Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

GOVERNO SERRA
Comunique-se

Folha de S. Paulo diz que PM repetiu operação como estratégia de marketing, 17/09/07

‘Uma reportagem da Folha de S. Paulo (link para assinantes) de quinta-feira (13/09) sustenta que a Polícia Militar de São Paulo usou tática semelhante ao que o exército americano fez em Iwo Jiwa, para a famosa foto de Joe Rosenthal: repetiu um procedimento só para ser registrado pela imprensa.

Segundo o repórter-fotográfico Caio Guatelli, a Operação Saturação, realizada na favela Alba, na zona sul da capital paulista, começou às 10h de quarta-feira (12/09) e foi acompanhada por uma equipe da TV Globo e três fotógrafos, envolvendo 667 agentes. Com outros veículos chegando mais tarde, foi feita uma nova operação, atendendo um pedido do governador José Serra.

Trajados com coletes a prova de bala da PM, três fotógrafos – sendo um do Estado de S. Paulo e outro do Diário de S. Paulo – e três equipes de TV, entre elas o SBT e a Bandeirantes, acompanharam os policiais por 35 minutos. Ninguém foi preso, e um helicóptero fazia vôos rasantes com um ‘desembarque tático’ em que agentes desciam de prontidão, mas sem nenhuma ação específica.

Na própria reportagem da Folha a Secretaria de Segurança Pública (SSP) negou que a segunda operação foi uma exibição. Ao Comunique-se, a assessoria da SSP garantiu que a Operação Saturação, idealizada para neutralizar pontos de alto índice de criminalidade, foi realizada durante todo o dia na Alba, com alguns jornalistas acompanhando desde o início e outros chegando depois.’

CRISE FINANCEIRA
Milton Coelho da Graça

Subprime é igualzinho a crédito consignado?, 11/09/07

‘Não, não é igual, é melhor para o banco e pior para o país e o ‘enforcado’. É tão bom que todos os grandes bancos do mundo estão entrando na parada, até o BNP Paribas (que acabou levando uma sacudida e uma boa ajuda do Banco Central), cujo site se orgulha de ‘alto nível no atendimento de alta qualidade a investidores, empresas, instituições financeiras e entidades governamentais em todo o mundo’. E o Itaú comprou o BMG, aquele banco-parceiro de Marcos Valério, que ganhou durante meses um incrível monopólio no crédito consignado promovido pelo INSS, o que deverá levar Renan Calheiros a mais um processo no Conselho de Ética do Senado.

Mas o Paribas está querendo se expandir ‘no varejo’, como explicou seu presidente no Brasil em entrevista nesta sexta-feira, 14/9, ao jornal VALOR. Ele está seguindo exemplo de todos os outros, quer bancar o financiamento do consumo, especialmente o consignado, em que o governo oferece risco zero para a mais moderna forma de agiotagem. Agiotagem (mais de 1% ao mês) é pecado mortal para muçulmanos, católicos e a lei de vários países, inclusive a nossa Constituição, modificada por uma estranhíssima decisão do Supremo Tribunal Federal.

A Máfia costumava emprestar dinheiro a juros altos e, se o ‘mutuário’ não pagasse, quebrava-lhe um dedinho ou dedão em cada cobrança. Mas sempre podia haver um policial não-corrupto por perto ou até o G-Man Elliot Ness, quando não estava atrás do álcool proïbido. Aqui o chamado ‘shark-loan’ (empréstimo de tubarão, literalmente) é garantido por lei. O empréstimo é descontado automaticamente de aposentadoria, pensão, salário de funcionário público e já, já, até os trabalhadores de empresas privadas serão seduzidos por esse crédito fácil. Por que, perguntaria um ingênuo? Porque é um dos motores da demanda interna, do consumo das famílias e, conseqüentemente, de uma parcela do PIB.

Mas só o velho Milton vê isso? Claro que não. O ministro Guido Mantega e o presidente do BC, Henrique Meirelles, vêem isso com muito maior clareza do que qualquer jornalista metido. Estamos gastando por conta do que ainda vamos ganhar, confiando que esse consumo vai estimular a produção e isso, por sua vez, produzirá novos assalariados, mais consumo, mais PIB ad aeternitatem.

Um tal de Ponzi fez mais ou menos isso nos Estados Unidos, na década de 20, criando o famoso esquema da pirâmide. Eu mando uma carta para cinco amigos, pedindo que me mandem 5 pratas. E, por sua vez, cada um deve mandar uma carta igual para outros cinco amigos. E aí, dizia o ‘economista’ e ‘analista de mercado’ Ponzi, sempre haverá dinheiro ‘novo’ para sustentar a ‘pirâmide’.

No consignado está sendo mais ou menos assim. Peguem um desses folhetinhos que são distribuídos geralmente por jovens que ainda não conseguiram acesso ao mercado de trabalho regular. O papel explica que v. pode pedir emprestado ou melhor ainda: se v. já tem consignado, o banco ou financeira (geralmente ligada a um banco ou a uma grande cadeia comercial), bem ali em frente, com outros atendentes bem vestidos, estão dispostos a refinanciar o empréstimo que v. já está pagando.

Vamos dizer que v. fez um empréstimo consignado há um ano e já está se sentindo apertado para pagar as contas ou a mulher está pedindo um novo colchão de molas. A financeira propõe fazer um novo empréstimo por 36 meses, ‘compra’ as prestações que ainda faltam do anterior e ainda dá um dinheirinho correspondente às 12 prestações já pagas. Naturalmente mediante desconto imediato de um jurinho de 2 a 3 por cento ao mês por esse ‘adiantamento’ e também, é claro, sobre as futuras 36 prestações.

Comparem isso com o esquema em que empréstimos imobiliários nos Estados Unidos foram passando de mão em mão, em refinanciamentos cada vez de maior valor e taxas de risco (economicamente racional mas também eufemismo para juro maior) – tudo isso justificado por uma demanda (e, portanto, valorização) crescente dos imóveis. A ‘pirâmide’ dos subprime só secou quando alguns devedores começaram a não pagar – desemprego, doença, briga de amor, acidente, enfim tudo aquilo que pode acontecer aos pobres devedores mortais.

E, aí, começou a avalanche ao contrário. Exatamente o que vai acontecer com o crédito consignado. Quando? Não sei, não conheço modelos ou demonstrativos matemáticos para datas de crise. Nem Delfim – que, inteligentemente, não reconhece economia como ciência.

Mas vai acontecer. Certamente Mantega e Meirelles também sabem disso, mas confiam que a ‘pirâmide’ resistirá pelo menos até uns poucos meses depois de 31 de dezembro de 2010, quando ambos já estarão em outras atividades e Lula não será mais Presidente (o que hoje, entretanto, não parece tão previsível).

As conseqüências não serão apenas financeiras, porque os credores têm plena garantia jurídica para continuar recebendo a dívida. A única solução para os devedores – o dinheiro ficando curto para o aluguel, a comida, a roupa dos meninos, o transporte, o mínimo do mínimo enfim – só poderá ser uma: ir para as ruas e pedir moratória, suspensão dos descontos, subsídios, bolsa-consignado, alguma coisa assim.

Também poderemos ter uma queda rápida do consumo das famílias com reflexos imediatos na produção, no PIB e até no nível de emprego.

Já passei da expectativa normal de vida dos homens brasileiros (76), sofro de artroses e dores diversas, diabetes, um início de aldzheimer e uma porção de outras coisas. Não fiz empréstimo consignado e é pequena a minha chance de participar desses justos protestos populares. Mas vocês, que são mais novinhos, se preparem. Ou, se o consignado continuar sendo uma grande ferramenta do crescimento nacional, me obriguem a entrevistar diariamente Renan Calheiros e Eurico Miranda.

(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

NEVES vs. KFOURI
Marcelo Tavela

Milton Neves é condenado a indenizar Juca Kfouri, 14/09/07

‘O juiz Carlos Eduardo Borges Fantacino, da 26ª Vara Cível de São Paulo, condenou Milton Neves a indenizar Juca Kfouri por danos morais em R$ 48 mil, dado ‘que o réu tem elevada capacidade financeira (…) como por ele próprio apregoado’. A ação – que teve o resultado publicado na segunda-feira (11/09) – foi motivada pelo texto ‘E agora José?’, de autoria de Edgard Soares, mas publicado no site de Neves.

O artigo, originalmente uma coluna do site Futebol Interior, acusa Kfouri – sempre referido como José – de ter sido pago por Pelé para o entrevistar para a Playboy e de responder por ‘trocentas’ ações, incluindo uma por não pagar pensão alimentícia. ‘…o cara escreve em revista de mulher pelada, só faz entrevista de oba-oba, é, então, naturalmente mandado embora, como de todos os outros empregos anteriores, e quer ser levado a sério??!!’, escreveu o colunista.

A defesa argumentou que o processo deveria ser movido contra Edgard Soares, que foi condenado a indenizar Kfouri por danos morais em outra ação, de 2004. Mas, na interpretação do juiz Fantacino, ao manter o texto no ar, fica clara a intenção de Neves de atingir Kfouri. ‘O ofendido pode mover ação contra qualquer um dos responsáveis pela ofensa’, definiu o juiz em sua sentença.

‘Atacante de honras’

Procurado para comentar a ação, Neves enviou uma nota ao Comunique-se em que é enfático em acusar Kfouri. ‘Ué, disse na Veja e reafirmo que Juca Kfouri, pelo seu histórico judicial, esse atacante de honras, espécie de Jorge Kajuru com grife, praticou picaretagem ética ao receber US$ 40 mil em quatro mensalões da empresa de Pelé na mesma época em que entrevistava o Rei na Playboy e Placar. Ele escamoteou de seus leitores a informação dessa antiética relação comercial’, escreveu o apresentador.

Neves não despreza a sentença, mas sustenta que ‘o juiz não me deu chances, não deixou falar. Não praticou o que me ensinaram hoje, uma tal de ‘produção de provas’. O senhor juiz foi rápido e rigoroso no gatilho. Imagino, por analogia e isonomia, que se ele tivesse sido o juiz dos meus processos contra José Trajano e Jorge Kajuru teria condenado um a prisão perpétua e outro à cadeira elétrica’. Recentemente, Neves perdeu disputas judiciais contra os dois jornalistas citados.

Chamando Pelé de ‘entrevistado-patrão de Juca’, Neves diz que foi perdida a oportunidade de uma acareação entre Kfouri e Hélio Vianna, ex-sócio de Pelé, ‘o homem que pagava e pagou Juca Kfouri’. Ele conclui deixando a entender que não vai recorrer: ‘Juiz de Direito decidiu, tá decidido, cumpra-se e ponto final. E bola prá frente’. A íntegra da carta de Neves pode ser lida aqui.

Contra-ataque de Kfouri

No primeiro contato sobre o processo, Kfouri disse que a sentença fala por si só. ‘Tudo tem um limite na vida, e esse cidadão passa de qualquer limite’, disse, completando que a indenização será doada a ONG Transparência Brasil.

Após ler a nota de Neves, Kfouri enviou por e-mail o seguinte comentário, lembrando episódios passados de Neves:

‘Dá pena de tamanha indigência.

Há um fato: decisão judicial.

Há dois: o trabalho que fiz para a Pelé Sports nada tinha a ver com nenhuma entrevista. Só faltava o Pelé pagar para ser entrevistado…

Há três: jamais discutirei ética com quem apresentou festa de Dualib no Corinthians, e depois, é claro, o entrevistou; transmitiu o suicídio de um soldado na frente do Palácio do Governo de São Paulo e pôs frente à frente a mãe de uma menina estuprada e a mulher do estuprador em seu programa de TV, além de ser garoto-propaganda até de empresários de jogadores de futebol.

Com gente desse calibre, discuto só na Justiça.

E, aparentemente, ganho.

Com todo respeito.’’

JORNALISMO ESPORTIVO
Marcelo Russio

O caso Afonso Alves, 11/09/07

‘Olá, amigos. Após o amistoso do último domingo entre Brasil e Estados Unidos, vencido pelos brasileiros por 4 a 2, vi que boa parte da imprensa esportiva começa a ter uma opinião mais bem embasada sobre o atacante Afonso Alves, do Heerenveen, que começou como titular a partida, e teve uma atuação no mínimo igual às que Vágner Love, titular até aquela partida, tivera em toda a Copa América.

O desconhecimento sobre o jogador, que teve uma bela temporada no fraco futebol holandês, fez com que grande parte dos jornalistas torcessem o nariz para Afonso antes mesmo de ele se apresentar à comissão técnica, em sua primeira convocação. Essa torcida de nariz é o tema da coluna desta semana.

À exceção de alguns poucos jornalistas que buscam informar-se sobre o futebol mundial, indo além das notícias sobre Ronaldinho Gaúcho e Kaká, a maioria simplesmente não buscou mais informações sobre o jogador para tecer comentários e formar a opinião dos seus leitores. Para estes, Afonso era uma excentricidade de Dunga, algo como a herança da teimosia dos seus antecessores (Telê com Serginho Chulapa, Lazaroni com Elzo, Parreira com Zinho e outras mais…). Poucos, ou quase nenhum, procuraram tapes ou cenas de partidas inteiras do jogador para saber se ele é ou não um bom jogador.

Um dos argumentos de quem critica a convocação de Afonso é que ele não teve sequer propostas de clubes de ponta da Europa após a sua boa temporada de 2006/2007. Há alguns dias, foi divulgada uma nota dando conta que o atacante estaria sendo vítima de um contrato leonino de seu clube na Holanda, que o impede de transferir-se para clubes maiores, e que já haveria propostas interessantes de times espanhóis e italianos.

O que se conclui dessa grita sem base é que é necessário que um jornalista, ao emitir uma opinião, tenha usado dos meios de que dispõe para construí-la, e não fique sentado em sua cadeira tecendo comentários com base no seu ‘feeling’ e nas suas horas de vôo cobrindo a Seleção Brasileira. É preciso estudar, se informar, e perder tempo pesquisando. Do contrário, pode-se cair no mesmo erro que tanto combatemos dentro dos gramados: a soberba daqueles que acham que sabem tudo.

(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’

CBM EM CRISE
Tiago Cordeiro

CBM nega ação de despejo em semana conturbada, 14/09/07

‘O presidente da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), Daniel Barbara, negou que a TVJB esteja sofrendo uma ação de despejo dos estúdios Alphaville, pela GGP Produções. ‘Não existe ação. É mentira.’ É uma semana conturbada para a CBM, que perdeu o acordo com a CNT e passou a transmitir sua programação pela Rede Brasil, com uma audiência e alcance muito menores.

A reportagem procurou o advogado da GGP, Salvador Regina, para comentar o caso, mas ele não foi encontrado e nem retornou as ligações até o fechamento desta matéria. A CBM e a CNT romperam o acordo alegando dívidas dos dois lados. Barbara lembrou que um almoço hoje definiria a possibilidade da TVJB conseguir voltar a transmitir também pela Net e Sky, mas não foi encontrado para comentar o resultado.

A CNT alega que tem uma dívida de R$ 8,5 milhões, mas a CBM nega. A TVJB era responsável pela gestão da receita e pelo repasse para a CNT, que alega que houve erro nos últimos três meses. O diretor jurídico da CNT, Luiz Carlos da Rocha, afirmou que a dívida deve aumentar com os valores da multa rescisória. Contudo, a CBM também já encaminhou o caso para seu departamento jurídico.

Jornalismo

Apesar dos problemas, os funcionários da emissora trabalham normalmente. O jornalista Boris Casoy declarou que os problemas não afetaram o jornalismo da TVJB. ‘Nós estamos trabalhando normalmente. Tenho um contrato que estou cumprindo’, declarou o âncora.

Essa semana houve reclamações por parte dos jornalistas quanto ao pagamento dos salários de agosto. Apenas uma parcela dos profissionais havia recebido, mas a situação já foi normalizada.

CNT

A empresa curitibana minimizou as conseqüências do fim do acordo. Os telespectadores que sintonizam no canal acompanham apenas reprises de programas antigos como o ‘Vida de Artista’.

De acordo com Rocha, a empresa possuía um plano de expansão que poderia ser facilitado pelo acordo com a TVJB. Apesar do revés, ele garante que hoje a CNT é uma empresa financeiramente mais equilibrada com as reestruturações que fez. ‘Vamos fazer um planejamento para contratar apenas os profissionais que demandamos. Antes, no setor onde precisávamos de três, tínhamos dez’, explicou. De acordo com ele, novas contratações devem ocorrer nos próximos dias.’

VENEZUELA
Comunique-se

RCTV exige que governo venezuelano devolva equipamentos, 14/09/07

‘A Radio Caracas Televisión (RCTV) pediu que as autoridades venezuelanas devolvam seus equipamentos de transmissão, confiscados após o corte do sinal aberto na emissora. A empresa alega que os equipamentos não estão sujeitos à medida judicial que permitiu que o governo de Hugo Chávez usasse o sinal da RCTV para a nova rede pública TVes. O pedido foi feito na quinta-feira (13/09) aos organismos de telecomunicações da Venezuela.

No pedido, a RCTV solicita ‘o acesso a suas instalações, a fim de corroborar as condições dos equipamentos de transmissão de sua propriedade’. A empresa alega que a medida cautelar emitida pelo Supremo Tribunal Venezuelano na época violou seus direitos de propriedade privada.

Essa semana, a emissora obteve ao menos uma vitória na justiça. A RCTV teve aceito seu recurso contra a não renovação de sua concessão, o que permite que o caso seja julgado.

(*) Com informações da Agência Efe.’

TV PÚBLICA
Diogo Moyses

TV pública: Belluzzo e o conselho de compadres, 14/09/07

‘DO Observatório do Direito à Comunicação – Informam jornalistas bem relacionados que Lula já definiu: Luiz Gonzaga Belluzzo, economista filiado ao PPS, aspirante à presidência da Sociedade Esportiva Palmeiras e um dos sócios da revista Carta Capital será o presidente do conselho curador da empresa mantenedora da futura TV Brasil (e da estrutura herdada da Radiobrás e da TVE). Dizem que Belluzzo foi escolhido porque, entre outras razões, ‘tem bom trânsito no PSDB, o que vai fazer com que a iniciativa não seja tachada de governista’.

Por hora, o mais importante não são as credenciais de Beluzzo. É um nome respeitável, dirão uns. Para outros, não deve entender nada de comunicação. Entende? Não sei. O fato é que o próprio diz ter estranhado que o convite tenha sido feito a um economista. O mais relevante, por hora, não é saber se Belluzzo tem ou não os requisitos necessários à função. Importa mesmo é saber como será o modelo de gestão da nova estrutura de comunicação.

Noticiou a Folha de S. Paulo em 6/9 que Belluzzo ‘recebeu carta branca do presidente para indicar os demais nomes do conselho’ e que já estava pensando em nomes como o rapper MV Bill, o documentarista Eduardo Coutinho e a escritora Nélida Piñon, entre outros.

Um conselho de compadres?

Se Lula deu mesmo ‘carta branca’ para que Belluzzo indique os outros membros do conselho, o projeto para o modelo de gestão da TV Brasil é muito pior do que o imaginado. Semanas antes, importantes organizações da sociedade civil já haviam se manifestado contra a possibilidade do presidente indicar a totalidade dos membros do conselho, que tem por finalidade zelar pelo cumprimento da missão pública da nova instituição.

Ao ouvir as críticas das organizações sobre a indicação do conselho pelo presidente da República, os assessores da Secom apressavam-se em dizer que não havia ‘nada mais legítimo’ do que os ‘60 milhões de votos’ que Lula havia recebido. O argumento, apesar de ignorar o significado maior do termo ‘público’ aplicado à comunicação, faz sentido, mas caberia melhor se o governo assumisse tratar-se de uma TV estatal (apesar de não intencionar usá-la como instrumento de propaganda oficial). Mas o que dizer se Belluzzo tiver a prerrogativa de indicar o conselho da nova empresa? Quem lhe concedeu mandato? Os mesmo 60 milhões? Certamente não. Não custa lembrar que Belluzzo gostaria que José Serra fosse o presidente da República, não Lula. E, se já é paternalista a idéia de alguém (mesmo que seja o presidente eleito) escolher quem representa a sociedade, o que dizer se essa escolha ficar na mão do próprio presidente do conselho?

Se o que noticiou a Folha for um fato, Franklin Martins e Lula não só não deram ouvidos às organizações, como fizeram pior: Beluzzo formará o ‘seu time’, a partir de critérios que lhe parecerem os mais convenientes. Neste caso (o do presidente do conselho indicar os demais conselheiros) melhor seria se o órgão não existisse, pois não serviria para absolutamente nada.

Afinal, por que MV Bill e não Mano Brown ou Rappin Hood? A pergunta – que alguns podem entender como uma ironia – esconde algo nada engraçado: se as notícias estiverem sendo fiéis aos fatos, a autonomia da nova instituição será morta antes mesmo de nascer. Neste caso, daremos parabéns ao governo pela reforma da TV estatal. E seguiremos aguardando o nascimento da TV pública brasileira. (*) Editor do Observatório do Direito à Comunicação’

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Velório baiano, 14/09/07

‘A eternidade acampou

e faz a ronda

(Nei Duclós in Um rio não morre)

Velório baiano

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Minas Gerais, com jurisdição que se estende da Zona Contestada até os contrafortes da Serra da Borborema, no sertão paraibano, pois Camilo enviou à coluna esta perversa notícia das agências A Tarde e Folha:

Funerária é acusada de retirar caixão durante velório na Bahia – Um velório na Bahia virou caso de polícia. A Polícia Civil de Ilhéus (429 km de Salvador) ouviu ontem o dono da funerária Árvore da Vida, Sivaldo de Jesus, acusado de retirar o corpo do aposentado Carlos Antonio da Silva Bonfim de dentro do caixão, durante velório há três semanas, sob a alegação de que a família não teria R$ 210 para a primeira prestação do caixão -o valor total, R$ 630, foi dividido em três vezes.

Janistraquis manifestou perplexidade e horror com tamanho macabrismo do comerciante que se chama Jesus:

‘Considerado, essa funerária ‘Árvore da Vida’ deve ter raízes nas profundas do averno imundo; e a desalmada sacanagem é um retrato deste país de m…, né não? Só faltaram levar o defunto em cana.’

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Cabra inzoneiro

A propósito das espertezas do presidente do Congresso Nacional, que recebeu do Senado um atestado de idoneidade, Janistraquis cunhou esta frase inesquecível e, se me permitem, imortal:

‘Em francês, raposa é renard; em português do Brasil, é Renan.’

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Milagre

Chamadinha na capa do UOL:

Pavarotti altera testamento antes de morrer.

Janistraquis leu e quedou-se pensativo e meditabundo:

‘Considerado, pergunto-me se alguém, mesmo alguém tão, digamos, celestial como Pavarotti, poderia alterar o testamento depois de morrer…’

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Vergonha na cara

Desde a semana passada e até o fechamento desta edição, 32 considerados leitores trataram do mesmo assunto e todos escreveram mais ou menos o seguinte, se me permitem a compilação:

Em discurso no 3º Congresso do PT, em São Paulo, disse o presidente aos acólitos, dedo em riste e aqueles olhos esbugalhados dos sábados festivos:

Ninguém tem mais ética e moral do que o PT!!!

Uma frase dessas exatamente quando o Supremo julga a cúpula do partido por formação de quadrilha, roubo, peculato, corrupção ativa e passiva e filhadaputice. Quer saber? O que falta ao elemento é encher a cara de vergonha.

É verdade. Porém, vergonha na cara não é para qualquer um e, por falar nessa esquisitíssima figura presidencial, o geólogo Carlos Roberto Costa, de Nova Friburgo, envia preciosa gema que é este novo verbete do dicionário luso-brasileiro pré-reforma:

Lular. [Do analfabeto Lula]: Verbo totalmente irregular de estranha conjugação.

1. Ocultar ou encobrir com astúcia e safadeza; disfarçar com a maior cara de pau e cinismo.

2. Não dar a perceber, apesar de ululantes e genuínas evidências; calar.

3. Fingir, simular inocência angelical.

4. Usar de dissimulação; proceder com fingimento, hipocrisia.

5. Ocultar-se, esconder-se, fugir da responsa.

6. Tirar o c… da reta, atingindo sempre o amigo mais próximo, sem dó nem piedade (antes ele do que eu).

7. Encobrir, disfarçar, negar sem olhar para as câmeras nem nos olhos das pessoas.

8. Fraudar, iludir

9. Afirmar coisa que sabe ser contrária à verdade, acreditar que os fins justificam os meios.

10. Voar com dinheiro alheio.

Janistraquis acompanhou tudo e concluiu, ao estilo do homenageado:

‘É, considerado, ‘o pessoal cansaram’ mesmo…’

Nasce pra todos…

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre a vilania oficial ainda é possível ver a corriola a festejar a vitória de Renan, pois Roldão, que anda irritadíssimo com tanta estiagem, considerou absurda a capenga informação do Correio Braziliense:

A seção ‘O tempo em Brasília’ de ontem (9/9) e de hoje (10/9) deixou de informar a hora do nascer e do pôr do Sol. Colocou 00h00 quatro vezes! Se o redator não tinha acesso aos dados exatos – o que não é admissível – haveria duas hipóteses menos ruins: repetir as horas publicadas no dia 8/9 ou as publicadas no ano passado nesses dias; a variação é mínima e não daria essa demonstração de displicência.

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Milionário

Janistraquis, craque no idioma italiano desde os tempos em que se embevecia com o neo-realismo, leu em La Gazzetta dello Sport que nosso Kaká é o jogador mais bem pago da pátria de Dante Mattiussi, digo, Dante Alighieri:

‘Considerado, é tanto dinheiro, mas tanto dinheiro, que se ele quiser pode bancar a canonização dos bispos Sônia e Estevam Hernandes, né não? Seria o que se pode chamar de renascer sem Cristo…’

É mesmo. Se assim suceder, Cristo ficará só na administração dos bens da igreja.

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Frango no pênalti

Janistraquis ficou perplexo com o jogo em que o Náutico derrotou o Botafogo por 4 a 1, quatro gols do uruguaio Acosta:

‘Considerado, cair de quatro num estádio chamado ‘dos Aflitos’ até que não é tão incomum; fantástico foi o goleiro Max tomar um frango na cobrança de um pênalti!’

É verdade; frango num pênalti. Têm razão os torcedores, pois há mesmo coisas que só acontecem ao Botafogo.

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Nei Duclós

Leia no Blogstraquis a íntegra de mais um inspirado poema do considerado Nei Duclós, cujo excerto encima esta coluna.

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Inveja arretada

A considerada Jane Ferraz Vasconcellos, de Belo Horizonte, envia nota publicada na coluna Zapping, do jornal Agora São Paulo :

Miss Brasil Natália Guimarães é vítima de preconceito na Globo

Assim como aconteceu com a ex-’BBB’ Grazi Massafera, Natália Guimarães está sendo vítima de preconceito na Globo. Atrizes veteranas (e famosas) acharam um absurdo a moça, que está começando agora na TV, ter sido convidada para fazer participação fixa, de um mês, no ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’.

‘Não é um absurdo?!?!?!’, reclama Jane, ao que Janistraquis respondeu com inusitado mau humor:

‘Considerado, quando escrevem ‘atrizes veteranas’ é porque se trata de bagulhos monumentais que morrem de inveja da moça jovem e bonita. Afinal, não é preciso ser nenhuma Eleonora Duse para participar do Sítio do Pica-Pau Amarelo.’

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Ato cristão

O considerado Jayme Cintra, de São Paulo, pede desculpa pelo atraso (tá desculpado), mas acontece que copiou porém esqueceu de enviar à coluna o título abaixo publicado pela Folha de S. Paulo:

Às vésperas do Pan, Rio ensina inglês a prostitutas

(Secretaria de Estado Ciência e Tecnologia também organizará cursos de espanhol)

Jayme, que é um viajado empresário, estranhou:

Acredito que em nenhum lugar, com exceção de Amsterdã, existe tanto apoio à putaria; o que se vê pelo mundo afora é a sociedade condenando essa profissão. Vocês não acham que isso é uma vergonha para o Brasil?

Pois Janistraquis, convencido de que nada mais envergonha este país de m…, achou a notícia bem legalzinha:

‘Considerado, nada mais humanitariamente cristão do que ensinar outra língua a quem só conhece o boquete…’

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O jardineiro é Jesus!!!

Quem ainda não conhece o áudio intitulado ‘O jardineiro é Jesus…’, que percorre a internet por artes do YouTube, clique aqui e decida se é pra rir ou chorar. Todavia, como avisa Janistraquis, o considerado ouvinte será pelo menos apresentado a um típico e alfabetizado eleitor de Lula, certamente fã do programa de rádio intitulado Café Com o Presidente.

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Nota dez

O considerado Roberto Porto escreveu no site Direto da Redação, de Eliakim Araújo e Leila Cordeiro:

(…) Foi então que relatei a Nélson que o doutor Alceu era bisavô de meus filhos, Roby e Cristiana Porto, e que fora ele próprio, Alceu, quem me contara que, sem querer, batera com o telefone simplesmente na cara do Presidente da República (àquela altura de minha história já morto num acidente aéreo nos céus de Fortaleza).

Leia aqui a íntegra do saboroso texto que revela como se deu o reencontro de Nélson Rodrigues e Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), duas figuras deverasmente sedutoras.

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Errei, sim!

‘EDITOR CONDENA – Antônio Carlos Moura, esperto leitor do cerrado, envia recorte do Diário da Manhã, de Goiânia, no qual se lê perigoso título: Júri popular para culpado de assassinato. É, Moura, o editor decidiu mesmo resolver o problema da morosidade do Judiciário por conta própria; culpado, julgou ele, e pronto.

Janistraquis concorda – o jornalista é, no mínimo, suspeito de atentar contra o bom senso. Moura completa: ‘Talvez possamos apontá-lo como acusado de queimar etapas do processo judicial, desempregando os pobres jurados’.

Meu secretário teme que o próximo passo do editor do Diário da Manhã seja a pregação do linchamento.’ (março de 1995)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

TELEVISÃO
Antonio Brasil

As novidades ‘não tão novas’ do Fantástico, 11/09/07

‘Este domingo o Fantástico completou 34 anos. Para mim, parece que foi ontem. Ainda muito jovem, participei do piloto do programa. Naquela época, além da proposta ousada e diferente, a grande ‘novidade’ era a contratação a peso de ouro da atriz e jornalista Cidinha Campos. Com todas as regalias dignas de estrela da TV, ela deixava a rede Record para tentar reinventar as noites de domingo da Globo. Infelizmente, não deu certo.

O temperamento da ‘estrela’, a impaciência da empresa e a censura da época contribuíram para o fim prematuro daquela novidade. Pena. Desde então, o Fantástico continua apostando nas ‘novidades’. O programa sempre tenta, mas nem sempre consegue conciliar entretenimento com informação e se possível com algo parecido com educação. O programa sobrevive porque assim como a nossa História, ele está sempre se fazendo e refazendo.

Fim inevitável

Nos últimos anos o Fantástico tem se descuidado da informação, da criatividade e privilegiado em demasia o entretenimento fácil. Pena. Acomodado na liderança preguiçosa das noites de domingo, o programa envelheceu. E o público, que não é bobo, tem respondido de acordo.

Segundo matéria da Folha de São Paulo deste domingo, a audiência da Globo vai mal.

Na média acumulada de 2007, a Globo já perdeu 2,2 pontos no Ibope nacional. Além de perder audiência para a rival, a rede Record, também perde par outras mídias como a TV paga, o DVD, a Internet e, principalmente, para o seu maior inimigo, o botão off do controle remoto. O telespectador, que não é bobo, desliga a TV ou procura outras coisas para fazer.

Ainda segundo o artigo da Folha, ‘o que salva a Globo é que – por inércia, comodismo do mercado ou incompetência da concorrência, ela ainda detém mais de 70% das receitas publicitárias da TV, embora sua audiência seja de apenas 43% do país – há sete anos, era de mais de 50%’.

Ou seja, entre a limitação das promessas dos canais de TV e a multitude de novidades verdadeiras na Internet, o Fantástico e a Globo tentam sobreviver. Tentam adiar o fim inevitável.

Dia de fúria!

As novas propostas milionárias do Fantástico são as séries, ‘Vamos fazer história’ com o jornalista-historiador Eduardo Bueno e a volta de Regina Casé em Central da Periferia do Mundo.

A série sobre a nossa História é muito boa. Gostei muito. Já havia comentado sobre essa promessa em outra coluna. E concordo com o Peninha: ‘o programa acabou ficando mais engraçado do que imaginávamos’. Apesar do exageros, Bueno está muito bem.

O primeiro episódio foi sobre a independência. Afinal, foi piriri, diarréia, fritamento, ou como se dizia na época, fluxo de ventre? A nossa independência, para o Fantástico, foi produto de um dia de fúria, de um desarranjo intestinal. Tudo a ver!

Mas também foi bom relembrar que já naquela época havia liberdade de imprensa no Brasil. Para Bueno, a imprensa com suas constantes acusações e calúnias contra Dom Pedro também teria contribuído para o tal Dia de Fúria. Ou seja, desde 1821, sempre que pode, a imprensa fala mal de seus governantes. Até mesmo dos príncipes.

Você pode conferir o primeiro episódio aqui.

E repare a trilha sonora do genial Jorge Mautner. Afinal, nem todas as boas novidades são realmente novas.

To be or not be

A série sobre a Nossa História tem tudo para dar certo. E vai fica ainda melhor sem o Pedro Bial. O Peninha merecia um companheiro para diálogos, uma ‘escada’ melhor. As freqüentes e desnecessárias intervenções do Bial no primeiro episódio comprovam outra velha tese histórica. Pedro Bial está cada vez mais deslocado no Fantástico. Só atrapalha. Parece sempre entediado, desinteressado e com isso envelhece as propostas inovadoras do programa. Assim como o Galvão Bueno, deveria afastar-se do programa e repensar a carreira. Afinal, ‘To be ou Not to be Big Brother ou jornalista. Eis a questão!’

A outra ‘novidade’ do Fantástico é o Central da Periferia pelo Mundo com outra novidade: a Regina Casé. O primeiro episódio foi só um trailer da série. Dessa vez, a produção ultrapassou as fronteiras brasileiras e visitou os subúrbios de Paris, as favelas de Luanda, em Angola e a Cidade do México. São mais promessas de muitas viagens, boas imagens e as mesmas gracinhas de sempre da Regina Casé. Pena. Deveríamos aproveitar a oportunidade para dar descobrir novas ‘Reginas’. Mas como bem sabemos, em TV nada se cria ou se renova. Entre o ser ou não ser, tudo se copia ou se recria.

Novos vídeos

Mas o Fantástico também se rendeu às novidades de mídias participativas como o YouTube. Na nova série ‘Você no Fantástico’, os telespectadores aceitaram o desafio da produção do programa e enviam vídeos sobre temas estranhos como o sobrenatural ou a morte de uma tal de Taís.

Eu não a conheço, mas pelo jeito, deve ser gente importante. Você pode conferir alguns exemplos como o Drácula indignado, o primo brasileiro do conde e os bastidores de uma super produção aqui.

Os vídeos ainda são muito limitados e pouco criativos. Mas isso é só o começo. É importante perceber e avaliar a vontade do público em participar do programa. Não querem ser mais mera ‘audiência para a solidão’. Um dia, esses pequenos ensaios audiovisuais vão se transformar em novas propostas, em ‘novidades de verdade’. .

Gripes e resfriados

Mas, para mim, o melhor do Fantástico, não é nenhuma novidade. Afinal, talento não tem idade. Nada supera as velhas recomendações do Dr. Dráuzio Varela. No episódio deste domingo, ele comentou as dicas de nossas avós em ‘Gripes, febre e resfriados’. Ver aqui.

‘E agora, doutor’ demonstra que a TV pode divertir e educar. Nesta nova série, o Dr. Dráuzio Varela explica tudo que precisamos saber sobre doenças importantes e recorrentes. Cinco minutos de programas semelhantes, todos os dias em horário nobre, seriam muito mais úteis do que a propaganda política obrigatória, os pronunciamentos presidenciais, ou as propostas mirabolantes da rede de TV pública brasileira.

De qualquer maneira, com novidades não tão novas, mais uma vez, a história do Fantástico está se fazendo e refazendo. Sua trajetória de sucesso é feita essencialmente por gente talentosa como a Cidinha Campos, o Eduardo Bueno, a Regina Casé, o Dr. Dráuzio Varela ou agora pelos telespectadores anônimos com seus vídeos maravilhosos. Gente de carne, osso, intestinos e…muita criatividade!

Eles também querem e exigem participar do show da vida.’


Comunique-se

Record News: coletiva de lançamento está marcada para 18/09, 14/09/07

‘As informações sobre a Record News, até agora mantidas sob o mais absoluto sigilo pela direção da Record, serão divulgadas no próximo dia 18/09, quando a emissora realiza a coletiva de lançamento no Teatro Frei Caneca, em São Paulo, a partir das 11h.

Estarão presentes o presidente da Record, Alexandre Raposo, o vice-presidente Comercial Walter Zagari, o diretor de Jornalismo Douglas Tavolaro e o gerente nacional de Comunicação Ricardo Frota, além dos apresentadores do novo canal.

Será apresentada toda a grade de programação da Record News.’

INTERNET
Bruno Rodrigues

Na web, intimidade é coletivo, 14/09/07

‘Não chegue muito perto. Sou e sempre serei reservado. Pode conversar comigo sobre o que quiser, mas há um limite. Não sou uma cerca de arame farpado, mas tenho uma porta da qual ninguém tem a chave. O que há a esconder? Minha intimidade.

Atitude antipática, não é? Mas um dia não foi assim. Até dez, quinze anos atrás, era educado e até charmoso ser reservado. Desde então, não há mais o mínimo sentido. Sei quando minhas colegas estão de TPM porque as mulheres agora bradam aos quatro ventos, para quem quiser ouvir, sua intimidade. Ainda fico enrubescido; é uma espécie de résistence, ainda que solitária. Hoje em dia, marido e mulher que gostam de ficar sozinhos é ultrapassado, quase proibitivo. ‘Como assim? Vocês não gostam de fazer ‘social’?’, perguntam sempre a mim e à minha esposa. Fazer um ‘programa casalzinho’? É contramão.

Calcada no coletivo, a web só veio ampliar a idéia de que intimidade é algo seu – mas apenas por um instante, já que ela existe, mesmo, é para ser mostrada aos outros. É quase um erro de percurso: temperamento, opiniões, gostos, manias, tudo isso deveria surgir primeiro no perfil do Orkut para aí, sim, você ser avisado via e-mail. Com a bênção das ‘redes sociais’, tudo seria permitido.

Porém, quando a falta de intimidade adentra o reino das leis e do dinheiro, o que vale mesmo são as regras de educação que vovó tanto apregoava. A sociedade dá corda, mas a tesoura entre em ação quando o buraco é mais embaixo.

Vanessa Hudgens, a estrelinha adolescente do musical para tevê ‘High School Musical’, é um bom exemplo. A todos interessava que a moça, para divulgar sua imagem, agendasse entrevistas com dezenas de revistas, sites e blogs para contar o que gosta de comer e ler, qual a cor preferida, até com que roupa dorme. Mas a Disney, produtora do filme e que acaba de lançar a continuação nos EUA, subiu nas tamancas quando vieram com a notícia de que circulava na internet (arrá!) uma foto da atriz, outrora símbolo de pureza e boas-intenções… nuinha em pêlo! Pior: a foto fora tirada para o namorado, o ator Zac Efron, par romântico também na telinha. Tá bom pra você? O que começou como estratégia de marketing virou absurdo, e por pouco Vanessa não foi substituída na terceira parte da série, a ser filmada brevemente.

Quer outro exemplo de ‘esquizofrenia da intimidade’? A rede social (e virtual) americana Facebook, com quase 40 milhões de usuários, mudou a política de privacidade. Antes, ao realizar uma busca, o Google não conseguia ler os perfis dos inscritos, o site era bloqueado aos mecanismos de busca; agora, ainda há esta opção, mas não é mais a regra – a porta está aberta para quem quiser espiar. A questão, para mim, é por que os usuários estão chiando tanto. Até onde eu sei, o espírito de qualquer rede social é ‘ampliar a rede de contatos e fazer amigos’. O que aconteceu? Os usuários da Facebook querem circular de saia no joelho e gola até o pescoço em praia de nudismo? Haja contradição.

Talvez a crise de intimidade seja moda, mas ela continua a mostrar seus sintomas na web. A revista semanal suíça ‘L’Hebdo’, por exemplo, na última eleição para o parlamento enviou seus repórteres para viverem (mesmo) com os candidatos, vários deles. Era dormir & acordar. Tudo foi registrado no site/blog ‘Blog & Breakfast’, de sucesso instantâneo. Tanto que, na próxima eleição, em outubro, também será usado este ‘método’.

É assim, mesmo? Para conhecer o que um candidato pensa, se ele merece meu voto, é preciso *morar* com ele, radiografar até a sua alma? É a intimidade que está chegando ao fim, ou somos nós (isso inclui até os políticos) que estamos assustados com tanta exposição, nos escondendo a ponto de precisarem criar um ‘Big Brother’ político para descobrir quem colocar no poder?

Não acho que a intimidade se perdeu totalmente. Vejo, sim, que estamos bem perto de criar uma ‘falsa intimidade’, outra persona para sobreviver a tanta invasão – seja real, virtual, pública ou privada.

Alguns já aprenderam a lição, e mostram apenas o que os outros querem ver, mas se trancam a sete chaves quando o que está em jogo é sua verdade mais íntima. Como Renan Calheiros fez no Senado.

Eu avisei que a questão era esquizofrênica…

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No dia 24 de outubro, quarta-feira, inicio mais uma edição de meu curso ‘Webwriting e Arquitetura da Informação’ no Rio de Janeiro. Serão cinco aulas semanais, sempre à noite. Para mais informações, é só ligar para 0xx 21 21023200 e falar com Cursos de Extensão, ou enviar um e-mail para extensao@facha.edu.br. Até lá!

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

Eduardo Ribeiro

Mergulhe no Manual de Redação do Último Segundo, 12/09/07

‘Os manuais de redação são peças muitas vezes execradas por significativa parcela dos profissionais de comunicação sob o argumento de que colocam amarras e regras num ambiente em que a criatividade e a liberdade deveriam ser incentivadas até em nome do pluralismo editorial, da preservação de diferentes estilos e da ousadia no fazer jornalístico.

Visto sob estes argumentos, os manuais exercem sim um papel autoritário e de tutor de textos alheios, em nome de uma escrita mais simples e adequada às funções informativas dos respectivos veículos.

A discussão poderia levar horas e linhas exageradas com argumentos fortes e coerentes defendendo cada um dos diferentes pontos de vistas e isso não mudaria obviamente a cotação do dólar e muito menos a decisão de empresas como Folha, Estado e inúmeras outras de abrir mão das regras estabelecidas e que nasceram de anos, décadas de experiência e estudos.

O fato é que os manuais aí estão e cumprem hoje um importante papel no jornalismo contemporâneo, sendo um aliado dos jornalistas na construção de melhores textos e matérias.

O mais recente manual é também o primeiro adotado por um veículo online, o Manual de Redação do Último Segundo, o jornal eletrônico do iG, considerado um dos mais importantes da web. Importantes? Bem, o Manual recomenda que não se use essa palavra, a não ser numa eventual declaração de alguém. E orienta seus profissionais a detalharem no texto a tal importância, ao invés de generalizá-la. Desse modo, vou preferir dizer que o Último Segundo é um dos jornais eletrônicos de maior audiência do País, daí a razão do adjetivo, que, obedecendo ao Manual, ora suprimo do texto.

Inspirado nos principais manuais de redação editados no País e também em brochuras internacionais, o Manual de Redação do Último Segundo busca definir as regras de estilo visual do noticiário e os princípios editoriais e de comportamento que devem nortear seus profissionais. O documento tem 37 páginas e está destacado no menu lateral esquerdo do endereço www.ultimosegundo.ig.com.br, postado em pdf. Brevemente, estará disponível numa versão de maior interatividade com os internautas. A criação do Manual se dá, aliás, pouco mais de três meses após outra atitude pioneira do iG, a criação do primeiro cargo de ombudsman da internet brasileira, assumido por Mário Vítor Santos, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo.

Vale a pena ler e mesmo estudar o manual porque as dicas e orientações nele contidas são úteis para os profissionais em qualquer área de atuação, seja por contribuir no refinamento de textos jornalísticos, como também pelas posturas éticas e retas que exige dos jornalistas – embora um ou outro aspecto nele contido possa dar motivos para contestações.

Separei alguns trechos interessantes que dão uma boa mostra do conteúdo e dos objetivos do projeto. Acompanhe, ou se preferir vá direto a ele.

* Este Manual se baseia nos princípios do bom jornalismo, em convenções experimentadas em serviços online e na experiência de seus profissionais de conteúdo.

* A navegação pelo conteúdo do Último Segundo deve ser totalmente intuitiva e natural. Perde-se a atenção e a audiência cada vez que se faz um título preguiçoso, uma página pesada, esconde-se algum link, criam-se navegações complicadas ou usam-se jargões ou tecnicismos que não estejam historicamente incorporados ao dia-a-dia do leitor.

* Quem busca conteúdo não está interessado em virtuosismos retóricos, gráficos ou tecnológicos, mas sim em encontrar a informação no menor tempo possível. Evite-se, pois, o exibicionismo gráfico e/ou técnico em prol da simplicidade e do conforto do leitor.

* Em caso de dúvidas de estilo, este Manual adota como regra o Manual de Redação e Estilo que Eduardo Martins escreveu para O Estado de S. Paulo. O Último Segundo padroniza a grafia das palavras conforme o dicionário Aurélio.

* Princípios Editoriais – O Último Segundo tem como objetivo ser o principal endereço de informações do Brasil, tanto pelo volume e qualidade dessas informações como pela sua isenção, credibilidade e confiabilidade. (…) Coloca as informações que recolhe ao alcance dos interessados por todos os meios eletrônicos existentes e por aqueles que vierem a ser inventados. É uma empresa geradora e reempacotadora de conteúdo, de informação confiável. (…) Tem como meta o trabalho no horizonte da verdade, tanto quanto ela possa ser verificada. (…) Publica tudo o que sabe, tudo o que se pode conhecer. (…) Está fundado em cinco princípios: Liberdade de imprensa, Economia de mercado, Compromisso com o leitor, Não é tribunal e Integridade e equilíbrio.

* Estilo visual – Todas as páginas do Último Segundo devem ser desenhadas e publicadas levando em conta os seguintes objetivos: o leitor deve considerar as páginas claras, confortáveis,simples e leves. O desenho deverá proporcionar a navegação intuitiva e todas as páginas devem preservar a identidade do Último Segundo.

* Clareza – Implica hierarquia. As páginas devem conter logotipo, barra de navegação, banners, botões, chapéus, títulos e ícones de forma hierarquizada conforme a importância ou necessidade de destaque para cada produto ou conteúdo. Numa página de jornal ou revista, a hierarquia visual é bastante clara (data, nome da publicação, chapéu, título, foto, gráfico ou desenho). Deve-se procurar o mesmo resultado numa página do Último Segundo. O teste para uma boa página é: o leitor deverá pensar o mínimo possível para compreender o que é mais relevante na página e deve entender numa fração de segundo como navegar para outras páginas do serviço.

* Regras gerais de tratamento da informação

* Agências, parceiros e terceiros – Além da produção própria de noticiário e colunas de comentários e/ou opiniões, as informações publicadas nas diversas rubricas do Último Segundo provêm de agências noticiosas e parceiros de conteúdo. Por meio de um sistema automático, todas as notícias geradas pelas agências e parceiros são publicadas nas diversas rubricas. O Último Segundo se reserva o direito legítimo de retirar das listas de publicação informações nas seguintes situações:

o Informação comprovadamente errada, equivocada ou distorcida;

o Informação ofensiva, racista ou preconceituosa;

o Informação que possa gerar problema jurídico para a empresa no escopo da Constituição Federal, Lei de Imprensa, Código Penal e Civil;

o Informação que possa colocar em risco a saúde econômica da própria empresa e de toda e qualquer empresa legalmente constituída.

* Coletivas – Em princípio, é conveniente cobrir as entrevistas coletivas de relevância jornalística, mas o Último Segundo privilegia a informação exclusiva quando estiver em campo para coberturas e usa parceiros, as agências de notícias, para dar curso aos resultados das coletivas.

* Dúvida – Nenhuma notícia produzida pela redação do Último Segundo deve ser publicada se houver alguma dúvida sobre a sua veracidade, ainda que o jornalista acredite que a informação seja 99% certa. Esses 99% não são suficientes. A notícia não deve ser publicada ainda que se saiba que outras agências ou meios de comunicação pretendem divulgá-la. É preferível levar o furo a disseminar informação duvidosa. Se alguma notícia for incorreta, o fato de ter sido divulgada por outras agências não deve servir como álibi ou motivo de consolo. No caso de notícias de outras fontes, elas não devem ser destacadas se houver alguma dúvida sobre sua veracidade.

* Embargo – Todas as notícias que envolverem as empresas acionistas da Brasil Telecom, controladora do iG, BrTurbo e iBest, bem como dos concorrentes do Internet Group, sejam empresas de mídia, sejam de telecomunicações, que aparecerem nas listas de notícias das agências e de parceiros jamais poderão ter destaque no Último Segundo sem consulta prévia à direção de conteúdo da empresa. Isso se dá em função do ambiente hipercompetitivo em que se vive no mercado de internet e de telecomunicações.

* Fontes – O jornalista do Último Segundo, no exercício da profissão, não tem amigo ou inimigo: tem fontes. Ele deve ficar próximo de uma fonte o suficiente para poder telefonar à sua casa, fora da hora do trabalho, se precisar confirmar uma informação. Não pode ficar tão íntimo até o ponto de ficar constrangido se tiver que publicar uma notícia que seja correta e do interesse do leitor, mas que desagrade à fonte. O jornalista do Último Segundo não combina com a fonte o conteúdo do texto que vai escrever; não lhe mostra o texto, total ou parcialmente, antes de ser publicado; não lhe conta o que outras fontes declararam.

* Opinião – O jornalista pode ter suas opiniões ou convicções pessoais sobre qualquer fato ou evento, mas elas não devem transparecer na cobertura jornalística. Os textos produzidos pelos jornalistas procuram ser objetivos e podem ser analíticos – mostrar os fatos, suas causas e conseqüências – mas não podem ser opinativos.

* Pool – O jornalista do Último Segundo não participa de ‘pools’ de repórteres – que decidem entre eles que notícias escreverem, como e quando.

* Press-Release – Não é notícia; pode ser o ponto de partida de uma reportagem, desde que seja bastante trabalhado. Nunca pode ser publicado sem um esforço prévio de pesquisa, confirmação e complemento de informações.

* Repórter – As fontes nem sempre estão disponíveis ou só atendem muito depois da hora combinada e, ainda por cima, falam pouco – em geral. Não há dúvida de que o lugar do repórter é na rua e que deve empenhar todo o esforço possível para fazer as entrevistas pessoalmente, olhando no olho do entrevistado. Isso não significa que o telefone tenha que ser usado com parcimônia, mas sim que o contato pessoal tem preferência. O jornalista deve tentar ir ao local da notícia. Uma rebelião em penitenciária não deve ser coberta apenas pelo telefone; uma informação completa e detalhada sobre um desfile de moda fica melhor quando o repórter assiste ao desfile.

* Suicídio – O Último Segundo noticia casos de suicídio sem identificar a vítima. Notícias sobre suicídio não têm destaque na home ou nos canais a não ser quando o fato for de interesse público. Admite-se destacar casos de suicídio quando o suicídio não for a notícia em si. Por exemplo: ‘São Paulo registrou o pior congestionamento do ano na tarde desta quarta-feira após um homem atirar-se da Ponte dos Remédios, interditando as vias locais’. A publicação de casos de suicídio que envolvam pessoas públicas deve ter aprovação prévia da direção de conteúdo.

* Notícias publicadas por outros veículos – O Último Segundo republica e destaca notícias de relevância jornalística divulgadas por outros veículos, concorrentes ou não. As reproduções devem conter obrigatoriamente o crédito para a publicação ou nome do jornalista que divulgou o fato.

* Título preguiçoso – Em geral é o primeiro título feito pelo jornalista. Uma das regras do bom título é refazê-lo por uma, duas, três, quantas vezes forem necessárias para ele ficar abrangente, ter ritmo na leitura, agregar valor ao texto, ir além da notícia e iluminar o assunto para o leitor. Nenhum repórter, redator ou editor deve se contentar com o primeiro título que faz para qualquer texto. Exemplos: Para: Ministros africanos da Defesa da CPLP se reúnem em São Tomé, prefira: Língua comum viabiliza coquetel de empreendedores africano; Para Ministro fala sobre política de energia nos EUA,prefira: Ministro vai aos EUA incentivar parceria com petróleo.

* Princípios de Comportamento

* Almoços – No exercício da profissão, os jornalistas costumam receber de suas fontes convites para almoços. Com freqüência, almoços de trabalho podem render notícias. Há, ainda, ocasiões em que visitas a escritórios ou fábricas incluem um almoço no restaurante da empresa. Estas são situações características do trabalho dos jornalistas, e os profissionais do Último Segundo também devem, eventualmente, convidar essas fontes para almoçar, com a despesa reembolsada pela empresa. É vedado, contudo, que clientes e fornecedores paguem despesas de refeição de funcionários do iG.

* Brindes e Presentes – Os jornalistas do Último Segundo não aceitam brindes ou presentes de valor acima do recomendado pelo bom senso. Exemplo: uma caneta esferográfica Bic é aceitável, uma Montblanc, não. Uma garrafa de vinho comum sim; uma caixa de uísque, não. Eletrodomésticos, perfumes caros, roupas, viagens, rifas, estes presentes não devem ser aceitos; se recebidos devem ser devolvidos. Como regra, qualquer presente ou brinde cuja devolução represente um sacrifício, deve ser devolvido. Aceitam-se brindes de valor simbólico. De maneira objetiva, qualquer presente de valor superior a R$ 200,00 deve ser encaminhado à área competente para doação, conforme o procedimento ‘Presentes e brindes’ constante no código de ética da Brasil Telecom (Nota da Redação – empresa ao qual o iG é juridicamente vinculado). Os jornalistas não devem aceitar descontos de fontes na compra de bens, como eletrodomésticos, automóveis ou imóveis, por exemplo. Nem podem receber veículos para testes.

* Cumprimento – Jornalistas do Último Segundo dizem bom dia e até amanhã. Para todos.

* Fontes de Renda – Os jornalistas do Último Segundo não podem ter um segundo emprego ou prestar serviços remunerados a terceiros. Qualquer exceção, muito especial, que implique eventualmente ter outra fonte de renda assalariada ou fruto de emprego terceirizado, deve ser previamente combinada com a direção. Atividades como ministrar cursos, lecionar em universidade ou instituições, públicas ou privadas, devem ser previamente objeto de consulta.

* Free-Lancers – O Último Segundo publica regularmente material de free-lancers e colaboradores. Todas as reportagens, informações e notas fornecidos por terceiros estão sujeitas às mesmas normas de rigor e cuidados deste Manual. Na apuração dessas informações, em nome do Último Segundo, os free-lancers devem seguir os mesmos critérios e princípios que os profissionais da casa.

* Palestras, Prêmios e Júris – O Último Segundo tem como norma que o jornalista é um profissional que procura e analisa informações, mas que o jornalista não é fonte de informação. O jornalista é um observador da cena, não é um participante. Por este motivo, a empresa não incentiva a participação de seus profissionais em eventos públicos – a não ser os desenvolvidos pela casa, que são uma projeção da própria empresa. Por isso: A eventual participação de jornalistas do Último Segundo em programas de rádio ou de televisão fica condicionada à consulta e aprovação prévia da direção de conteúdo; A participação de jornalistas do Último Segundo em palestras e seminários fica condicionada à consulta e aprovação prévia da direção de conteúdo; A inscrição de trabalhos de profissionais do Último Segundo em prêmios jornalísticos ou a participação como membros de júris para julgar trabalhos jornalísticos ficam condicionadas à consulta e aprovação prévia da direção de conteúdo; A direção de conteúdo da empresa deve ser ouvida antes do jornalista candidatar-se a uma bolsa de estudos ou curso que implique sua ausência da empresa, seja por períodos breves ou longos.

* Viagens – Todos os convites externos devem ser feitos à empresa, nunca a um jornalista em caráter individual. Se este receber um convite, deve encaminhá-lo à direção. A decisão final sobre a sua aceitação e, em caso positivo, a designação do jornalista que representará o Último Segundo, caberá à direção da empresa. O Último Segundo não aceita viagens de empresas para seus jornalistas. As únicas exceções, a critério da direção da empresa, são casos muitos especiais nos quais haja grande interesse jornalístico e o local seja inacessível sem convite. Exemplo: visita a uma plataforma de petróleo em alto mar. O Último Segundo, a critério da direção da empresa, pode aceitar eventualmente convite para uma viagem, feito por um governo ou por uma entidade internacional, se for de interesse jornalístico. Exemplo: participação de um seminário fechado da Unesco.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

C-SE, 6 ANOS
Rodrigo Azevedo

Comunique-se completa seis anos, 10/09/07

‘Na segunda-feira (10/09), o Comunique-se completou seis anos, e o Portal comemorou exatamente como fez para garantir o caminho seguido até aqui: trabalhando. As notícias do mercado de comunicação não param, o Prêmio Comunique-se 2007 será na próxima semana e os cerca de 400 clientes do Portal continuam com suas demandas, sempre atendidas com toda a dedicação pela equipe.

Mas um aniversário permite uma breve pausa para reflexão sobre o que foi feito no último ano. O que foi feito para a empresa, mas que, como qualquer veículo de comunicação, lida com um bem público, a informação. Para que um site jornalístico funcione, é necessário transmitir confiança e credibilidade para seus leitores e parceiros. E isso foi o alicerce destes seis anos.

Desde seu último aniversário, o conteúdo do Comunique-se passa por uma mudança em seu perfil editorial. Sem deixar de lado as análises, passou atuar mais na ponta-de-lança, como o jornalismo deve ser. Alguns erros vieram, mas vieram também reportagens mais detalhadas e apuração aprofundada. O portal fez coberturas especiais, se valendo de enviados especiais e de uma presença mais sólida nas redações e agências – e em seus bastidores.

Um passo essencial para a mudança foi o crescimento da equipe. Além de mais um repórter no Rio de Janeiro contratado em outubro, o Comunique-se conta com correspondentes em Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte, e terá em breve outro repórter em São Paulo. E, em um processo de autocrítica e transparência, adotou no início do ano seu primeiro Ombudsman.

Somando a todos os serviços que dispõe para seus 182 mil cadastrados, o C-se fez um upgrade do ‘Papo na Redação’, utilizando a plataforma de vídeos Webcast. Boris Casoy e Ricardo Boechat já participaram, e o ‘Papo’ em vídeo recebe no dia 11/09 os jornalistas da NBC Charles Bragale e Fernando Silva Pinto, que cobriram o ataque terrorista em Nova York seis anos antes.

Prêmio Comunique-se 2007

Na esteira da celebração, na terça-feira (18/09), os principais jornalistas do País se encontrarão na edição 2007 do Prêmio Comunique-se, a única premiação do jornalismo brasileiro por voto popular. Assim como fazem o Portal, são os usuários que fazem o prêmio, e este ano poderão escolher os primeiros Mestres do Jornalismo.

A honraria será concedida aos profissionais ou agências que vencerem três vezes seguidas na mesma categoria – em que estiverem habilitados, já que o vencedor em um ano não pode concorrer na mesma categoria no ano seguinte – ou ganhar aleatoriamente por cinco anos, também na mesma categoria.

Além dos Mestres do Jornalismo, o Prêmio Comunique-se 2007 terá a estréia duas novas categorias, Jornalista de Sustentabilidade, evidenciando a crescente importância do tema na mídia, e Jornalista de Comunicação e Marketing, que homenageará profissionais que atuam exatamente no setor do Portal.

Escola de Comunicação

Unidade de cursos do Portal, a Escola de Comunicação teve, em agosto último, um marco duplo de sua consolidação. A primeira turma do e-MBA Executivo em Comunicação Corporativa, com mais de 100 alunos em 14 cidades diferentes, completou os três módulos, e desenvolve agora o trabalho de conclusão de curso. E o 3ª Comunique-se Cases reuniu 140 pessoas, na maioria assessores, para exposição de empresas e entidades do porte de Natura, Tribunal de Justiça de São Paulo e Consulado dos Estados Unidos.

Por meio de parcerias com a Rádio Bandeirantes, o portal Terra, o canal ESPN Brasil e o jornalista Caco Barcellos, os cursos Premium aproximaram seus alunos de renomados profissionais – e um novo curso, com o Multishow, começa no dia 19/09, já com vagas completas. Em dezembro passado, o Seminário de Jornalismo Esportivo reuniu, em São Paulo, a nata da cobertura esportiva. Com o sucesso do encontro, uma segunda edição já está sendo preparada para o fim de 2007.

Reforçando o Comunique-se no exterior, o II Seminário Internacional, em setembro de 2006, trouxe a realidade de Oriente Médio e Colômbia para os jornalistas brasileiros. Este ano, a tradição foi mantida com a estréia do Lá & Cá, na semana passada.

Relações públicas

Profissionais de relações públicas ganharam este ano um site reunindo todas as facilidades desenvolvidas para área, já conhecidas pelo setor. Além de produtos como Monitor Web e Termômetro, o rp.comunique-se.com.br traz também matérias com cases sobre sua utilização, entre elas as coletivas online com Orkut Buyukkokten, criador do site de relacionamentos, e a transmissão em webcast da primeiro coletiva dos Jogos Pan-americanos.

Foi também por uma coletiva online que o Comunique-se apresentou pela primeira vez seus resultados financeiros, em abril. Com faturamento de R$ 3,3 milhões em 2006, a meta é fechar 2007 com R$ 4,5 milhões. Pouco depois, o Portal ganhou o patrocínio da Shell, empresa que também conta com uma das salas de imprensa desenvolvidas pelo C-se, encorpando uma seleção que reúne Inmetro, ESPM, Royal & Sunalliance, Wal-Mart, Souza Cruz, Bovespa, Oracle, Credicard Citi e Instituto Ronald McDonald.

RIWeb

Um novo passo que deve ser citado é a criação do RIWeb, unidade de negócios do Comunique-se para Relações com Investidores, que será apresentada ao mercado em 19/09 em evento na Bovespa. Partindo da expertise do C-se em comunicação, a RIWeb oferece as melhores ferramentas online para relacionamentos com investidor. A unidade já pode ser conhecida no site www.riweb.com.br.

Fazer esse passeio sobre o que foi feito no último ano nos faz lembrar do início do Portal em 2001. O Comunique-se pode ser definido como um sobrevivente. Atuando nas áreas de internet e jornalismo, conhecidas pelos enxugamentos e cortes de custos, o Portal emprega hoje quase 60 pessoas respeitando todos os pré-requisitos trabalhistas, além de passar por uma intensa fase de contratações – e nunca reduziu equipe por questões de custos.

Melhoramos muita coisa, e muitas outras serão melhoradas. Para isso, contamos com a parceria e confiança de nossos clientes e usuários.

Parabéns e obrigado,

Rodrigo Azevedo

Presidente do Comunique-se’

CRÔNICA
Carlos Chaparro

Um trem de rumos tortos…, 14/09/07

‘Permitam-me os leitores o atrevimento de hoje trazer ao texto, como protagonista de uma pequena história, o ferroviário Gabriel Marques Chaparro. Se vivo continuasse, estaria ele hoje com 106 anos. Mas, que digo eu – se vivo continuasse?! De verdade, ele tem 106 anos. Porque vivo está, nas várias dimensões que podemos dar à saudade sem tristezas.

Três décadas atrás, quando o ferroviário Gabriel, aos 85 anos, resolveu rejeitar o sofrimento que injustamente o prendia à cama, descobri que os pais jamais morrem na vida dos filhos. E não apenas pelas heranças genéticas. Em famílias normais, vêm deles, dos pais, as anterioridades que nos formam o caráter e continuamente nos educam para as escolhas de ser ou não ser, dizer ou não dizer, fazer ou não fazer. São elas, as anterioridades, que dão sentido à nossa própria vida, qualquer que seja a fase e a forma em que a vivemos – e todos nós sabemos disso.

Pois o velho Gabriel, que como ferroviário se especializou em dar rumo certo aos trens, partilhou comigo, hoje de manhã, a leitura dos jornais do dia. Talvez não tenha falado, porque lembranças não falam. Mas falei eu por ele, pela voz da memória, pois tudo o que de importante ele me disse na infância e na juventude está marcado, em destaque, no arquivo dos conteúdos indeléveis.

Certa vez, tinha eu nove anos, ao regressar da escola, pelos dois quilômetros de estreita vereda que, margeando os trilhos do trem, me levava de volta a casa, juntei-me a um grupo de coleguinhas, na aventura de saltar o muro de um pequeno pomar, para roubar laranjas que ali estavam, madurinhas, a nos desafiar.

Na inocência da idade, não via mal algum naquela apropriação de laranjas alheias. Afinal, o encanto da emoção não estava nas laranjas, mas na aventura. E levei para casa os frutos proibidos, meia dúzia deles, se tanto.

O ferroviário Gabriel, pai atento, logo percebeu o que se passava. E quando lhe confirmei a origem daquelas laranjas, falou curto e grosso, tão firme quanto sereno: ‘Pois agora voltas lá, e devolves as laranjas ao senhor dono delas’.

E a lição me serviu para o resto da vida e para todas as circunstâncias em que haja laranjas por perto. Graças à firmeza, à sabedoria e à honestidade do ferroviário Gabriel. Grande pai!

Pois esta manhã, a lembrança dessa lição deu sentidos inesperados à leitura do Estadão, que no caderno ‘Metrópole’ anunciava em manchete de seis colunas: ‘São Paulo começa a recuperar R$ 132 milhões desviados dos cofres públicos’.

Mais abaixo, lá estavam os nomes dos larápios a quem a Justiça, já em última instância, obriga agora a devolver ao povo o que do povo foi roubado, por ação ou omissão. Entre os finalmente apanhados pela Lei de Improbidade Administrativa, gente com história no ramo: Maluf, Pitta, empreiteiros cúmplices e alguns ex-secretários municipais e/ou estaduais. No total, são 25 os réus. Na arena da Justiça, com armas de advogados caros, lutaram o quanto puderam, em recursos sucessivos. Perderam todos. Sem conseguir provar inocência, e sem poder mais recorrer, vão ter que devolver as laranjas – ou melhor, os milhões roubados.

Estava eu lendo a notícia em voz alta, para eu próprio acreditar no que lia, quando, ao final da reportagem, me pareceu ouvir a voz serena, de bom timbre, mas em tom zangado, do ferroviário Gabriel. Apenas duas frases, naquele jeito que tinha de dizer tudo em poucas palavras:

– Mas que raio de pais essa gente teve? E que raio de pais essa gente é?

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O velho ferroviário Gabriel, que deu rumo certo deu a tantos trens, ainda não conseguiu, coitado, entender as vias tortas por onde correm os trens dos Malufs e dos Renans.

Ou será que entendeu, melhor até que nós?

(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’

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Folha de S. Paulo – 1

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O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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