Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comemorações marcam 200 anos da imprensa no Brasil

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


BICENTENÁRIO
Mariana Botta


Eventos marcam 200 anos da imprensa


‘Em meio às comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil, este ano também marca o bicentenário da criação da imprensa no país. A data será tema da Bienal do Livro 2008, que acontece de 14 a 24 de agosto em São Paulo, e motivará uma série de eventos por todo o país.


Como a data é comemorada em junho, quando um dos primeiros jornais, o ‘Correio Braziliense’ completa 200 anos, algumas entidades ainda não têm seu calendário de eventos fechado. É o caso do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que pretende programar seminários temáticos para o meio do ano, da Biblioteca Nacional, que prioriza a festa em torno do bicentenário da chegada da família real, mas tem planos de realizar uma exposição sobre o surgimento da imprensa, e da Associação Brasileira de Imprensa, que também comemora seu centenário neste ano.


No Nordeste, porém, o clima de festa é mais organizado. A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que fica em Recife (PE), deu início em junho passado ao projeto ‘200 Anos de Imprensa no Brasil’, com ênfase na preservação do acervo.


‘Já iniciamos os trabalhos de restauração, digitalização e microfilmagens de mais de cem periódicos raros da região. Começamos com os jornais carnavalescos, como ‘O Azucrim’, de grupos amadores do final do século 19’, diz a diretora de documentação da Fundaj, Rita de Cássia Araújo.


História


Mais de 300 anos após o descobrimento, a instalação da Imprensa Régia só foi autorizada quando a corte portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro, inaugurada em 13 de maio de 1808. Antes disso, houve, no mínimo, outras duas tentativas de exercício da atividade tipográfica -uma em 1747, no Rio de Janeiro, por Antonio Isidoro da Fonseca, e outra em 1807, em Minas Gerais; há suspeitas de que tenha existido uma imprensa em Pernambuco, também em 1807, trazida pelos holandeses, algo não comprovado por meio de impressos.


O fato é que o primeiro jornal impresso no Brasil, a ‘Gazeta do Rio de Janeiro’, só foi lançado em 10 de setembro de 1808. Antes disso, em 1º de junho do mesmo ano, passou a ser impresso em Londres, o também brasileiro ‘Correio Braziliense ou Armazém Literário’.


‘A ‘Gazeta do Rio de Janeiro’ era publicada pela Imprensa Régia e, como tudo o que se publicava, tinha o aval do príncipe regente, depois rei, D. João 6º. Ou seja, passava antes pela censura. Apesar de dedicar seu espaço à divulgação dos decretos e informações relativas ao governo e à família real, também publicava anúncios e notícias’, conta Isabel Lustosa, doutora em ciência politica, historiadora da Casa de Rui Barbosa e autora do livro ‘D. Pedro I’ (2006; Cia. das Letras).


Diferentes tanto no formato quanto no conteúdo e periodicidade, o ‘Correio Braziliense’ (mensal, enquanto a ‘Gazeta’ era semanal e, depois, bissemanal) se parecia mais com um livro do que com um jornal, e cada edição tinha cerca de 140 páginas -a ‘Gazeta’ tinha quatro.


‘O ‘Correio’ era um jornal que tinha abertamente a intenção de incentivar a independência do Brasil’, diz Cybelle de Ipanema, livre-docente e doutora em história pela UFRJ, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e primeira secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.


Anúncios


Há cerca de dois anos, a Biblioteca Nacional digitalizou as edições de ambos os jornais, que estão disponíveis para consulta on-line em www.bn.br.


‘Esses jornais, tal como a realidade de que tratam, guardam pouca semelhança com o Brasil e a imprensa dos nossos dias’, diz Isabel Lustosa.


Para ela, a ‘Gazeta do Rio de Janeiro’ é fonte de valor inestimável, principalmente pelos anúncios que publicava. ‘Ali se pode obter muitas informações sobre os usos e costumes brasileiros naquele período.’


Quanto ao ‘Correio Braziliense’, a pesquisadora afirma que a importância é ainda maior: ‘ele se prende não só à nossa história, mas também às grandes transformações que o mundo estava vivendo. Quem se interessa pelo processo de independência das colônias espanholas, por exemplo, encontra ali vasto material. A própria evolução dos acontecimentos que antecederam e sucederam à derrocada de Napoleão está ali minuciosamente documentada’, diz.’


 


CONGRESSO
Folha de S. Paulo


Cinzas no Congresso


‘EM PLENA Quarta-Feira de Cinzas, uma sessão solene abriu o ano legislativo no Congresso Nacional. É como se um espírito de austeridade e urgência tivesse orientado a escolha da data. Mas tudo indica, infelizmente, que a simbologia do calendário não terá conseqüências práticas sobre a produtividade parlamentar.


Espera-se, desde a derrota sofrida pelo governo na CPMF, um esforço conjunto da oposição e da situação no sentido de iniciar o debate da reforma tributária. Outros temas de relevância, como a necessidade de agilização dos processos judiciários, o fim do imposto sindical ou o equilíbrio nas contas da Previdência, estão cronicamente a exigir atenção do Congresso e já acumulam suficiente histórico de discussões na opinião pública para que se tornem objeto de deliberação legislativa.


Já neste início de ano, contudo, a pauta da Câmara encontra-se bloqueada por uma série de medidas provisórias; nada de positivo pode ser votado enquanto não se examinar o conteúdo, supostamente urgente, das últimas manifestações de legiferância do Executivo.


O abuso no recurso às medidas provisórias não poderia ser mais evidente do que no caso da TV pública; concorde-se ou não com a idéia, dificilmente alguém poderia argumentar que se trata de assunto emergencial ou de relevância comparável à que assume a reforma tributária.


A TV pública, entretanto, foi criada por medida provisória; está entre as matérias que, ao lado da concessão de recursos a ministérios como o da Pesca e do Turismo, de créditos ao programa Pró-Jovem e da regulamentação da franquia postal, compõem o interminável samba-enredo das MPs do Executivo.


Mecanismos para limitar seu uso não deixaram de ser cogitados pelo Congresso -num círculo vicioso, entretanto, têm sua discussão travada pela própria obstrução legislativa.


Chega-se, assim, a um paradoxo. O atual sistema de tramitação das MPs foi concebido para fortalecer o Congresso: não mais se aprovam automaticamente os desejos do Planalto, como anteriormente acontecia em caso de omissão decisória dos deputados e senadores. Entretanto, o ritmo desenfreado das medidas provisórias acaba por reduzir fortemente, na prática, a capacidade congressual de formular propostas legislativas próprias.


Reduz-se com isso, também, o espaço para a negociação política substantiva. Tudo se resume, no mais das vezes, a uma espécie de ‘tudo ou nada’ entre governo e oposição, em torno da aprovação ou rejeição das MPs, ou das crises periódicas que se dão na passarela das CPIs. Cargos públicos, e não aperfeiçoamentos e mudanças em projetos de lei específicos, assumem desse modo, notoriamente, a função de moeda básica na negociação.


Some-se a este quadro estrutural a circunstância de que 2008 é também um ano eleitoral, abreviando o calendário parlamentar, e não são poucos os sinais de que, iniciadas numa Quarta-Feira de Cinzas, as atividades do Congresso venham a ser tão melancólicas quanto sugere a data.’


 


CASA BRANCA
Carlos Heitor Cony


Tempo de palpites


‘RIO DE JANEIRO – Sempre achei ridícula a tendência da mídia de futebolizar todos assuntos, transformando-os numa espécie de luta entre bons e maus, de vermelhos contra azuis, de Fla x Flu com infinitas variações. Da eleição de um papa ao melhor estandarte de uma escola de samba, os entendidos são pródigos em análises e prognósticos, havendo mesmo uma certa emulação para sagrar quem acerta o placar, uma loteria esportiva que, na maioria dos casos, não tem vencedor.


É bem verdade que somos condenados a nos interessar pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos. Formadores e informadores de opinião torcem desbragadamente por um e por outro candidato, como se a vitória de um deles representasse uma futura idade de ouro para a humanidade.


Lembro a estupefação causada por Luís Carlos Prestes quando da primeira eleição após a ditadura do Estado Novo. Na luta entre o bem e o mal, representada pelas candidaturas do marechal Dutra (PSD) e do brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), o líder comunista declarou que não via nenhuma diferença entre os dois.


Como? Dutra fora o condestável da ditadura, o brigadeiro representava a oposição ao totalitarismo. Como podiam ser a mesma coisa? Dutra era feio e casado, o brigadeiro era bonito e solteiro. Valia tudo para descobrir diferenças entre os dois. Mas Prestes tinha razão.


O mesmo se pode dizer dos atuais candidatos à Casa Branca. Republicanos e democratas podem ter vantagens e desvantagens no tabuleiro da política interna -que, aliás, diz respeito somente aos norte-americanos. No plano internacional, as diferenças são mínimas. E há os paradoxos: o endeusado democrata Kennedy patrocinou a invasão de Cuba, e o maldito republicano Nixon abriu o diálogo então possível com a China e a antiga URSS.’


 


Romney tentará reverter derrota com campanha de TV


‘Com estimados 270 delegados (número provisório), Mitt Romney é o principal perdedor da Superterça. Pelos cálculos de alguns dos assessores, feitos antes do dia D da indicação, ele precisaria ultrapassar 300 para ter alguma chance de vitória, já que a maioria dos Estados remanescentes não aloca todos os representantes para o vencedor e sim proporcionalmente ao resultado.


Terceiro colocado, o azarão Mike Huckabee cresce no sul, embalado pelos evangélicos -ele é ex-pastor batista. Ali superou não só Romney como, em alguns Estados, o próprio John McCain. Embora tenha o menor caixa de campanha dos republicanos (o campeão é Romney), Huckabee promete seguir na disputa. Sem chances reais de vencer, pode cacifar seu apoio e seu nome com um surpreendente segundo lugar.


Mas o milionário Romney está disposto a investir para continuar na corrida e consolidar seu nome no país. Segundo Tagg Romney, seu filho e assessor, a equipe estuda uma campanha maciça de TV nos Estados que ainda terão prévias.


Com o ‘New York Times’’


 


TV BRASIL
Fabio Zanini


Nova TV Pública dobra gastos diários em relação à Radiobrás


‘A TV Brasil, emissora lançada pelo governo federal há quatro meses e cuja criação ainda depende de votação pelo Congresso, estreou gastando alto no cartão corporativo.


A nova rede gastou com cartão R$ 14.505 em um período de 83 dias entre 10 de outubro de 2007, quando foi criada por medida provisória, e 31 de dezembro. A média diária, de R$ 174,75, é mais que o dobro da registrada antes da MP pela antecessora, a Radiobrás, cuja despesa de janeiro a outubro ficou em R$ 21.120.


Em 2007, todos os gastos, antes ou depois da nova emissora, foram feitos em dinheiro vivo, por meio de saques de oito servidores administrativos da Radiobrás. O destino do dinheiro não é aferível.


No Portal da Transparência, os cartões que bancam os gastos da nova TV ainda aparecem em nome da Radiobrás. Isso porque, apesar de a MP dizer que a antiga empresa fica incorporada à nova, isso ainda depende de uma assembléia e uma auditoria, o que deve ocorrer ainda neste semestre. O governo espera a aprovação da MP pelos parlamentares.


A votação na Câmara deve ocorrer até o final do mês e sua aprovação deve ser tranqüila. No Senado, a oposição decidiu centrar fogo na nova emissora.


‘O que aconteceu no final do ano passado é provavelmente já o efeito da nova TV Brasil. O aumento no gasto é decorrência do aumento das atividades, sobretudo jornalísticas, da nova emissora’, disse José Roberto Garcez, presidente da Radiobrás -que ainda não está formalmente extinta, o que dependerá de uma assembléia a ser feita neste semestre.


No seu primeiro ano, a TV Brasil terá orçamento de cerca de R$ 350 milhões, mas o valor pode aumentar. O relator da MP, deputado Walter Pinheiro (PT-BA), cogita destinar à emissora parte dos recursos do Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), que arrecada R$ 2 bilhões por ano.


Segundo Garcez, os saques com os cartões se destinam unicamente a financiar viagens para trabalho jornalístico. Os cartões começaram a ser usados na empresa em março de 2006. Naquele ano foram registrados pagamentos usando o cartão. Um deles, no valor de R$ 36, foi feito na PB Colchões, loja em Brasília. Segundo um atendente, apenas colchões são comercializados na loja. Garcez disse que não sabia o motivo do gasto e que iria verificar.


Procurada pela Folha, Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasil de Comunicação, nome oficial da TV pública, disse que a explicação para os gastos cabe apenas à Radiobrás. Segundo ela, a sua empresa não tem cartões.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O fantasma e o pânico


‘Fim do dia e Dilma Rousseff, ao lado de Franklin Martins (dir.), aparece ao vivo nos três canais de notícias e em vídeo nos portais, para defender o uso de cartão corporativo, pois ‘rastreia melhor quem paga, quanto e o que é comprado’. Embarca na avaliação corrente de que, no dizer do blogueiro Ricardo Noblat, ‘original, no escândalo dos cartões, é que foi o próprio governo que o revelou’, pelo agora festejado Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União. Ao fundo, nas manchetes da Folha Online ao ‘Jornal da Band’, ‘Governo manobra e decide apoiar a CPI’.


Já no espanhol ‘El País’, ‘O fantasma da corrupção volta ao Brasil’ e leva ‘pânico’ ao Palácio do Planalto.


ESCOLA DE ESCÂNDALO


Nos EUA, as manchetes já estão nos furacões. Mas novos sinais da intermitente corrida democrata indicam ‘dinheiro curto’ para Hillary Clinton.


E colunistas tipo Maureen Dowd, do ‘NYT’, questionam a mensagem da candidata, de estar mais preparada para os ataques republicanos. Diz Dowd que ela mesma, Hillary, já prepara Barack Obama com sua ‘School for Scandal’.


‘LATINOFÓBICOS’


Andres Oppenheimer, do ‘Miami Herald’, lamentou que a América Latina receba ‘menos atenção’ do que em qualquer outra campanha nos EUA -ainda comentando a pesquisa Zogby que apontou o desinteresse pela região.


O colunista responsabiliza os âncoras ‘latinofóbicos’ dos canais CNN, caso de Lou Dobbs e sua ‘exportação de empregos’, Fox News etc.


A CHINA SE MOVE


O ‘Wall Street Journal’ publicou ontem o editorial ‘China Inc.’, criticando uma estatal chinesa por comprar parte da mineradora Rio Tinto, na última sexta. Diz que é para influenciar preço, China que é a maior compradora.


E o ‘Financial Times’ noticiou que as ações da também mineradora Xstrata saltaram com a ‘especulação’ de que outra estatal chinesa estaria para propor compra -contra uma proposta de aquisição a ser feita pela brasileira Vale.


COISAS ESTRANHAS


Artigo no ‘FT’ ironiza que ‘coisas estranhas acontecem no mundo da energia latino-americana’, com a queda na produção de Equador, Bolívia -e o risco no fornecimento para Brasil, Chile, Argentina. Entre desculpas nacionalistas e reações desesperadas, o Brasil é ‘sensato’ ao buscar alternativas de suprimento.


… POR TODA PARTE


O correspondente John Rumsey, do ‘FT’, apontou a discrepância entre o crédito oferecido no Brasil por VW, Peugeot e outras montadoras, que ‘estimulam competição’ e fazem o setor crescer, e o crédito -ou sua ausência- nos bancos. Cita a desculpa dos mesmos de que seria por uma ‘insegurança histórica’.


AGORA, O FRANGO


O britânico ‘Guardian’ deu ontem artigo questionando a qualidade do frango exportado pelo Brasil. Como no ‘lobby’ irlandês e escocês que resultou no veto da importação de carne de vaca, o frango é apresentado como risco para a saúde dos consumidores, por doenças etc.


O texto cita como os animais seriam tratados em granjas do país, mantidos acordados por empresas ‘agrogigantes’ para engordar -e com riscos à ‘diversidade genética’. O título é ‘Horror homogêneo’.


BRASIL & RÚSSIA & IRÃ


A agência Itar-Tass deu a reunião entre Nelson Jobim, Mangabeira Unger e o chanceler russo Sergei Lavrov sem detalhar os ‘passos específicos e práticos’ que discutiram.


E a agência Fars deu que o embaixador do Brasil apoiou o ‘direito do Irã de obter tecnologia nuclear pacífica’, ao que o chanceler Manouchehr Mottaki reagiu se dizendo ‘pronto para fortalecer as nossas relações econômicas’.’


 


INTERNET
Chris Nuttall e Richard Waters


Yahoo! diz que estuda alternativas à Microsoft


‘DO FINANCIAL TIMES – Jerry Yang, presidente-executivo do Yahoo!, tentou ontem melhorar o cadente ânimo dos funcionários da empresa dizendo-lhes, em e-mail, que várias alternativas à oferta de compra feita pela Microsoft estão sendo estudadas. Foi dessa forma que Yang quebrou quatro dias de silêncio após a proposta hostil de US$ 44,6 bilhões colocada pela Microsoft. ‘Nenhuma decisão a respeito da oferta foi tomada’, afirmou. ‘A diretoria está avaliando com cuidado uma vasta gama de potenciais opções estratégicas em um panorama que é complexo e ainda está em desenvolvimento.’


Yang não forneceu detalhes sobre quais seriam as outras possibilidades para o Yahoo!, porém a lista de saídas está encolhendo a cada dia, já que não houve nenhum contato por parte da gigante News Corporation, do magnata Rupert Murdoch, e da rede de televisão NBC, as quais poderiam eventualmente acenar com uma parceria. A Comcast Corporation -maior empresa de TV a cabo dos EUA- e a telefônica AT&T também não parecem estar interessadas.


O e-mail do executivo veio em um momento em que crescem as vozes dentro da empresa reclamando de baixo moral, falta de liderança e de uma possível estagnação no desenvolvimento de produtos na companhia, cuja sede se localiza no Vale do Silício, na Califórnia. Os sentimentos dos empregados foram amplificados por Barry Diller, presidente da rival InterActive Corporation. Ele falou a analistas em uma teleconferência, ontem, sobre os seus resultados no último trimestre. ‘Não acho que muitas pessoas no Yahoo! estejam se concentrando bastante em inovação neste momento. Creio que o mesmo ocorre com a Microsoft’, comentou. Diller acrescentou que a ferramenta de busca da sua empresa, chamada Ask, deve se beneficiar de tal distração da Microsoft e do Yahoo!.


Na sua mensagem, o CEO Yang mencionou um novo produto que foi lançado pela Zimbra, subsidiária do Yahoo! para programas de e-mail, e comunicados a serem feitos durante o congresso Mobile World, que acontece na próxima semana em Barcelona, na Espanha, como evidências de que a empresa está mantendo o seu ritmo.


Ele ressaltou que a diretoria irá ‘ter o tempo que for necessário para fazê-lo [o estudo da situação] corretamente’. ‘Contratamos consultores de renome para auxiliar no processo’, frisou ainda.


O Yahoo! está sendo aconselhado pelos bancos de investimento Goldman Sachs e Lehman Brothers e pelo escritório de advocacia Skadden Arps. A firma de relações públicas Abernathy McGregor encarrega-se das comunicações ao público e do trato com a imprensa.


No entanto a demora do Yahoo! em responder diretamente à proposta feita pela Microsoft na última sexta-feira sugere que a companhia tem poucas alternativas realistas, na opinião de especialistas nesse mercado.


Mark Mahaney, analista do segmento de internet do Citigroup, desenhou, em relatório, cinco cenários possíveis para o Yahoo!. Ele explicou que o mais provável é que o Yahoo! acabe rejeitando o lance da Microsoft, porém aceite, posteriormente, uma oferta mais alta, apesar de haver também uma grande chance de que a proposta existente seja agarrada. O segundo cenário mais provável, na avaliação de Mahaney, seria o Yahoo! fazer uma terceirização da sua ferramenta de buscas com o Google para melhorar o seu faturamento.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Fantástico’ tem queda espetacular no Ibope


‘Em crise no Ibope, o ‘Fantástico’ perdeu em quatro anos o equivalente a toda a audiência do SBT no horário nobre. Foram 7,6 pontos _ou uma cidade de 420 mil domicílios com TV. Em 2004, o programa da Globo tinha 35,8 pontos na Grande São Paulo. Em 2007, fechou com 28,2 de média anual, uma redução de 21%.


A participação do ‘Fantástico’ no total de televisores ligados caiu na mesma proporção, o que indica migração do público para outros programas.


A derrocada coincide com as estréias do ‘Pânico na TV’ (Rede TV!), que atrai jovens, e com o ‘Domingo Espetacular’ (Record), que o imita e compete com as mesmas reportagens, principalmente as policiais, e as exibe mais cedo. A média anual do programa da Record saltou de 6,5 pontos em 2004 para 11 no ano passado.


A saída da apresentadora Glória Maria, em dezembro, foi atribuída à crise de audiência do ‘Fantástico’, o que a Globo nega. Sua substituição por Patrícia Poeta, no entanto, foi uma opção pelo rejuvenescimento do programa. A situação é tão aflitiva para os padrões da Globo que a emissora comemorou o fato de o dominical ter marcado 27 pontos nos dois últimos domingos de janeiro.


Todos os telejornais da Globo tiveram queda de audiência em 2007. Em relação a 2006, o ‘SP TV 2ª Edição’ perdeu 14% da audiência e o ‘Jornal da Globo’, 11%. O ‘JN’ caiu 7%.


NOVOS ARES Próxima novela da Record, ‘Chamas da Vida’ quer mostrar ‘um Rio diferente’. Suas principais locações serão em Tinguá, em Nova Iguaçu. ‘Tinguá é a Baixada Fluminense que funciona. Tem uma reserva florestal maravilhosa’, justifica a autora Cristianne Fridman. Além de Tinguá, ‘Chamas da Vida’ terá ambientações na Urca e no centro do Rio.


EM ALTA As novelas da Globo estão recuperando o prestígio em Portugal. Quatro delas estão atualmente entre os dez programas mais assistidos da SIC, parceira da Globo em Portugal. ‘Desejo Proibido’ é o segundo programa mais visto da emissora portuguesa, à frente de ‘Duas Caras’ (quarto), ‘Sete Pecados’ (sexto) e a ‘reposição’ de ‘Terra Nostra’ (oitavo).


RANKING 1 Confirmando previsões, o mercado brasileiro de TV paga fechou 2007 com quase 5,2 milhões de assinantes _5,175 milhões, segundo a PTS, empresa que monitora o setor. O crescimento anual foi de 14%.


RANKING 2 Com 1,035 milhão de assinantes, São Paulo é a cidade que mais paga para ver TV. A penetração da TV por assinatura na cidade é de 18%. Em Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, esse percentual é de 14%.


HORA FELIZ Ex-MTV e Rede TV!, Rick Ostrower é o novo diretor do ‘Happy Hour’, do canal GNT, que volta em abril reformulado e com nova apresentadora _Astrid Fontenelle deixou a atração. Em 2002, Ostrower implantou o ‘Saia Justa’.’


 


SÉRGIO CABRAL
Mônica Bergamo


Geladeira


‘De tanto dar entrevistas no Sambódromo, o governador do Rio, Sérgio Cabral, virou alvo de uma piada entre os jornalistas que antes tinha o deputado petista José Genoino como personagem: quando chega em casa e abre a geladeira, Cabral vê uma luz e já começa a dar declarações.


SEM CENSURA


Observando o marido conceder a centésima declaração da noite a jornalistas, Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, dizia: ‘Daqui a pouco ele vai acordar e levantar da cama dando entrevistas’.’


 


CINEMA
Silvana Arantes


Caça ao urso


‘No 58º Festival de Berlim, que começa hoje, o Brasil tentará voltar dez anos no tempo e repetir o resultado de 1998, quando saiu da disputa com o Urso de Ouro de melhor filme (‘Central do Brasil’, de Walter Salles) e um Urso de Prata de interpretação -melhor atriz, para Fernanda Montenegro.


O representante brasileiro na competição deste ano é ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, que chega a Berlim para a disputa com outros 20 títulos com um histórico de sucesso e polêmicas atrás de si.


Foi o filme brasileiro mais visto no país em 2007 (2,4 milhões de espectadores). Pirateado antes da estréia nos cinemas, virou ‘hit’ no mercado informal. Dividiu a crítica entre os que o aplaudiram e os que enxergaram em seu retrato do Bope, o Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM do Rio, uma defesa da tortura.


‘Se Wagner Moura [intérprete do protagonista Capitão Nascimento] ganhar o prêmio de melhor ator, não vou ficar surpreso’, afirma Padilha.


Sobre a carreira internacional do filme, que começa por Berlim, na próxima segunda, quando ocorre sua sessão oficial competitiva, o diretor afirma estar ‘bem animado’.


‘Quem sou eu?’


‘Padilha é muito otimista’, diz Moura, que irá a Berlim para promover o filme, mas minimiza suas chances de vitória. ‘Quem sou eu perto do Daniel Day-Lewis?’, compara.


O inglês Day-Lewis concorre ao Urso de Prata pela interpretação de Daniel Plainview em ‘Sangue Negro’, de Paul Thomas Anderson. Trata-se de um personagem, assim como o Capitão Nascimento, violento e determinado, que já rendeu a Day-Lewis o Globo de Ouro e a aura de imbatível no Oscar.


Ao definir o perfil da disputa a pedido da Folha, o diretor do Festival de Berlim, Dieter Kosslick, afirma (por e-mail): ‘Pela primeira vez, teremos um documentário na competição pelo Urso de Ouro, ‘Standard Operating Procedure’ [de Errol Morris]. O filme é sobre a violação dos direitos humanos em Abu Ghraib, no Iraque. De forma geral, este será um festival muito emocionante. Há ainda uma tendência de filmes muito próximos da realidade e de temas políticos’.


O Festival de Berlim classificou ‘Tropa de Elite’ como ‘um thriller político’, ao divulgar sua seleção para a disputa.


Padilha avalia que ‘é razoável’ a definição, desde que se entenda a palavra ‘political’ ‘no sentido americano, ou seja, usado para qualquer coisa que tenha uma conotação de crítica social’.


O diretor está curioso para ver como o público europeu irá reagir ao seu filme.


‘Lá não existe o ‘background’ cultural daqui, de violência urbana. As pessoas não lidam o dia inteiro com esse problema abordado no filme. Os que estarão vendo o filme não são usuários de drogas aqui, não compram maconha e cocaína de traficante armado no morro. Portanto, não têm má-consciência, vamos dizer assim, em relação ao que os policiais dizem no filme. Isso muda enormemente a percepção’, diz.


A polêmica da Berlinale deste ano já se anuncia, ameaçando a exibição do candidato alemão ‘Feuerherz’ (coração de fogo), de Luigi Farloni, baseado na biografia da cantora alemã de origem africana Senait Mehari. Personagens citados por Mehari em seu livro, sobre suas memórias de infância, quando ela teria sido submetida a treinamento militar na Eritréia, reclamaram na Justiça indenizações por difamação. Uma recente decisão desfavorável à autora colocou o livro -e o filme- em situação vulnerável.’


 


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Brasil espalha títulos em seções paralelas do festival


‘Além de ‘Tropa de Elite’ na competição pelo Urso de Ouro, o Brasil terá no Festival de Berlim a exibição de uma série de títulos, espalhados pelas seções paralelas à disputa.


‘Há algo acontecendo na indústria cinematográfica brasileira’, diz o diretor do Festival de Berlim, Dieter Kosslick. ‘O Brasil prova a força e a riqueza de sua produção [com filmes] nas diversas seções do festival.’


Dos longas nacionais que Berlim verá, são inéditos em circuito comercial aqui ‘Maré -°Nossa História de Amor’, de Lúcia Murat, ‘Estômago’, de Marcos Jorge, e o documentário ‘Seu Bené Vai pra Itália’, de Manuel Carvalho.


Os dois primeiros foram exibidos no ano passado no Festival do Rio e na Mostra de SP.


‘Estômago’, em que o ator João Miguel (‘O Céu de Suely’) interpreta um cozinheiro de mão cheia e moral duvidosa, recebeu cinco troféus no Rio.


Para as sessões em Berlim de ‘Maré – Nossa História de Amor’, uma adaptação de ‘Romeu e Julieta’ em forma de musical ambientado nos morros cariocas de hoje, Murat levará o casal de protagonistas, os atores Cristina Lago (Analídia) e Vinicius D’Black (Jonatha).


Também ainda não estreou nas salas a co-produção com a Argentina ‘Café de los Maestros’, que enfoca a velha guarda do tango portenho, num projeto conjunto do músico argentino Gustavo Santaolalla (Bajofondo Tango Club) e do cineasta brasileiro Walter Salles.


Os outros dois longas brasileiros que Berlim selecionou para mostrar ao seu público jovem já encerraram suas carreiras nos cinemas brasileiros -’Cidade dos Homens’, de Paulo Morelli, e ‘Mutum’, de Sandra Kogut, ambos lançados no ano passado.


‘Cidade dos Homens’ está na mostra Generation14Plus, dedicada a espectadores a partir dos 14 anos. A seção Generation Kplus, que abriga ‘Mutum’, é projetada para crianças acima dos quatro anos de idade.


Três curtas brasileiros participam do festival -’Tá’, de Felipe Sholl, ‘Café com Leite’, de Daniel Ribeiro, e ‘Dreznica’, de Anna Azevedo.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


CARTÕES DO GOVERNO
Roberto Macedo


O governo no cartódromo


‘O carnaval que passou mostrou uma novidade. Ao lado dos tradicionais desfiles nos sambódromos, com autoridades nos camarotes, houve também outro espetáculo. Neste, excelências ou simplesmente senhorias, todas de gabarito federal, desfilaram de outra forma, num cartódromo competentemente montado pelos jornais, onde nesses dias momescos encontrei várias notícias a respeito dos cartões utilizados por essas autoridades em gastos por conta do governo.


Nesse desfile, elas mostraram números e figurações de suas despesas ‘a serviço’, pagas com os tais cartões corporativos, copiados dos que empresas outorgam a uns poucos de seus dirigentes e principais executivos, para alguns gastos das próprias empresas ou realizados pessoalmente a seu serviço.


Nessa versão, em que lhes cabe mais adequadamente o nome de cartões governativos, tudo indica que seu uso foi ‘democratizado’. Há notícias de que milhares foram distribuídos, alcançando autoridades de primeiro escalão a ‘otoridades’ dos enésimos degraus inferiores da burocracia governamental.


Nos gastos há uma mistura que inclui de censitários a suntuários, na qual há pratos de tapioca, refeições sofisticadas, compras em loja ‘duty free’, aparelhos de ginástica, autopeças e aluguéis de carros com motoristas. Dos realizados com saques de dinheiro em espécie e dos cobertos por sigilo pouco ou nada se sabe.


Outras autoridades, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU), de olho no desfile, apontaram as irregularidades mais evidentes. Entre elas, a de que alugar os referidos carros de forma recorrente seria uma burla à legislação de licitações. Outras compras também deveriam cumpri-la, e há também indícios de desvio de finalidade.


Aparentemente, pelos carros alugados de forma rotineira, a ministra Matilde Ribeiro levou um cartão vermelho, disfarçado por atendido apelo de ‘pede pra sair’. Quando, na juventude no interior de Minas, acompanhava jogos de futebol em alambrados muito próximos do gramado, no qual a poucos metros passavam freqüentemente um ponta de um time e um lateral do outro, esse apelo de torcedores era uma ofensa que parecia incomodar mais os jogadores do que as referências tradicionais à sua masculinidade ou a determinada figura de suas famílias.


Já o ministro Orlando Silva, que no desfile se destacou pelo lado gastronômico, por homonímia sempre me lembra outro personagem então famoso, conhecido como o ‘cantor das multidões’, as quais empolgava com clássicos como Lábios que Beijei. Nas suas explicações, nosso ministro parece cantarolar Contas que Lancei. De sua autoria, como diziam os apresentadores de programas de rádio daquela época.


Em todo esse imbróglio, é fato que os cartões governativos de fato ampliam a transparência de determinados gastos realizados por agentes do governo, se comparados às formas de comprovação mais tradicionais, como relatórios e amontoados de notas fiscais e outros comprovantes, cujo acesso aos interessados e controle nos seus detalhes é difícil. Tanto assim é que com o acesso eletrônico pela mídia vieram à tona todas essas notícias sobre os cartões. Quando baixar a espuma dessa onda, acredito que boa parte do noticiário será esclarecida pelo governo federal, mas tudo indica que várias irregularidades serão apontadas por órgãos como a CGU e o TCU, e pela comissão parlamentar de inquérito que talvez surja no Congresso para tratar do assunto. Se surgir, será outro espetáculo, que o governo vê como abjeto, mas, seja o que for, foi ele que baixou a guarda na emissão e no uso dos cartões.


Tanto assim é que já criou algumas restrições em contrário. Mas é preciso ir mais longe. Quem já administrou o uso de cartões pessoais, familiares e corporativos sabe que o risco de descontrole é maior do que nos pagamentos com dinheiro ou cheque. O cartão é uma moeda virtual que, para alguns usuários, é visto com um poder de compra ampliado relativamente à capacidade de pagamento pessoal, a qual é ainda mais menosprezada quando a quitação é feita por outras pessoas e instituições. Nessas condições, o detentor de um cartão, diante, por exemplo, do apelo consumista de um shopping center, costuma fazer deste, conforme já ouvi num evento, o lugar onde se compra o desnecessário com o dinheiro que não se tem Assim, em qualquer governo o risco do mau uso é alto e é preciso restringir, e muito, o seu número, os seus limites e os gastos admitidos, além de ensinar claramente as regras de utilização, com punições rápidas e exemplares se não forem seguidas. Há gente demais com limitações de menos.


Mas para que as altas autoridades do governo possam agir com eficácia e coerência será preciso que seus mais altos escalões sejam tomados por outra filosofia quanto aos gastos públicos. Um governo que se mostra alérgico a conter o conjunto deles, o qual vem tendo expansão contínua e forte, também será leniente nos detalhes do seu controle. É como nas famílias: as que têm muito dinheiro para gastar controlam menos os cartões de seus membros; nas que têm pouco, o controle se impõe como necessidade.


E se a atual moda pega? Imagine-se, por exemplo, o Legislativo, com os parlamentares e seu enorme séquito de assessores nomeados sem concurso, espalhando-se por este país com o dinheiro alheio de plástico nas suas mãos…


O desfile no cartódromo deve continuar depois do carnaval, e será bom que isso ocorra, pois o governo permanecerá pressionado a agir com mais vigor. A pior saída será um retorno a formas menos transparentes de gastos e a ampliação do uso dos cartões em condições de sigilo até aqui frouxamente justificadas.


Roberto Macedo, economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), pesquisador da Fipe-USP e professor associado à Faap, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda’


 


O Estado de S. Paulo


O descontrole dos cartões


‘A demissão da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, exigida pelo presidente Lula, não estancou as revelações sobre o uso impróprio ou ilícito dos cartões corporativos do governo. Já no mesmo sábado passado em que os jornais noticiavam a saída a contragosto da ministra, que em 18 meses sacou do dinheiro de plástico do Executivo para pagar R$ 171,5 mil só com aluguel de carros, divulgou-se que em 2007 três funcionários do Planalto cobriram com seus cartões R$ 205 mil em gastos para abastecer as despensas e adegas das residências oficiais do presidente. Nada necessariamente ilícito, mas decerto ao arrepio da norma que restringe pagamentos e saques com cartão a situações emergenciais (como hospedagem e alimentação dos seus titulares em viagem, no exercício de sua função pública, por exemplo). O decreto de janeiro de 2005 que regulamentou o uso dos cartões, criados em 2001 e distribuídos atualmente a 11.500 agentes públicos, fala ainda em aquisição de materiais, contratação de serviços de pronto pagamento e entrega imediata, compras de passagens aéreas e diárias.


Não surpreende que muitos dos seus portadores tenham interpretado com liberalidade excessiva o texto legal. Dados expostos no Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU), revelam que o cartão corporativo do segurança pessoal da filha de Lula, Lurian Cordeiro, residente em Florianópolis, serviu no ano passado para comprar autopeças, ferragens, combustível e munições – no valor aproximado de R$ 55 mil, ao todo. Já em São Bernardo do Campo, seguranças da família do presidente pagaram com o cartão do governo, em três anos, despesas as mais diversas, incluindo a montagem e o aparelhamento de uma academia privativa de ginástica. No total do período, foram R$ 149,2 mil. O Portal contém preciosidades. Um funcionário da área de recursos logísticos do Ministério das Comunicações assinou uma compra de R$ 1.400 numa loja do Distrito Federal que vende mesas de sinuca e de pingue-pongue. O gasto não é despropositado, considerando-se o que a loja vende. A sua razão de ser, um mistério. Assim como os R$ 499 deixados pelo Banco Central, via cartão, numa loja de calçados e bolsas.


Somando-se os tostões, chega-se a uma fatura extravagante – e em expansão vertiginosa. Como este jornal revelou na edição de 13 de janeiro, as despesas do governo quitadas com cartões corporativos vêm crescendo de ano para ano. Passou-se de R$ 14,1 milhões em 2004 para R$ 75,6 milhões em 2007, dos quais R$ 58 milhões em saques nos caixas eletrônicos. Apenas a Presidência respondeu por R$ 4 milhões do total geral. Isso se sabe. O que não se sabe, a rigor, é quem gasta quanto em que – no Planalto, na Esplanada, nas autarquias, nas agências reguladoras, em suma, na infinidade de parafusos da máquina. Nesse labirinto, a fiscalização é praticamente impossível. Não poderia ser de outro modo quando se descobre, para dar um exemplo, que pelo menos 10 dos 37 ministros declaram gastos com os cartões em nome de assessores e outros subordinados. (Sem falar no caso da ex-ministra: um dia antes de se ir, como quem lava as mãos, ela demitiu dois funcionários que a teriam induzido ao ‘erro administrativo’.)


O caso Matilde obrigou o governo a se mexer. Há uma semana, anunciou-se que saques em dinheiro com o cartão passarão a depender de autorização prévia e justificação da necessidade – ainda assim, limitados a 30% do limite de cada cartão e a setores determinados da administração. Locações de veículos mediante cartão, só em situações excepcionais. Bilhetes de viagens e diárias, em nenhuma hipótese. Mesmo supondo que as medidas moralizadoras sejam instituídas como prometido, não está claro, de um lado, se elas servirão para ensinar aos portadores dos cartões – 99% dos quais não ocupam altos cargos no governo – as virtudes públicas da moderação no uso do dinheiro alheio; tampouco está claro se virão a contribuir para estreitar significativamente o controle sobre a utilização apropriada desse meio de pagamento.


A adoção, no âmbito governamental, do cartão de crédito corporativo, corriqueiro no mundo dos negócios, foi um progresso para a desburocratização de certos gastos. O problema é o policiamento do abuso, quando são tantos e tão dispersos os usuários e os dispêndios.’


 


Demétrio Magnoli


Matilde, fale-nos sobre o Quênia


‘Nossos racialistas decidiram que não existem brasileiros, mas apenas comunidades expatriadas que coabitam este vasto país. Primeiro, decidiram que somos ‘brancos’ ou ‘negros’. Depois, renomearam os ‘negros’ como ‘afrodescendentes’, o que supõe que os demais sejam ‘eurodescendentes’ ou, como preferem alguns deles, ‘italodescendentes’, ‘hispanodescendentes’, ‘germanodescendentes’, etc. A Universidade de Brasília, núcleo da política de raças, chegou a criar um Centro de Convivência Negra, algo que sugere uma segregação racial do espaço do campus. Eles se exibem, cheios de medalhas acadêmicas, como especialistas em etnias. E exibem a África como um berço único, uma comunidade ancestral, a pátria de uma raça. Pergunto-me por que não falam sobre o Quênia.


Os racialistas daqui conhecem os de lá. Juntos, participam de redes internacionais de ONGs, patrocinadas pelas mesmas organizações e fundações filantrópicas, que promovem incontáveis seminários sobre diversidade, etnia e raça. Eles estiveram todos no Fórum Social Mundial de Nairóbi, no Quênia, há um ano. Duvido que os racialistas daqui não saibam que os de lá não acreditam na existência de ‘afrodescendentes’, pois reconhecem que não há algo como uma ‘cultura africana’. Mas os racialistas de lá, como os daqui, repelem os conceitos de nação e cidadania, dedicando-se, noite e dia, a traçar linhas divisórias entre etnias e a advogar políticas de ação afirmativa baseadas em classificações étnicas.


África, de fato, não existe senão como denominação geográfica. Figuras como uma ‘cultura africana’ ou ‘africanidade’ são artefatos ideológicos: a única característica geral da África é a diversidade. Mas essa diversidade se expressa em múltiplos níveis, do pequeno clã a grandes nações. Ela está em fluxo permanente e não pode ser congelada nas categorias étnicas elaboradas pelos colonizadores, que também são artefatos ideológicos.


Nos tempos coloniais, sob os britânicos, o censo do Quênia adotou o procedimento de classificar os habitantes do país segundo critérios fabricados pela antropologia européia. Depois da independência, a etnia infiltrou-se no jogo político, convertendo-se em fonte de chantagens sem fim das elites tribais em busca de cargos governamentais e sinecuras públicas. Em 1999, quando o regime de Daniel Arap Moi se afundava numa crise terminal, o censo aboliu as classificações étnicas. O Minority Rights Group, ONG britânica financiada, entre outros, pela Fundação Ford, faz campanha ativa no Quênia pela classificação censitária das etnias – e oferece como subsídio o seu próprio quadro étnico do país, que é uma reconstrução atualizada da ‘etnografia científica’ dos colonizadores.


Sob Jomo Kenyatta e Arap Moi, o Quênia conheceu quatro décadas de governos autoritários que exploraram episodicamente, em seu próprio proveito, a carta das divisões étnicas. Em 1992, Arap Moi incendiou as paixões étnicas no Vale do Rift, a mais diversificada província do país, jogando os nativos kalenjins contra os ‘forasteiros’, especialmente os kikuyus. O advento da democracia, em 2002, trouxe um governo amparado numa coalizão partidária interétnica e a promessa de um país para todos os seus cidadãos.


A carta étnica desapareceu momentaneamente da cena institucional, mas ressurgiu pelas mãos das ONGs internacionais. Os kikuyus, que habitam predominantemente as terras férteis da Província Central, formam a etnia mais numerosa e representam cerca de 22% da população queniana. Os racialistas de lá, manipulando inescrupulosamente estatísticas fiscais e de renda, acusam os kikuyus de se apropriarem da maior parcela dos recursos nacionais. Esse argumento, reproduzido à exaustão na mídia queniana, tornou-se um pretexto político eficiente quando a coalizão de governo, devastada pela corrupção e pelas rivalidades entre seus líderes, implodiu em duas facções inconciliáveis.


O presidente Mwai Kibaki é kikuyu. Seu rival, Raila Odinga, é luo. Eles não se lembravam disso quando eram aliados. Em 2006, o senador Barack Obama, que rejeita os conceitos de raça e etnia, visitou o Quênia, terra natal de seu pai. ‘Vocês começam a ver o ressurgimento das identidades étnicas como base para a política’, alertou, conclamando as pessoas a votarem em programas, não em etnias. Mas, então, Kibaki e Odinga já haviam redescoberto suas ancestralidades e identidades étnicas. De 27 de dezembro para cá, cerca de mil quenianos foram assassinados e 250 mil se tornaram refugiados internos.


Os manuais de História dizem que as potências européia dividiram a África, a partir da Conferência de Berlim de 1885. Essa é uma idéia curiosa, pois nos tempos pré-coloniais existiam mais de 10 mil entidades políticas na África. Os europeus, efetivamente, provocaram uma brutal unificação da África, comprimindo esses milhares de entidades em poucas dezenas de Estados. Mas o colonialismo durou menos de um século, tempo insuficiente para exterminar a diversidade prévia, que se reinventa incessantemente no interior dos Estados africanos independentes. Essa diversidade é a fonte na qual se saciam os promotores das políticas étnicas.


Uma coisa é reconhecer as diferenças de língua, cultura, crenças e religiões, exigindo que sejam respeitadas, e outra muito distinta é fixá-las na lei e convertê-las em categorias políticas. A primeira atitude decorre do princípio dos direitos humanos. A segunda corresponde a uma operação de poder. As ONGs racialistas fabricam as armas políticas que são usadas nas ‘guerras étnicas’.


Não é verdade que os quenianos se estejam matando como selvagens. A verdade é que milícias controladas pelos líderes políticos estão matando selvagemente os quenianos. Não fale sobre cartões de crédito, ex-ministra Matilde Ribeiro. Fale-nos sobre o Quênia.


Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br’


 


TERROR
O Estado de S. Paulo


EUA exibem vídeo em que meninos armados são treinados pela Al-Qaeda


‘O Exército americano informou ontem ter encontrado vídeos impressionantes, com cenas de meninos sendo treinados pela Al-Qaeda no Iraque. As imagens mostram garotos usando máscaras pretas, carregando armas e cartuchos de munição, correndo por entre muros feito de barro, abrindo várias portas com o pé e apontando revólveres para a cabeça de homens ajoelhados. Alguns dos meninos aparentam ter no máximo 10 anos.


Os militares disseram que os militantes estão treinando os garotos para seqüestrar e matar. Segundo o Exército, o vídeo foi encontrado, em dezembro, num suposto esconderijo do grupo ao norte de Bagdá e é um sinal de como a Al-Qaeda está sedenta por novos recrutas.


‘A Al-Qaeda no Iraque quer envenenar a próxima geração de iraquianos’, disse o general Gregory Smith, porta-voz do Exército dos EUA. ‘Eles estão oferecendo as crianças como a próxima geração de mujahedin’, afirmou.


O militar disse que não é possível saber quantas crianças estão sendo treinadas pelos insurgentes, mas afirmou que é cada vez maior o número de mensagens do grupo direcionadas a meninos publicadas em sites ligados à Al-Qaeda. Segundo Smith, os militares acreditam que as crianças mostradas no vídeo estão participando do treinamento por vontade própria.


Na gravação, os meninos forçam um homem e descer de sua bicicleta e, em seguida, gritam para que ele os acompanhe. Depois, fazem o mesmo com o motorista de um carro. É possível ouvir também um homem dando instruções sobre como usar fuzis AK-47, pistolas e lançadores de granadas. Na seqüência, os garotos se reúnem num círculo e juram fidelidade à Al-Qaeda.


Já haviam sido encontradas gravações mostrando crianças fingindo ser insurgentes, mas é a primeira vez que um vídeo mostra um treinamento de crianças organizado.’


 


TELECOMUNICAÇÕES
Nilson Brandão Junior e Gerusa Marques


Oi e BrT correm para anunciar fusão na semana que vem


‘O memorando de entendimentos para a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (ex-Telemar) deverá ser concluído e divulgado no início da semana que vem, provavelmente na segunda ou terça-feira. Fontes envolvidas contam que os acionistas das duas empresas estão mantendo essa meta, apesar da iniciativa do partido Democratas (DEM), que planeja questionar o acordo na Justiça. Os envolvidos correm para aprontar o negócio o quanto antes, independente da guerra política em torno do assunto.


A eventual fusão da Oi com a Brasil Telecom (BrT) encontra resistências de partidos da oposição mesmo antes de ser concluída. O Democratas decidiu que entrará na Justiça contra a união das duas empresas tão logo o negócio seja aprovado pelo governo. O presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), considera a operação uma ‘ilegalidade’. Ele afirmou que uma fusão como essa gera concentração no mercado de telefonia fixa e prejudica o consumidor.


A decisão de questionar o negócio na Justiça foi aprovada pelo conselho político do partido, em reunião há duas semanas, em São Paulo, e está apoiada em parecer da assessoria jurídica do DEM. O documento da assessoria diz que um eventual decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovando a fusão ‘apenas revelará, no final das contas, clara contribuição do Chefe do Poder Executivo à prática de infração à ordem econômica’.


‘Não queremos entrar nessa seara política. Faz parte do jogo político. O fato é que o negócio não traz prejuízo para os consumidores, o País. Isso tudo vai ficar claro durante a divulgação do acordo’, argumentou uma fonte ligada a um dos acionistas envolvidos no negócio. Segundo ele, faltam apenas ajustes finais na estrutura do acordo, cujos valores já estão definidos. O controle da BrT sairá por R$ 4,85 bilhões e outros R$ 3,7 bilhões poderão ser usados na compra de direitos e ações dos minoritários.


O interesse em fechar logo o negócio não vem de hoje. Ainda em janeiro, a idéia era finalizar o memorando de entendimento antes do Carnaval. Como as duas empresas têm uma complexa estrutura acionária acima das operadoras, envolvendo até cruzamentos de participações, vários cálculos e ajustes precisam ser feitos para a concretização do negócio. Em paralelo, os acionistas La Fonte, de Carlos Jereissati, e Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade, consolidarão o controle do Grupo Oi.


Para o DEM, a união das duas operadoras vai contra as diretrizes da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), explica Maia. ‘A lei geral trata do estimulo à competição e essa fusão não vai estimular a concorrência’, afirmou o deputado, ressaltando que Oi e Brasil Telecom, juntas, terão mais de 70% do mercado de telefonia fixa. ‘O setor de telecomunicações foi privatizado para ampliar a concorrência, não para concentrar’, acrescentou.


PRIVILÉGIO


O presidente do DEM questiona ainda a possibilidade de o governo tomar uma decisão apenas para beneficiar duas empresas e não todo o setor de telecomunicações. A maioria dos especialistas do setor afirma que, para permitir a compra da BrT pela Oi, é necessária a edição de um decreto presidencial mudando o Plano Geral de Outorgas (PGO), instrumento que determina a área de atuação de cada empresa.Essa mudança deverá vir precedida de uma discussão na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).’


 


BLOG CORPORATIVO
Ana Paula Lacerda


Empresas buscam ‘blogueiros’


‘Das 500 maiores empresas do mundo, apontadas pela revista Forbes, apenas 9% possuem blogs corporativos que possam ser acessados pelos internautas através da Web. ‘No Brasil, ainda estamos pesquisando, mas certamente esse número é ainda menor’, diz o consultor de internet da W3 Geoinformação, Aloísio Sotero. Mas há um movimento de criação de blogs corporativos. ‘Atualmente, estamos com projetos para a criação do blog de 5 CEOs, nas áreas de varejo, serviços e tecnologia’, diz ele. ‘Primeiro, esses blogs serão abertos para os funcionários das empresas. Talvez, mais tarde, eles se tornarão públicos.’


O interesse em conhecer melhor o funcionamento e alcance fez com que a Jump Education, uma instituição especializada no ensino de tecnologia, criasse um curso para executivos com foco na criação de blogs corporativos. ‘Tivemos uma procura muito grande, principalmente pelos diretores de comunicação das empresas’, comenta a diretora de conteúdo da Jump Education, Maristela Alves.


Segundo ela, isso ocorreu porque as empresas perceberam que muitos clientes gostam de ter um canal mais interativo de comunicação, e o blog permite que eles façam comentários sobre as atividades da empresa. ‘As empresas estão entendendo que essa pode ser uma ferramenta que pode gerar mais negócios e mostrar transparência ao consumidor.’


A diretora de mídia da L?Oreal, Patrícia Barbieri, diz que a empresa estuda a possibilidade de ter um blog. ‘Não há nada definido, mas não podemos negar que é uma ferramenta interessante.’ Para ela, quando a empresa cria um blog, precisa ter um objetivo claro. ‘Não vamos criar só porque outras empresas têm. Toda empresa pode ter um blog, desde que tenha uma estratégia de comunicação definida.’


Sotero, da W3, concorda. ‘Primeiro a empresa tem de saber para quem quer escrever. Depois, quem vai escrever o blog. Pode ser o CEO, um diretor ou uma equipe, mas precisa ser alguém que conheça bem a empresa.’


A publicitária e blogueira da Natura, Luciana Bullara, diz que cada empresa deve buscar o profissional mais adequado para cuidar de seu blog. ‘Eu sou consultora da Natura e gosto do estilo de vida que a empresa prega. Não sei se conseguiria escrever o blog de uma montadora.’


Para o vice-presidente da Adrenax Capital, Gil Giardelli, os bons blogs corporativos são aqueles que não pensam apenas em vender produtos. ‘É preciso falar de tudo que possa interessar ao seu público-alvo.’ Ele cita como blogs interessantes os do HSBC e da Melissa, no Brasil. ‘Eles criaram no internauta o hábito de ler.’ E o mais importante: abrem espaço para discussão.


‘Se não houver espaço para comentários, o blog vira um veículo chapa-branca’, diz Giardelli. Ele cita como exemplo o blog da companhia aérea JetBlue, nos EUA. ‘Após uma série de problemas nos aeroportos, representantes da empresa pediram desculpas aos consumidores pelo blog. Foram elogiados.’ Ele também elogia o blog do Google.


O BOM BLOG


Transparência: Um bom blog corporativo fala das novidades da empresa – boas e ruins – e assuntos que interessem ao público-alvo, com espaço para os internautas comentarem. Críticas devem ser recebidas e respondidas, não apagadas.


Moderação: Apesar do espaço livre para comentários, deve-se manter a ordem no blog. Ofensas e palavrões, por exemplo, não devem ser aceitos.


Periodicidade: Tenha dias certos para escrever, para criar o hábito de leitura.


Linguagem: Os textos do blog devem parecer uma conversa, não um relatório. Use linguagem leve, mas evite a linguagem de internet onde se abreviam e trocam letras.’


 


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Microsoft pode ter de pagar mais pelo Yahoo


‘A Microsoft pode ter de elevar sua oferta pelo Yahoo – de US$ 44,6 bilhões – se quiser mesmo ficar com a empresa, segundo analistas. O valor por ação proposto pela Microsoft é de US$ 31 por ação, enquanto, para bancos como UBS e Citi, esse valor deveria ser de no mínimo US$ 34. ‘Em um negócio hostil, o comprador geralmente não começa com sua melhor e última oferta e nós não ficaríamos surpresos se a Microsoft aumentar o valor para facilitar a decisão da diretoria do Yahoo’, informou o UBS.’


 


Yahoo ainda não se decidiu, diz Yang


‘O presidente-executivo do Yahoo, Jerry Yang, enviou um comunicado aos empregados da empresa afirmando que nenhuma decisão foi tomada ainda sobre a oferta feita pela Microsoft para a compra da empresa. Yang disse na mensagem, encaminhada para a Securities and Exchange Comission, órgão que fiscaliza o mercado de capitais dos EUA, que o conselho de administração do Yahoo está avaliando diversas alternativas estratégicas potenciais e contratou ‘conselheiros de alto nível’ para ajudar a empresa nesse processo.’


REFLEXOS
Tonica Chagas


Escândalo atingiu executivo da Time Warner


‘A desarticulação da rede de prostituição de luxo de Andréia Schwartz, em 1º de junho de 2006, arranhou a credibilidade de dois executivos de grandes empresas, ambos casados. O escândalo teve reflexos na Time Warner e na consultoria de negócios Barrett & Associates – que dispensou seu diretor de Investimentos, Robert Voccola, de 69 anos.


O executivo estava no apartamento de Andréia, na noite em que a polícia a prendeu, com mais duas mulheres. No depoimento, a brasileira disse que Voccola era um ‘protetor’ e, em um ano de relacionamento, lhe dera US$ 50 mil. O executivo, que estava na Barrett & Associates desde 1987, foi suspenso e teve de deixar a empresa.


Andréia citou também o vice-presidente e diretor financeiro da Time Warner, Wayne Pace, de 58 anos. Com esse outro ‘protetor’, ela teria mantido relações entre 2001 e 2004. Pace teria lhe dado US$ 200 mil, o suficiente para que ela comprasse um apartamento na região de Chelsea, em Manhattan, que ela vendeu para adquirir o do Central Park. A Time Warner informou que investigou Pace e que ele não usou dinheiro da empresa para pagar a brasileira.


Com Andréia, foram detidas a coreana Minatee Park, de 32 anos, e a brasileira Cláudia Figueira de Castro, de 28. Ambas pagaram fiança de US$ 1 mil e respondem ao processo em liberdade.’


 


***


NY condena capixaba que criou rede de prostituição


‘Acusada de controlar uma rede de prostituição para executivos, de tráfico e posse de drogas e de lavagem de dinheiro, a capixaba Andréia Schwartz, de 32 anos, foi condenada, ontem, na Suprema Corte de Nova York, a 18 meses de detenção. Como já passou 20 meses presa, deve ser deportada, nas próximas semanas, para o Brasil. Andréia está na cadeia desde 1º de junho de 2006, quando estourou o escândalo, destaque nos tablóides nova-iorquinos.


Um acordo entre o advogado de defesa, Anthony Lombardino, e o promotor Artie McConnell evitou que Andréia ficasse mais anos na prisão, mas ela teve de se declarar culpada nas acusações de prostituição e posse de droga. Nos casos de tráfico e lavagem de dinheiro, a sentença poderia variar de 15 anos de detenção a prisão perpétua.


Andréia perdeu um apartamento no Central Park, avaliado em US$ 1,2 milhão, e cerca de US$ 300 mil foram confiscados de sua conta bancária. Com os bens congelados, Andréia não pagou fiança de US$ 500 mil e respondeu ao processo presa. Pelo acordo, ela terá direito apenas a pertences pessoais e a US$ 150 mil.


CILADA


No tribunal, Andréia afirmou ao juiz Michael Obus que nunca foi prostituta ou lésbica, como foi divulgado, e se sentia pressionada a aceitar o acordo. ‘As provas foram forjadas, e o que apresentaram foi uma confissão falsa’, acrescentou.


Dois dos policiais que a prenderam estavam na corte. A brasileira deu a entender que caiu numa cilada das autoridades – logo depois que ela se mudou para o apartamento do Central Park, em fevereiro de 2006, um policial conquistou sua confiança e passou a investigá-la secretamente. O juiz perguntou, então, se ela queria continuar com o caso ou se aceitava o acordo. Andréia optou pelo último.


No depoimento à polícia, Andréia admitiu que liderava uma rede de prostituição, e os programas variavam de US$ 700 a US$ 1.500, dependendo do número de parceiras que o cliente quisesse. Ao ser presa, ela disse que, desde 2001, tinha lucrado US$ 1,5 milhão e investido parte do dinheiro no apartamento. Os boatos sobre a fortuna da brasileira ganharam corpo com a informação de que ela estava comprando o 6º andar do antigo Plaza Hotel, que já foi o mais luxuoso de Nova York. Com o escândalo, o negócio foi desfeito.’


 


CINEMA
Livia Deodato


O meu nome é Olivia


‘Ela não costuma fazer shows. Compõe, faz os arranjos e grava suas canções em casa mesmo, com a ajuda do amigo Josh Crocker, responsável pelos ‘pitacos’, mixagem e toda a programação eletrônica. Aprendeu a tocar piano lá pelos 6, 7 anos, é fera no violão e tem uma voz sublime, que conquistou Fabio Mondego, um dos produtores musicais do longa Meu Nome Não É Johnny, dirigido por Mauro Lima. Olivia Broadfield, nome pouco conhecido ainda no cenário musical, é inglesa de Burbage, a quase 200 km de Londres. O encontro entre ela e o brasileiro seria pouco provável se não fosse o milagroso advento da internet, mais especificamente do MySpace, website que torna mais democrático o acesso a novos e talentosos artistas independentes.


Aconteceu mais ou menos assim: lá por outubro, Fabio estava na pilha produzindo a trilha do filme que estreou em 4 de janeiro e já levou mais de 1 milhão de pessoas ao cinema. Ele e seus comparsas Marco Tommaso, seu irmão Fael Mondego e o próprio diretor do longa, Mauro Lima, responsáveis por toda a criação e edição das músicas que ambientariam as peripécias do ex-traficante de classe média João Guilherme Estrella, viajavam por melodias e arranjos do pop ao rock. Mauro queria incluir a música It’s a Long Way, do álbum Transa, de 1972, de Caetano Veloso, no exato momento em que Estrella é pego em flagrante, com 6 kg de cocaína (mais tarde a canção acabou entrando também na parte final do filme, quando o réu recebe liberdade condicional, o que evidenciou ainda mais a voz de Olivia).


Paralelamente a isso, Fabio passeava pelo MySpace e entrou em contato com o compositor Shawn Lee para negociar os direitos autorais da música Bollywood. Dois dias depois, Olivia, que estava no contato estendido de Lee, leu o bate-papo por meio de recados virtuais entre os dois, e deixou uma mensagem na página de Fabio. Ela dizia: ‘Se você curtiu as músicas do Shawn, dá uma olhada nas minhas. De repente, são bacanas para o seu filme. Eu sempre quis fazer parte de uma trilha sonora.’ Fabio, de 31 anos, ouviu as canções da garota de 26 e se encantou instantaneamente. ‘Achei ótimas as músicas dela, mas não para o filme.’ O diretor Mauro também foi acometido pelo mesmo feitiço quando ouviu a voz de Olivia pela primeira vez. Achou genial a idéia de fazê-la interpretar a canção do Caetano.


It’s a Long Way ganhou uma versão sombria e pesada pelas mãos do quarteto. Segundo Mauro, ‘o arranjo dela é ‘heroinado’, fazendo alusão à droga. ‘A base foi feita toda aqui e depois a enviamos para Olivia gravar por cima, somente a parte da letra em inglês. Eu me lembro até que ela nos perguntou se queríamos que cantasse a parte em ‘espanhol’ também’, ri Fabio. De fato, Olivia tem pouquíssimas informações sobre o País. As duas primeiras coisas que lhe vêm à cabeça quando pensa no Brasil são ‘diversão e muita gente bonita’. Nunca tinha ouvido falar de Caetano. Para ajudá-la, Fabio comparou o talento e a fama de Caetano à estirpe de Bob Dylan, lembra a cantora. ‘Então ele deve ser mesmo muito grande aí no Brasil’, completa.


O contato entre os produtores musicais e Olivia se deu única e exclusivamente por e-mails. Será que Fabio correu o risco de ela ter em casa um aparelho ultratecnológico que distorce a voz para aquele tom angelical? Ele gargalha: ‘Então também vou querer um desse.’ O músico, que já tocou guitarra na banda de Lulu Santos durante três anos e atualmente faz parte de Os Impossíveis, ao lado dos Marcelos Serrado e Novaes, bem que tentou armar a vinda de Olivia para o Rio. Ele queria que ela cantasse, ao vivo, na festa da trilha, no dia da estréia nacional do longa baseado em história real e retratado primeiramente no livro do jornalista Guilherme Fiúza. ‘Ia ser sensacional, mas acabou não rolando. Acho que vou dar um toque para a Monique Gardenberg e, quem sabe, ela não promove a vinda da Olivia para o próximo TIM Festival’, sugere Fabio.


PRIMEIRO ÁLBUM


Os brasileiros que têm um perfil básico cadastrado no MySpace podem ter recebido, nos últimos dias, uma mensagem do selo britânico Cherry Bang, que produz apenas intérpretes femininas, entre elas Olivia Broadfield. ‘Ela acabou de participar da trilha do filme Meu Nome Não É Johnny cantando a música It’s a Long Way, do Caetano Veloso, e adoraríamos que você visitasse o MySpace dela e ouvisse suas canções. Ela realmente amaria ir ao Brasil se apresentar, então precisamos arrebanhar quantos fãs brasileiros forem possíveis!!!’, dizia a mensagem recebida pela reportagem na semana passada. Olivia estava online naquele exato momento e não hesitou em bater um papo por telefone, cinco minutos depois. ‘Ela é ótima, superacessível’, reitera Fabio.


Ao acessar sua página virtual (http://myspace.com/oliviabroadfield), descobre-se que Olivia acabou de lançar seu primeiro álbum, intitulado Eyes Wide Open. Todo autoral, ela já conseguiu emplacar algumas de suas baladas ‘pop eletrônicas’, como ela mesma define, em seriado, programa televisivos e até no cinema. Lost in You foi mostrada em The Hills, série da MTV americana, enquanto a canção homônima do CD integra tanto a trilha sonora do novo filme The Eye (refilmagem do coreano Jian Gui, de 2002), previsto para estrear ainda este mês nos Estados Unidos, quanto na série também americana The Dead Zone, inspirada no livro homônimo de Stephen King que deu origem ao filme de 1983 de David Cronenberg.


As influências musicais de Olivia Broadfield são facilmente identificadas no seu estilo, no seu timbre de voz, em suas interpretações. ‘Adoro a Feist e a Rachael Yamagata, elas são incríveis’, desmancha-se como uma mortal fã. As doces e marcantes vozes de outras tantas cantoras talentosas, como Imogen Heap, Tegan and Sara, Frou Frou, Regina Spektor e Joan as Police Woman, também são fontes às quais Olivia recorre costumeiramente.


Coincidência ou não, Fabio Mondego não só estreou no cinema, como está prestes a também lançar o seu primeiro álbum-solo, sem título ainda. Músicas próprias, no melhor estilo pop rock, cantadas em português e inglês. Talvez inclua alguma faixa que compôs para a trilha de Meu Nome Não É Johnny, CD que já vem sendo vendido bem antes da estréia do filme. ‘Não teve um bochincho muito bom. Infelizmente, trilhas sonoras de filmes nacionais ainda não são muito comentadas. Estou achando ótima essa conversa, é a primeira vez que dou entrevista sobre a trilha do filme.’ Recado dado.’


 


Luiz Carlos Merten


Começa o mais político dos festivais


‘Mais de 200 mil ingressos já foram vendidos para as milhares de sessões – cada programa é exibido pelo menos três vezes – dos 400 filmes que compõem a programação do 58º Festival de Berlim, que começa hoje. A Berlinale, como o evento é conhecido, é cronologicamente o primeiro dos grandes festivais europeus. Na seqüência virão Cannes, em maio, e Veneza, em setembro. Berlim é o primeiro, e o mais político. Embora seja este o seu recorte, o Festival de Berlim de 2008 promete ser também uma festa de glamour e mundanidade de fazer inveja à Croisette.


Martin Scorsese inaugura o festival com seu documentário Shine a Light, sobre os Rolling Stones, e o que se anuncia é que o próprio Mick Jagger poderá vir abrilhantar a primeira noite desta grande festa do cinema. Se a sua surpresa se confirmar, a Berlinale de 2008 corre o risco de virar um grande evento pop/rock. Afinal, Madonna também deve vir mostrar sua estréia na direção, Filth and Wisdom, numa das mostras paralelas. E já que estamos falando de celebridades, Dieter Kosslick, diretor-geral da Berlinale, garante que estão confirmados Daniel Day-Lewis, Julia Roberts, Scarlett Johansson. Isso para não falar nos diretores – Paul Thomas Anderson, Mike Leigh, Johnny To, Robert Guédiguian.


Dez anos depois de Central do Brasil (em 1998), o Brasil volta a concorrer ao Urso de Ouro, desta vez com um filme que virou fenômeno no País – Tropa de Elite, de José Padilha. Para o diretor, concorrer em Berlim tem um doce sabor de revanche. No Brasil, seu filme foi muito falado, mas o que os críticos menos discutiram foi o valor de Tropa de Elite como cinema. O impacto político e sociológico do filme, seu enfoque da violência urbana, a reação popular que transformou o Capitão Nascimento (personagem de Wagner Moura) num herói – coisa que ele não é -, tudo isso foi tão forte que praticamente não se comentou outra coisa. Para Padilha, será, quem sabe, um grande teste passar por uma platéia que não verá o filme com a o mesmo olhar dos brasileiros. Tropa de Elite ganhará com isso? O filme tem chance no Urso de Ouro?


O presidente do júri, o cineasta greco-francês, ou franco-grego, Costa-Gavras, virou sinônimo de cinema político, com filmes como Z, A Confissão, Estado de Sítio e Missing – O Desaparecido. Costa-Gavras parece ser o homem certo em Berlim, festival que também tem vocação política. Mas Costa-Gavras, há quase sete anos, ficou mais horrorizado do que fascinado ao assistir a Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, no Festival do Rio. Qual será sua reação agora à violência do Bope, o Batalhão de Operações Especiais da polícia do Rio, tal como é retratado no filme de Padilha?


Tropa de Elite é o único filme brasileiro da competição, mas vários outros filmes nacionais – Maré, Uma História de Amor, de Lúcia Murat; Estômago, de Marcos Jorge; Mutum, de Sandra Kogut; Café com Leite, de Daniel Ribeiro; e Tá, de Felipe Sholl, serão exibidos em mostras paralelas como Panorama, Forum, Generation Plus e Teddy. Indiretamente, o Brasil participa de Café de Los Maestros, de Miguel Kohan, da Argentina, porque o filme é produzido por Walter Salles. No total, a Berlinale vai reunir 19 mil profissionais de 120 países. O número de jornalistas credenciados chega a 4 mil, sinal de que o festival não pára de crescer.


De olho no presente (e no futuro), Berlim não descuida do passado. A retrospectiva deste ano homenageia Luis Buñuel, devendo exibir cópias restauradas de filmes que o grande diretor realizou na França, na Espanha e no México. Todo ano, a Berlinale atribui um Leão de Ouro especial de carreira a uma grande figura do cinema. Este ano, o homenageado será Francesco Rosi. Como diz Dieter Kosslick, os filmes de Rosi nos convencem ainda hoje por sua força explosiva. Ele é um clássico do cinema comprometido politicamente e a Berlinale promete lembrá-lo exibindo filmes que fazem parte da história como O Bandido Giuliano, Le Mani Sulla Città, O Caso Mattei e Três Irmãos.’


 


Franthiesco Ballerini


Uma nova era chega à Hollywood indiana


‘Mumbai, Índia – A maior indústria de cinema do mundo desembarca hoje pela segunda vez em São Paulo. A Cinemateca Brasileira, em parceria com a Academia Internacional de Cinema, promove a 2.ª Mostra de Filmes de Bollywood até o dia 17 de fevereiro. Uma oportunidade para conferir os maiores sucessos de bilheteria e os filmes que representam a transição da indústria cinematográfica da Índia.


A reportagem do Estado foi conferir de perto, com exclusividade, que transição é essa que está modificando a indústria que produz mais filmes no mundo – cerca de mil e 3,6 bilhões de ingressos vendidos por ano.


O reconhecimento de Bollywood como indústria pelo governo, em 2000, começou a varrer do mapa indiano o estilo de produção caótico e de estrutura familiar que imperava no país desde o começo do século 20. Amit Khanna, presidente da Reliance Entertainment – uma das mais poderosas multinacionais da Ásia – explica que, durante um século, o cinema indiano se fortaleceu graças a um esquema infalível: produzir filmes baratos, com metade do dinheiro arrecadado pelo produtor para não sair no prejuízo nunca. O que acontecia é que, além de pagar os juros do empréstimo, o produto barato ainda era visto por milhões de indianos que pagavam alguns centavos de dólares pelo ingresso à procura não de cinema de qualidade, mas entretenimento que os tirassem por três horas da dura realidade social da Índia. Assim formou-se a indústria de cinema do país. ‘Em 2020, 70% da população indiana terá entre 8 e 30 anos, enquanto a China está envelhecendo. Nosso mercado só tende a crescer’, diz Amit Khanna.


Derek Bose, escritor e maior especialista vivo de Bollywood, é simples e direto sobre esta questão da transição. ‘Dinheiro não é problema. A questão é que 90% das produções são medíocres e não estimulam o intelecto. A mudança vem porque, com tanto dinheiro no bolso, os produtores agora querem roteiros inteligentes. Estamos numa ?crise narrativa?, em busca de roteiristas criativos’, diz.


Bose se refere ao que até hoje é a maior crítica ao cinema indiano. Todos os filmes parecem seguir uma mesma fórmula: três horas de duração, com um intervalo no meio, sempre com um herói e uma heroína que cantam e dançam a cada 15 minutos. Nunca há beijo, homossexualismo, violência contra a mulher e problemas sociais baseados na realidade. É o eterno conflito do mocinho querendo conquistar a mocinha ao som de deliciosas músicas indianas. ‘Antes, um ator fazia cinco filmes por dia, ia de estúdio para estúdio. Hoje isso não acontece mais. Há filmes ousando não ter final feliz, heroínas nem música’, diz Bose, referindo-se a títulos dessa transição que podem ser vistos no festival, como Kabul Express – com crítica social sem a presença de heroína.Quem quiser conferir os clássicos pré-transição, a dica é Dilwale Dulhania Le Jayenge, que ficou 10 anos em cartaz e tem música, dança e heróis.


A transição, no entanto, está só começando. O cinema indiano ainda é regido por uma forte censura – são seis centros de controle que seguem 32 regras. O país ainda detém só 2% do mercado mundial e a mão de obra é muito mal paga. Mas com tanto dinheiro chegando na Índia, esse painel tem os dias contados para acabar.


Serviço


2.ª Mostra de Bollywood.


Cinemateca Brasileira. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207. Vila Mariana. 3512-6111. De hoje até o dia 17. Programação no site: www. cinemateca.gov.br. Grátis’


 


Produtores querem banir a ‘palavra maldita’


‘Mumbai, Índia – A indústria de cinema indiano ficou conhecida pelo termo Bollywood devido a um mau hábito dos produtores ao longo do século 20. Eles assistiam a um filme de Hollywood e decidiam juntar uma graninha para transpor aquela mesma história com atores indianos. Se o produtor tivesse muito dinheiro, conseguia fazer sua versão de blockbusters como O Exterminador do Futuro e Ghost.


Hoje, com o cinema indiano em transição, Bollywood virou uma palavra maldita entre produtores e diretores. ‘É porque ela não dá conta da diversidade cinematográfica da Índia. Somos um país com 23 línguas oficiais, em que cada região produz seus filmes na língua local’, diz Mahesh Bhatt, famoso produtor do final do século passado que hoje, com a chegada de grandes estúdios, limita-se a participações em programas de TV, como Indian Idol, e pequenos longas.


E enquanto bons roteiristas não são formados na Índia, a revolução do cinema local está nas mãos dos grandes produtores, donos de estúdios gigantescos. O Estado conferiu como funciona o maior da Índia, o YRF Studios, em Mumbai. A sigla significa Yash Raj Films, remetendo ao proprietário e um dos maiores produtores indianos, Yash Chopra (‘Raj’ quer dizer rei em hindi). Entrar neste estúdio é experimentar um verdadeiro choque de realidade. Os altos muros separam as incessantes buzinas, a poeira e a pobreza indiana de salas com ar condicionado, à prova de som e repletas de equipamentos de última geração e profissionais de diversos países do mundo.


Durante a visita ao estúdio, o maior astro indiano da atualidade, o ator de 42 anos, Shah Rukh Khan, estava rodando seu próximo filme, Krazzy 4. O estúdio foi alugado por cinco dias para fazer o musical e embora o astro faça pouco no palco – anda, lança olhares e rebola – mais de 200 pessoas controlam a iluminação, o som e as mais de 15 câmeras usadas na seqüência.


Para diversificar a fonte de renda, Yash Chopra construiu estúdios para qualquer finalidade. Uma empresa inglesa fotografava produtos como janelas e pisos num estúdio. No outro, o canal NDTV Imagine produzia um piloto. No andar de cima, cantores do mundo inteiro gravam seus discos, como fez Nana Vasconcelos em 2007. ‘A Índia é uma pechincha e nosso estúdio é um dos melhores do mundo’, diz Shantanu Hudlikar, engenheiro de som. ‘Filmes de baixo orçamento vêm aqui investir num bom trabalho de som para parecerem de alto padrão’, comenta Anuj Marthur, engenheiro de mixagem de som.’


 


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


Entre- linhas


‘A Play TV quer aumentar seu quadro de VJs. Nas últimas semanas, foram realizados testes na emissora para o cargo. Nenhum famoso à vista, por enquanto.


A Globo Marcas acaba de lançar as duas temporadas da série Antônia. O preço é de R$ 42 e a previsão é estar nas lojas de todo o Brasil até o final desta semana.


Neste domingo, à meia-noite, Diogo Mainardi, apresentador do Manhattan Connection, troca de lugar com Fernanda Young, no Irritando Fernanda Young, do GNT. Ele vai ouvir o que deixa a apresentadora mais irritada.


Na cobertura de carnaval, a RedeTV! exibiu à exaustão a plastificada Ângela Bismarchi. Foi quase uma overdose. Já a Globo não deu bola para Sabrina Sato, da Rede TV!, mas deu todo o espaço para Adriane Galisteu, do SBT.


A Cultura e Cesar Giobbi discutem a possibilidade de um novo programa na futura grade da emissora.


Hilariante a cena do delegado Trajano (Cássio Gabus Mendes) e o soldado Brasil (Nando Cunha) em Desejo Proibido, dias atrás. Sempre às farpas com o subordinado, Trajano encerra o assunto citando Tropa de Elite: ‘Está insatisfeito? Pede pra sair!’


Artificial e chatíssimo o jogral dos ex-BBBs que anuncia os telefones para a compra de pay-per-view do programa.’


 


 


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