Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comentários, ofensas e rédeas curtas

A coluna de domingo [4/11/07] do ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, teve como tema um problema que o sítio do jornal enfrenta há pouco tempo: a proliferação de comentários ofensivos de leitores. ‘Como o honrado NYTimes lida com a cultura democrática da internet, na qual se espera que os leitores participem, ao mesmo tempo em que alguns o fazem de maneira ofensiva e constrangedora?’, indaga Hoyt.

No início da semana passada, o jornal optou por permitir comentários sobre os artigos e editoriais em seu sítio. A experiência começou devagar, através de um link em um artigo na rubrica de ciência e em um editorial. Poucas foram as mensagens, pois não houve divulgação. Ao longo da semana, no entanto, mais artigos foram sendo abertos a comentários e a participação do público aumentou.

Monitoração

O NYTimes contratou quatro pessoas por meio período para ler os comentários antes de colocá-los no ar, um investimento incomum na indústria jornalística atual, que passa por conhecida crise financeira. O jornal já permitia comentários em muitos de seus blogs, com as respostas sendo monitoradas pela redação. ‘Não sabíamos que proporção [a abertura para comentários nos artigos] ia tomar, nem como íamos administrar isto’, conta Jim Roberts, editor do sítio.

Pela experiência do NYTimes, um assunto polêmico em um blog poder gerar mais de 500 comentários – isto contando apenas aqueles que seguem as normas de não ser ofensivos ou obscenos e de ser coerentes. Embora ainda haja controvérsias no jornal, é possível fazer comentários usando nicknames – ou seja, apelidos –, desde que não se tente passar por pessoas famosas.

‘Debate civilizado’

A idéia de permitir que os leitores se manifestem tem como objetivo, segundo o publisher Arthur Sulzberger Jr., proporcionar um ‘debate civilizado’ sobre os assuntos do dia. Para que a parte ‘civilizada’ seja mantida, é necessária a monitoração. ‘Queremos garantir a qualidade do material que produzimos e também a qualidade de nossos leitores’, afirma Jonathan Landman, subeditor encarregado dos novos esforços do sítio para permitir maior interatividade.

Hoyt lembra que nem sempre é possível contar com o bom senso dos internautas. Segundo ele, diversas vezes já foram encontrados – e posteriormente retirados – comentários obscenos e ofensivos em blogs do sítio do NYTimes. O ombudsman lembra que outros grandes jornais, como o Washington Post e o USA Today, não têm editores monitorando os comentários antes de divulgá-los. Nestes sítios, há o compromisso em retirar mensagens que sejam ofensivas ou obscenas, desde que sejam denunciadas por algum leitor.