma chaga mundial, que vitima especialmente as populações dos países em desenvolvimento.
Quando, porém, generaliza-se a imagem do engodo, transmite-se ao empresário, ao cidadão e até ao trabalhador moralmente débil a ideia de que não temos uma legião de mutilados, mas uma legião de espertalhões.
Esteriliza-se o sentimento de repúdio, convola-se em regra a exceção e transforma-se a vítima em algoz.
Em tais casos, se a liberdade de expressão artística é malconduzida e inspira cuidados, o que há de fazer?
Os mais exaltados acorreriam às barras dos tribunais para obstaculizar a sequência narrativa do folhetim.
A mim, contudo, parecem suficientes o esclarecimento e o protesto públicos pelo mesmo veículo da agressão: a mídia. Deixa-se livre o artista para refletir com os seus botões. Para isso, este artigo.
A liberdade literária, nos folhetins de TV ou em todas as demais manifestações dramatúrgicas, não pode servir de pretexto para desfigurar a realidade, desautorizando instituições legítimas e democráticas. Vale aqui, como lá, a advertência atribuída aos irmãos Goncourt: ‘No teatro das coisas humanas, o cartaz é quase sempre o contrário da peça’.
Pois bem: que o cartaz da livre expressão não oculte, nesses tempos confusos, um enredo de preconceito e desinformação.
GUILHERME GUIMARÃES FELICIANO , 36, juiz do trabalho, é vice-presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Amatra-XV) e professor da Faculdade de Direito da USP. Publicou, entre outras obras, ‘Direito à Prova e Dignidade Humana’.’
TODA MÍDIA
Adeus ao dólar?
‘Fim de tarde no Brasil e, no ‘Wall Street Journal’, ‘Real fecha mais forte’.
Abrindo o dia, o ‘Valor’ havia publicado, com eco por Dow Jones e outras agências, que o Banco Central vendeu US$ 24 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA e ‘deslocou uma montanha de recursos para os papéis americanos de prazo mais curto’, US$ 12 bi só em maio. Em resumo, o Brasil ‘nos últimos meses promoveu forte mudança na carteira das reservas’. O jornal pergunta se o BC já está ‘colocando em marcha uma estratégia de fuga do dólar’.
Dois dias antes, o ‘WSJ’ avisou que o país estava trocando o dólar por outros destinos.
À CHINA
A agência Reuters noticiou, da Ásia, que os embarques de minério de ferro do Brasil para a China saltaram para um volume ‘recorde’ neste mês de julho ‘enquanto caem os da Austrália’ -que suspendeu as vendas em resposta à prisão de executivos da australiana Rio Tinto por Pequim, em meio às negociações de preço.
‘U.S. IS BACK’
Destaque no site Drudge Report, a secretária de Estado, Hillary Clinton, chegou ontem à Tailândia proclamando que ‘os Estados Unidos estão de volta’.
Após fechar um acordo para o fornecimento de armas à Índia, ela declarou num ‘talk show’ tailandês que ‘o presidente Obama e eu estamos dando grande importância a esta região’, a Ásia.
‘SALVA PELOS BICS’
O canal financeiro CNBC entrevistou o presidente da Caterpillar, empresa que acaba de divulgar queda menor que a esperada no trimestre, erguendo Wall Street. Ele diz que ‘a maior parte da força veio dos emergentes’.
O site da ‘Time’ comentou que é ‘fascinante: a esperança no relatório se concentra toda’ em Brasil, Índia e China, ‘os Bics’, como chama.
CONTRA CHÁVEZ, O PRÉ-SAL
O conservador ‘Washington Times’ publicou longa reportagem dizendo que o Brasil pode ‘derrubar Hugo Chávez do trono do petróleo’ e que o governo Lula está ‘reformando a política de petróleo tendo os EUA como mercado potencial’. Lista 50 companhias estrangeiras ‘na fila para explorar Tupi e Iara’ e ouve a americana Exxon, que se diz ‘satisfeita por participar’.
Já o site Oil & Gas Journal destacou que o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, em visita a Moscou, disse que o país está interessado na tecnologia russa de plataformas e transporte de petróleo e gás.
INDISPENSÁVEL
Na temporada de elogios ao brasileiro nos EUA, a ‘Foreign Policy’ postou ontem ‘Como Lula transformou uma crise de Aids em oportunidade geopolítica’. O texto, de um professor da universidade Rutgers, relata que a política de combate à doença vem sendo mostrada pelo presidente ‘na estrada’ para se aproximar, por exemplo, dos países da África.
E ajudou a tornar o país ‘ator global indispensável’.
MAIS QUE OUTROS
No topo das buscas de notícias sobre o Brasil, ontem, o ministro do exterior de Israel pediu apoio para conter a ambição nuclear do Irã.
‘O Brasil, mais do que outros países, pode procurar convencer os iranianos a pararem seu programa e, claro, convencer os palestinos a iniciarem negociações diretas’, declarou ele, no destaque da agência AP, depois de longo encontro com Lula e o chanceler Celso Amorim.
JUROS E O MERCADO
Nas manchetes do ‘Jornal Nacional’, ‘O Banco Central corta em meio ponto a taxa de juros’.
Nos últimos dois dias, uma multidão no ‘mercado’ defendeu o término das reduções e falou em corte menor já nesta semana, de 0,25 ponto, quando não em alta na virada do ano. Foi o que fizeram Rosenberg Consultores, Santander e Tendências Consultoria no Valor Online; Tandem Global Partners, ING Bank NV e novamente Tendências Consultoria, na Bloomberg. Não faltou sequer um ataque aos juros mais baixos dos bancos federais, por Gradual CCTVM, na Bloomberg.
Depois do anúncio, o WestLB saiu proclamando que ‘a flexibilização acabou’, na Reuters.
Para registro, economistas como Ilan Goldfajn, do Itaú, Paulo Leme, do Goldman Sachs, e Paul Biszko, do RBC Capital Markets, respectivamente no Valor Online, na Bloomberg e no ‘Financial Times’, se mostraram bem mais otimistas sobre juros, inflação etc.
PELÉ AOS 68
Ontem na contracapa do ‘WSJ’, longo perfil de Pelé, que ‘pode ser o maior jogador de todos os tempos do esporte mais popular do planeta, mas ainda está tentando garantir uma renda aos 68 anos’.
O jornal sublinha que assinou contrato com a Nomis, ‘uma pouca conhecida fabricante suíça de chuteiras, num lance que pode ser um golaço -ou mais um exemplo de uma longa lista de negócios cujo histórico é tão irregular quanto seus gols foram sublimes’.’
ITÁLIA
‘Não sou santo’, diz Berlusconi sobre conversas com prostituta
‘Nas primeiras declarações públicas após a divulgação de diálogos com uma prostituta de luxo atribuídos a ele, o premiê da Itália, Silvio Berlusconi, disse ontem que não é santo, em um evento de inauguração de uma obra. O líder disse crer que ainda estará no cargo em 2013, quando termina seu mandato.
‘Eu não sou santo, e agora vocês já devem ter percebido isso’, disse um sorridente Berlusconi a uma plateia de políticos e empresários na região de Milão (norte). ‘E esperamos que aqueles que trabalham no [jornal] ‘La Reppublica’ também tenham se dado conta.’
O jornal é responsável pelas primeiras revelações sobre suposto envolvimento do premiê com prostitutas e com uma jovem de 18 anos e pertence ao mesmo grupo da ‘L’Espresso’, revista que publicou nesta semana os diálogos atribuídos a ele com Patrizia D’Addario, 42.
Ainda que não tenha admitido ser dele a voz nas gravações feitas por D’Addario de seu celular, os comentários de Berlusconi foram recebidos na Itália como uma mudança de atitude em relação à série de escândalos das últimas semanas.
Anteontem, uma pesquisa divulgada pelo ‘La Reppublica’ mostrou a confiança no premiê direitista abaixo dos 50% pela primeira vez desde que ele voltou ao cargo, em maio do ano passado. Embora pequena, a queda de quatro pontos percentuais-de 53% para 49%- foi atribuída aos escândalos..
Os diálogos revelados nesta semana estão em poder da Promotoria de Bari, que investiga o empresário Giampaolo Tarantini -que também aparece nas gravações- por aliciar prostitutas para festas do premiê.
Ontem, o fotógrafo que tirou as fotos, divulgadas recentemente, de uma festa com mulheres nuas na casa de Berlusconi na Sardenha disse que tem outras 5.000 delas escondidas.
Com agências internacionais’
TV PAGA
Lucro da Net cresce 361% no 2º trimestre
‘O lucro da empresa de TV por assinatura Net cresceu 361% no segundo trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2008 e ficou em R$ 130 milhões
Já a Claro, de celular, teve Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de R$ 730 milhões no segundo trimestre, alta de 12,3% na mesma comparação.’
TELEVISÃO
Globo incentiva anúncios a pessoas com mais de 60 anos
‘Público desprezado pela publicidade e pela programação das TVs, as pessoas com mais de 60 anos finalmente começam a despertar interesse.
Na última edição de seu ‘Bip’, boletim voltado para anunciantes e agências, a Globo lança um estímulo por mais anúncios para o que chama de ‘geração matures’ (maduros).
‘A geração matures é formada por pessoas com mais de 60 anos, conhecida como a idade de ouro. Esse público, que representa 10,5% da população brasileira, ou quase 20 milhões de pessoas, vem crescendo’, anuncia a publicação.
Em três páginas, o boletim lembra que a expectativa de vida do brasileiro passou de 69 anos em 1997 para 73 em 2007. Afirma que hoje 9,7 milhões dos domicílios do país têm ‘famílias intergeracionais’ (três gerações) e que, em 53% desses lares, os idosos representam mais da metade da renda.
O ‘Bip’ traz ainda um estudo feito pela Central Globo de Marketing cruzando dados do Ibope e do IBGE. Segundo o trabalho, a ‘geração matures’ consome 14 horas de TV por semana; 86% veem TV das 20h às 22h e 42% assistem a programas de auditório.
A Globo divide os ‘matures’ em quatro perfis (questionadores, modernos, conservadores e festeiros) e aponta alguns parâmetros de consumo: a maior parte dos ‘festeiros’ (23%) vive em São Paulo e 46% dos ‘modernos’ têm computador..
‘É um público que merece ser mais bem tratado. Temos um grande mercado para ser explorado’, disse à Folha Willy Haas, diretor-geral de comercialização da Globo.
CRISE?
v A operadora Net anunciou ontem que fechou o primeiro semestre com 3,48 milhões de assinantes de TV paga, 28% a mais do que em junho de 2008 -ou 771 mil novos clientes.
EMERGÊNCIA
Programa da Band que mostra atendimentos em prontos-socorros, ‘E24’ bateu anteontem seu recorde de audiência: 7,8 pontos de média, picos de 10 e terceiro lugar na Grande SP. Entre o público de 25 a 34 anos, foi líder durante 37 minutos.
REVISÃO
O Ministério da Justiça reclassificou ontem ‘Força-Tarefa’, da Globo. A série policial, que só deve voltar ao ar em abril, foi considerada imprópria para menores de 16 anos.
COINCIDÊNCIA 1
Como anunciavam as novelas da Globo, foram meras coincidências as citações a José Sarney anteontem em ‘Som & Fúria’. As cenas foram gravadas em outubro, antes, portanto, da atual crise vivida pelo presidente do Senado -e dono da afiliada da Globo no Maranhão.
COINCIDÊNCIA 3
Numa das cenas, Rodrigo Santoro falou a Dan Stulbach: ‘Todas as mudanças sofrem resistências porque os burocratas têm um interesse real no caos em que existem. Sarney disse isso’. Em outra, um figurante atribuiu uma frase a Sarney.
PROMOÇÃO?
O ex-’A Fazenda’ Theo Becker deverá ter um quadro no ‘Geraldo Brasil’.’
Audrey Furlaneto
‘No Limite’ volta com armas do ‘Big Brother’
‘Se ‘No Limite’ abriu caminho para os reality shows da TV brasileira, é no modelo do ‘Big Brother Brasil’, seu ‘filhote’, que vai buscar apelo junto à audiência. No lugar dos ‘portais’ com voto secreto da edição original, ‘No Limite’ terá agora paredão com votação popular.
‘Acho que o ‘BBB’, durante estes anos todos, deu um poder ao público que não poderíamos tirar’, explica J.B. Oliveira, o Boninho, diretor-geral do programa, que reestreia no próximo dia 30, na Globo.
Só o que não mudou desde a primeira edição, lançada em 2000 pela emissora, é o que Boninho chama de ‘clima inóspito, selvagem’. Os 20 participantes, com idades entre 25 e 45 anos, chegam nesta semana ao litoral do Ceará, onde ficarão 65 dias isolados.
A produção até tentou manter o tradicional segredo que paira em torno das ‘sedes’ dos realities, mas o endereço vazou. ‘Reavaliamos o caso, as consequências da mudança e preferimos arriscar em permanecer’, conta o diretor.
Exceto pelo clima, diz Boninho, trata-se de um formato inédito. Nas edições anteriores, os programas eram gravados e duravam cerca de 30 dias. Agora, a disputa será quase em tempo real, com duas eliminações por semana até a final, no dia 27 de setembro..
Às quintas-feiras e aos domingos, Zeca Camargo -que apresentou as outras edições do reality show- vai comandar as votações em programas de 45 minutos, após ‘A Grande Família’ e ‘Fantástico’. Nos outros dias, além de três flashes de um minuto na programação, a Globo exibirá um boletim de cinco minutos após o ‘Jornal da Globo’.
Bizarrices
Se o formato é novo, as provas mais bizarras, como aquela em que os confinados tinham de comer olho de cabra, somem em 2009? Boninho é vago: ‘Na China, come-se cachorro, escorpiões e outros bichos. Existem tribos na Amazônia que comem bunda de formiga’.
Para ele, ‘o que pode ser anormal para uns é normal para outros, mas o melhor desses ‘jogos’ é que ninguém é obrigado a fazer nada, muito menos bizarrices’.
No quesito trash, aliás, a Globo tem com quem brigar: o reality show rural da Record, ‘A Fazenda’, disputou audiência com programas globais, exibindo cenas em que um de seus participantes, por exemplo, dava beijos numa égua no curral cenográfico.
O diretor de ‘No Limite’, no entanto, não vincula essa concorrência à compra dos direitos de ‘Survivor’ (programa criado nos Estados Unidos, com versões produzidas em outros países, que inspira o reality brasileiro). ‘Era um caminho natural’, afirma Boninho.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 23 de julho de 2009
BOI BARRICA
Gravação da PF mostra Fernando como operador da família Sarney
‘As gravações feitas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Boi Barrica – com autorização judicial – revelam o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como operador atuante nos negócios e também na política. Um dos alvos preferidos dele, revelam os diálogos, é o setor elétrico – nos telefonemas, interlocutores como o diretor da Eletrobrás, Astrogildo Quental, e o assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) Antonio Carlos Lima, o Pipoca.
Responsável pelo dia a dia das empresas do clã Sarney no Maranhão, Fernando, avesso aos holofotes e único dos três filhos de Marly e José Sarney a não entrar oficialmente para o mundo da política, se mostra um eficiente articulador, sempre preocupado com dinheiro e com os interesses da família no setor público.
Apontado pela Polícia Federal como chefe de uma organização criminosa com tentáculos sobre órgãos do governo federal comandados por apadrinhados do pai, Fernando esbanja poder. Nas interceptações da Boi Barrica, é personagem de muitas conversas cifradas, pontuadas por suspeitas. Num diálogo gravado pela polícia em 26 de março de 2008, por exemplo, Fernando e o irmão deputado Zequinha Sarney (PV-MA) falam sobre uma transação pendente no Maranhão.
‘Aquele assunto, Fernando, lá do Maranhão, é 900 mil, não tem nada de 5 milhões, não’, diz Zequinha. ‘O negócio é quente.’
‘Então é tudo procedimento. Procede tudo, né?’, pergunta Fernando. O deputado responde: ‘Procede, mas não da maneira que tu falaste. Não era assim também não. Era nota fria.’
Com o irmão, a quem chama de Zecão, Fernando também falava frequentemente sobre pesquisas eleitorais e a cobertura política dos veículos da família, no Maranhão.
Os contatos de Fernando, que por dia costumava atender e efetuar uma média de 150 chamadas em seu celular, se concentram entre o Maranhão e Brasília. Há dezenas de ligações, por exemplo, para Astrogildo Quental – até hoje diretor financeiro da Eletrobrás, por indicação de Sarney.
Nas conversas com Astrogildo, seu colega de faculdade, Fernando fala pouco. No máximo, sobre indicações para postos na estatal. ‘Vou ver se eu consigo com o Lobão, em Brasília, semana que vem’, diz ele ao amigo, chamado de Astrinho, sobre um pleito do grupo no Ministério de Minas e Energia, comandado por Edison Lobão, outro indicado de Sarney. A dupla Fernando-Astrogildo prefere conversar pessoalmente. Há várias ligações para marcar reuniões.
Em outro diálogo a que o Estado teve acesso, Fernando é contatado pelo ex-senador Maguito Vilela, à época vice-presidente do Banco do Brasil. Também nesse caso, a conversa não se estende ao telefone. Maguito queria falar pessoalmente com Fernando. ‘Precisava falar com você na quarta-feira’, diz ele. ‘Tenho estado muito com seu pai’, observa Maguito, alçado ao cargo no Banco do Brasil pelo PMDB de Sarney.
‘CENTRAL’
Fernando funciona como uma central de solução de problemas de todo tipo. Costuma ser acionado com frequência pelos auxiliares de seu pai no Senado. Em outro diálogo interceptado pela PF, quem liga para ele é Aluísio Mendes Filho, ajudante de ordens de Sarney e hoje na Subsecretaria de Inteligência do governo do Maranhão. Aluísio passa o telefone para Fernando César Mesquita, outro assessor de Sarney no Senado.
‘O cara que é vice-presidente do Eike, o Paulo Monteiro, tá aí no Maranhão. Ele vai te procurar aí pra falar um negócio aí sobre esse problema da usina deles’, diz Mesquita. ‘Diga a ele pra me ligar’, responde Fernando. O Grupo EBX, de Eike Batista, estava às voltas, à época, com problemas na Justiça para instalação de uma usina termoelétrica nas imediações do Porto de Itaqui, no Maranhão.
Ao Estado, Mesquita disse que apenas intermediou o contato entre o representante da EBX e Fernando. ‘Eu conheço tanto o pessoal do Eike quanto o Fernando. Eles estão construindo uma termoelétrica no Maranhão e queriam um contato de relações públicas com o Fernando. Foi isso’, afirmou.
Fernando também aparece em conversas com Pipoca – assessor de Lobão cuja mulher é dona de empresa de fachada que recebeu parte do dinheiro repassado pela Petrobrás à Fundação José Sarney. Numa das conversas, Pipoca reclama de mal-entendido envolvendo ‘coisas’ que tinham conversado sobre a Eletrobrás. Fernando o consola. ‘Eu luto pra te botar no melhor dos mundos, Pipoca.’
Nos diálogos, Fernando trata com igual desenvoltura e dedicação desde assuntos de negócios e nomeações no serviço público até assuntos mais comezinhos. Num dos diálogos, ele e um assessor de Sarney tratam de convites para a filha, Ana Clara, assistir à ‘missa do papa’.
Procurado, o empresário não atendeu às ligações ontem. Em nota, seu advogado, Eduardo Ferrão, reagiu à divulgação, pelo Estado, das gravações feitas pela PF. A nota diz que as conversas são ‘estritamente privadas, sem qualquer conotação de ilicitudes’. As conversas revelaram a mobilização da família para empregar no Senado o namorado de uma neta de Sarney. A nomeação saiu via ato secreto. O próprio Sarney foi gravado pela PF. Os diálogos revelaram sua relação com o ex-diretor do Senado Agaciel Maia nos favores a parentes e agregados, algo que o senador vinha negando. ‘Trata-se da divulgação mutilada de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares’, escreveu o advogado de Fernando. O Estado publicou as gravações na íntegra, sem nenhuma alteração.’
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Advogado contesta publicação de diálogos do clã
‘Em nome da família Sarney, o advogado Eduardo Antônio Lucho Ferrão divulgou ontem nota na qual ataca a veiculação das conversas. Eis a íntegra:
‘Ante a divulgação de gravações de conversas estritamente privadas, sem qualquer conotação de ilicitudes, entre o sr. Fernando Sarney, seus filhos e seu pai, cumpre esclarecer:
a) O inquérito, do qual foram retirados os diálogos divulgados pela imprensa, tramita sob segredo de Justiça por força de lei, cuja inobservância, esta sim, constitui conduta criminosa;
b) Sua propagação por meio da internet e outros órgãos de imprensa constitui flagrante e inaceitável atentado a garantias estampadas na Constituição Federal;
c) No caso, trata-se da divulgação mutilada de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares, as quais não revelam a prática de qualquer ato ilícito;
d) Diante da lamentável quebra da privacidade a que todo o cidadão faz jus, todas as medidas legais para a preservação dos direitos do sr.. Fernando Sarney e responsabilização dos infratores da lei serão tomadas oportunamente.
e) A defesa dos ofendidos reitera, por fim, sua confiança na serenidade e discernimento das instituições do País em relação à matéria.’’
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‘Eu não tenho o que fazer, o que o jornal disse está dito’, reage Cafeteira
‘Na linha de frente dos aliados dispostos a defender os parentes do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nomeados para cargos comissionados, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) mostrou ontem que seu apoio está balançando. Cafeteira não gostou da zombaria revelada na conversa entre Fernando Sarney e seu filho, Fernando Michels Gonçalves, publicada pelo Estado na edição de ontem.
Nomeado em fevereiro de 2007 para trabalhar no gabinete de Cafeteira com salário de R$ 7,6 mil, o rapaz deixou o posto em agosto do ano passado – exonerado por um ato secreto, para esconder o nepotismo. Sem ter dado expediente no gabinete, Fernando Michels foi substituído na vaga pela mãe, a ex-candidata a miss Brasília Rosângela Terezinha Michels Gonçalves.
Ontem, quando indagado sobre o que achou da conversa revelada pelo Estado, Cafeteira desabafou. ‘Eu não tenho o que fazer, o que o jornal disse está dito.’ Quanto ao incômodo que o diálogo pode causar, ele foi lacônico. ‘Não, não me deixa incomodado. Nem estou mais ligando para isso.’
No diálogo com seu pai, Fernando Michels zombou de uma decisão do senador Cafeteira, que o mandou chamar no gabinete. ‘Aí eu cheguei lá, e ele falou: ?Pô, eu só queria te ver. Teu pai perguntou se você estava trabalhando e eu tinha de te ver para falar com ele? ‘, conta o filho do empresário em um trecho da conversa entrecortada com gargalhadas.’
ISRAEL
Chancelaria usa foto de Hitler
‘A chancelaria israelense distribuiu a todas as suas embaixadas uma foto de 1941 que mostra um encontro, em Berlim, entre Adolf Hitler e o ex-mufti de Jerusalém (líder religioso palestino) Haj Amin al-Husseini. Com a iniciativa, o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, tenta confrontar as críticas internacionais à construção de assentamentos judaicos em terras que pertencem a parentes de Husseini.
Segundo uma fonte anônima do governo israelense, a intenção é criar ‘embaraço’ aos governos ocidentais que se opõem à construção de assentamentos em Jerusalém Oriental. Alguns diplomatas israelenses se opuseram à iniciativa sob o argumento de que a estratégia pode despertar resistência ainda maior entre Estados que já condenam a construção de assentamentos em terras ocupadas.’
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Israel proíbe o termo ‘catástrofe’ em livros usados em escolas árabes no país
‘O governo israelense decidiu retirar de livros didáticos o termo árabe ‘nakba’, que descreve a criação do Estado judaico, em 1948, como uma ‘catástrofe’, informou ontem o Ministério da Educação de Israel.
Há dois anos, quando estava na oposição, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, afirmou que o uso da palavra ‘nakba’ em escolas árabe-israelenses era o equivalente a divulgar propaganda anti-Israel.
No livro em questão, direcionado para crianças de 8 e 9 anos, um texto descreve assim o conflito em 1948: ‘Os árabes qualificaram a guerra de ?nakba? – uma guerra de catástrofes, perdas e humilhação – e os judeus a chamaram de Guerra da Independência.’
‘Após analisar a questão com especialistas em educação, ficou decidido que o termo ?nakba? deveria ser removido dos livros. É inconcebível que em Israel falemos da criação do Estado como uma catástrofe’, disse, Yisrael Twito, porta-voz do Ministério da Educação.
O termo – que não é usado nos livros de colégios judaicos – foi introduzido nas escolas árabes em 2007, quando o responsável pelo Ministério da Educação era Yuli Tamir, do Partido Trabalhista, de centro-esquerda.
A palavra ‘nakba’ é usada por palestinos para descrever a fundação de Israel, em uma guerra na qual 700 mil palestinos tiveram de fugir ou foram expulsos de suas casas.
Jafar Farrah, diretor de um grupo de advocacia árabe-israelense chamado Mossawa, afirmou que a decisão vai apenas complicar ainda mais o conflito.
Para ele, é uma tentativa de distorcer a verdade e inflamar o confronto com os árabes que vivem em Israel, comunidade que já é um quinto da população do país, que tem cerca de 7 milhões de habitantes.’
ITÁLIA
Berlusconi diz que não é santo, após escândalo
‘O premiê italiano, Silvio Berlusconi, reagiu ontem às acusações de envolvimento com prostitutas e participação em orgias dizendo que não é santo. Depois da publicação de diversas fotos que mostram homens e mulheres nus na casa do premiê na Sardenha, uma revista italiana publicou esta semana um suposto diálogo entre Berlusconi e uma prostituta. Na gravação, duas pessoas discutem o preço a ser pago por uma noite de sexo. A prostituta assegura que ela mesma levou a gravação à Justiça.’
TECNOLOGIA
Microsoft conclui o sucessor do Vista
‘A Microsoft anunciou ontem que o Windows 7 está pronto, e que os fabricantes de microcomputadores vão começar a receber a versão definitiva do sistema operacional, para se prepararem para o lançamento comercial, marcado para 22 de outubro. ‘Estamos entregando o produto no prazo, e tivemos uma participação incrível de nossos parceiros’, disse ontem Rich Reynolds, gerente-geral de Marketing Comercial do Windows, por teleconferência. A versão enviada aos fabricantes é chamada de Release To Manufacturers (RTM).
A maior empresa de software do mundo tem o desafio de evitar os problemas que aconteceram no lançamento do Windows Vista, que não foi recebido com muito entusiasmo pelos consumidores. Lançado há três anos, o Vista representou uma ruptura em relação à versão anterior, o Windows XP. Para reforçar a segurança, a Microsoft modificou o núcleo (kernel) do Windows, o que fez com que o Vista não fosse compatível com vários equipamentos e aplicações existentes no mercado.
Além disso, o sistema operacional tinha exigências mínimas de configuração do computador que não eram comuns na época. Por causa disso, foi considerado um software lento e pesado. O consumidor doméstico chegava a ficar confuso com os recursos de segurança, que muitas vezes exigiam sua intervenção. As primeiras reações ao Windows 7, pelo menos por enquanto, têm sido mais positivas.
‘Quando o Vista foi lançado, havia muito mais incerteza sobre a compatibilidade com a base de aplicações’, afirmou Tom Norton, responsável por Serviços Microsoft na fabricante de computadores HP. O Windows 7 tem o mesmo núcleo que o Vista e, por isso, 90% dos programas que rodavam no Vista também funcionavam na versão de testes do novo sistema operacional. Segundo a Microsoft, 95% dos equipamentos existentes funcionam no Vista e 94% no Windows 7.
A configuração mínima para o Windows 7 funcionar são um processador com velocidade de 1 GHz, 1 Gigabyte (Gb) de memória RAM e 16 Gb de disco rígido, basicamente a mesma do Windows Vista. Há três anos, quando o Vista foi lançado, era difícil achar computadores com essa configuração mínima. Hoje, eles são bastante comuns.
Muitos usuários reclamavam que o visual mais bonito do Vista, em relação ao XP, acabava consumindo boa parte da memória e capacidade de processamento do computador. A Microsoft promete que o Windows 7 será mais simples e mais rápido que o Vista.
‘Muito disso precisa ser provado na prática’, disse Luciano Crippa, analista da consultoria IDC. Ele apontou, no entanto, o lançamento do Windows 7 como um dos fatores que devem fazer com que as vendas de computadores no Brasil este ano não sejam tão ruins quanto se esperava.
‘As empresas apresentaram uma resistência maior ao Vista, por causa das exigências de hardware e de preocupação com a compatibilidade’, explicou Crippa. ‘Existe uma demanda reprimida de usuários corporativos e, ainda em 2009, muitos deles devem migrar direto do XP para o Windows 7.’ A IDC prevê uma queda de 11,5% nas vendas de computadores no Brasil este ano, chegando a 10,4 milhões de unidades.
O Windows 7 chega num momento desafiador para a Microsoft. A empresa tenta enfrentar a liderança do Google em buscas (e, consequentemente, publicidade online), ao mesmo tempo em que o gigante da internet começa a atacar seus mercados principais.
Recentemente, a Microsoft anunciou que terá uma versão gratuita, via internet, do pacote Office – como o Google Docs, do concorrente. O Google anunciou o Chrome OS, um sistema operacional para netbooks, computadores portáteis de baixo custo, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2010. ‘Ainda é difícil de entender qual é a intenção do Google’, disse Reynolds. ‘Por enquanto, o Chrome OS é um texto num blog.’ O anúncio do sistema operacional foi feito no blog oficial do Google.
O Windows tem cerca de 88% do mercado mundial de sistemas operacionais.. Antes da recuperação da Apple, com o sucesso do iPod e do iPhone, tinha mais de 90%. O Mac OS, da Apple, conta hoje com cerca de 10% do mercado e o Linux, sistema de código aberto, tem perto de 1%.
Os preços do Windows 7 ainda não foram definidos, e devem ser anunciados em 1º de setembro. ‘Não existe expectativa de aumento de preço em relação ao Vista’, afirmou Alessandro Belgamo, gerente-geral da divisão Windows da Microsoft Brasil.
Problemas do Vista que o Windows 7 tenta resolver
NOVA TENTATIVA
Compatibilidade
Quando foi lançado, há três anos, o Windows Vista não funcionava com muitos programas e equipamentos. Desta vez, a Microsoft trabalhou com os outros fornecedores desde o começo, para garantir a compatibilidade.
Peso
O Vista era muito pesado para os computadores da época, e muita gente achou lento. No Windows 7, a empresa promete um sistema mais rápido. As exigências de hardware são praticamente as mesmas, e a capacidade das máquinas melhorou nos três anos.
Segurança
O Windows Vista era um sistema operacional mais seguro que seu antecessor, o XP. No entanto, muitos ficaram incomodados com o sistema, que ficava fazendo perguntas constantes sobre segurança aos usuários. O Windows 7 é mais simples, com itens pré-configurados’
TELEVISÃO
Eliana faz pré-estreia
‘O SBT resolveu antecipar o embate. No próximo domingo, Eliana fará pré-estreia na programação do canal, batendo de frente justamente com o seu antigo programa, o Tudo É Possível, agora nas mãos de Ana Hickmann, na Record.
A estratégia é a seguinte: Eliana terá uma generosa participação no próximo Domingo Legal, de Celso Portiolli, que vai ao ar no mesmo horário de seu ex-programa. Lá, a apresentadora dará uma amostra do que fará na nova casa. Eliana desafiará Celso Portiolli a participar das experiência do Ciência em Show, quadro com professores de física que seguiu com ela da Record para o SBT.
A loira também apresentará mais um dos quadros que levou da antiga emissora para a rede de Silvio Santos: a participação do biólogo Sérgio Rangel, que apresenta animais exóticos.
Além desses dois quadros, Eliana começou a gravar para seu novo programa um quadro de transformação igualzinho ao que fazia na Record.
Com uma produção de 30 pessoas já na ativa, a nova atração de Eliana no SBT tem duas possíveis datas de estreia: 30 de agosto ou 13 de setembro.’
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L’Espresso
Tradução para o espanhol por Liliana Piastra para o site Rebelión
ITÁLIA
El enemigo de la prensa, 9/7
‘Berlusconi pretende amordazar a la prensa prohibiendo la publicación de documentos judiciales
El jefe del gobierno quiere amordazar la información. Y en nuestra sociedad enferma parece que la mayoría de los italianos también está dispuesta a aceptar esta infracción. Pero el famoso intelectual dice: ‘Yo no estoy de acuerdo’.
No sé si será el pesimismo de la edad avanzada, si será la lucidez que trae consigo la edad, pero tengo mis dudas, no exentas de escepticismo, en cuanto a intervenir, a instancias de la redacción, en defensa de la libertad de prensa.
Lo que quiero decir es que, cuando alguien tiene que intervenir en defensa de la libertad de prensa, es porque la sociedad, y con ella una gran parte de la prensa, ya está enferma. En las democracias que llamaremos ‘fuertes’ no es necesario defender la libertad de prensa, porque a nadie se le ocurre limitarla.
Esa es la primera razón de mi escepticismo, de la que se deriva todo un corolario. El problema italiano no es Silvio Berlusconi. La historia (yo diría que desde Catilina en adelante) está plagada de aventureros, no carentes de carisma, con muy poco sentido del Estado pero con un sentido muy acusado de sus propios intereses, que han deseado instaurar un poder personal, pasando por encima de parlamentos, magistraturas y constituciones, repartiendo favores a sus cortesanos y (a veces) a sus cortesanas e identificando su propio placer con el interés de la comunidad.
Lo que pasa es que esos hombres no siempre han conquistado el poder al que aspiraban, porque la sociedad no se lo ha permitido. Cuando la sociedad se lo ha permitido, ¿por qué tomárselo a mal con esos hombres y no con la sociedad que les ha dejado hacer lo que han querido?
Siempre recordaré una historia que contaba mi madre que, a sus veinte años, había conseguido un buen trabajo como secretaria y mecanógrafa de un diputado liberal – y he dicho liberal. Al día siguiente de que Mussolini subiera al poder el diputado en cuestión dijo: ‘Pero en el fondo, con la situación en la que se encontraba Italia, a lo mejor ese Hombre sabe cómo poner un poco de orden’.
Pues bien, si se instauró el fascismo no fue gracias a la personalidad enérgica de Mussolini (oportunidad y pretexto), sino a la indulgencia y a la relajación de aquel diputado liberal (representante ejemplar de un país en crisis).
Por consiguiente, es inútil tomársela con Berlusconi que, digámoslo así, hace su oficio. La que ha aceptado el conflicto de intereses, la que acepta las rondas, la que acepta el laudo Alfano, y la que ahora habría aceptado sin demasiadas cuitas – si el presidente de la República no hubiese levantado una ceja – la mordaza que se le ha puesto a la prensa (por ahora de forma experimental) es la mayoría de los italianos.
Si una cauta censura de la Iglesia no estuviera turbando en estos momentos la conciencia pública, esa misma nación aceptaría sin vacilar, e incluso con una cierta complicidad maliciosa, que Berlusconi se fuera de ‘velinas’– pero eso pronto estará superado, porque los italianos, y en general los buenos cristianos, se han ido de putas desde siempre, por mucho que el párroco diga que no está bien.
¿Por qué dedicar, entonces, a esas alarmas un número de ‘L’espresso’, si sabemos que el periódico llegará a manos de quien ya está convencido de esos riesgos de la democracia, pero en cambio no lo leerá quien está dispuesto a aceptarlos con tal de que no le falte su ración de Gran Hermano – y de muchos casos político-sexuales en el fondo sabe bien poco; porque una información, en gran parte sometida a control, ni siquiera se lo cuenta?
A ver ¿por qué hacerlo? El porqué es muy sencillo. En 1931 el fascismo impuso a los profesores universitarios, que entonces eran 1.200, un juramento de fidelidad al régimen. Sólo se negaron 12 (el 1 por ciento), que perdieron su puesto.
Hay quien dice que 14, pero eso no hace más que confirmar hasta qué punto pasó el hecho desapercibido entonces, dejando un recuerdo un tanto vago. Muchos otros, que luego serían personajes eminentes del antifascismo posbélico, incluso aconsejados por Palmiro Togliatti o Benedetto Croce, juraron, para poder seguir difundiendo sus enseñanzas. Puede que los 1.188 que permanecieron tuvieran razón, por distintas razones y todas ellas honorables. Pero los 12 que dijeron que no, salvaron el honor de la Universidad y, en definitiva, el honor del país.
Esa es la razón de que a veces haya que decir que no, aunque se sea pesimista y se sepa que no servirá para nada.
Por lo menos que pueda uno decir un día que lo dijo.
(*) Semiólogo y escritor. Italia.’
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