‘A Volkswagen Caminhões e Ônibus será a primeira montadora a utilizar biodiesel no 12° Rally Internacional dos Sertões, que acontecerá de 1º a 10 de julho. O Rally dos Sertões é considerado o terceiro maior do mundo e será disputado entre os estados de Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí e Ceará. A largada será em Goiânia e o final em Fortaleza, com um percurso total de 4.034 quilômetros.’
Este texto é de um press-release assinado pela empresa Lide e publicado no site da Maxpress Net, em 21/06/04. O título é ainda mais bombástico: ‘Volkswagen será a pioneira a utilizar biodiesel no 12° Rally Internacional dos Sertões’.
Aparentemente, uma grande pauta. Afinal de contas, biodiesel é uma fonte de energia renovável, obtida a partir de óleos vegetais (como palma e soja) e capaz de reduzir não apenas a poluição nos grandes centros como também as importações de diesel. Mas quem se dá ao trabalho de ler até o final o texto do release percebe, lá pelo 15º parágrafo, que a Volkswagen confundiu alhos com bugalhos. O combustível que será utilizado pelos caminhões da VW no rally é simplesmente uma mistura de diesel com 7,7% de álcool anidro e mais um aditivo. Ou seja, não tem nada a ver com biodiesel.
Apenas uma mistura
Bem que tentei desfazer a confusão, mas não me levaram a sério. Pelo contrário, me trataram como um chato de galochas. Na Lide, recebi a informação de que o release havia sido produzido pela assessoria de imprensa da Volkswagen Caminhões. ‘Nós aqui só distribuímos’, disse a responsável pela conta. Na Volkswagen, alegando ‘não ter detalhes técnicos’, um jornalista me encaminhou para uma terceira assessoria de imprensa (EccoPress), que trabalha para uma certa O2 Diesel, responsável pelo tal combustível.
Na Ecco Press, finalmente, ficou constatado o erro. O combustível que vai ser usado pela VW no rally é mesmo uma mistura de diesel, álcool anidro e aditivo.
De biodiesel não tem nada.
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Jornalista especializado em agronegócio e editor do AgroPauta (http://www.agropauta.com.br)