COMUNIQUE-SE
Texto de despedida ou nos vemos no Blog do Brasil
‘Nos últimos dias a direção do Comunique-se anunciou mudanças na linha editorial e no layout do portal. ‘Um pacote de novidades será lançado pelo Comunique-se em 2009 para dar maior abrangência ao conteúdo e levar mais funcionalidades a seus usuários’, citava o artigo (ver aqui).
Mais adiante eram fornecidos alguns detalhes dessas mudanças: ‘No mês de junho, os colunistas irão se despedir do Comunique-se. A área de colunas dará lugar ao conteúdo interativo, com maior destaque para informações lançadas na rede por blogueiros e por usuários do Twitter, por exemplo. Na home do Portal, reportagens ligadas a agências de comunicação e departamentos de comunicação de empresas’.
Ou seja, após uma longa trajetória com mais de 300 artigos com muitas críticas, informações e ainda mais provocações é chegada a hora da despedida.
Nada contra mudanças. Muito pelo contrário. Mas assim como alguns leitores já comentaram não tenho certeza se a saída dos colunistas é uma boa decisão da direção da empresa.
No passado, o ‘nosso’ Comunique-se conseguiu transformar mais um site de notícias e produtos para jornalistas em um importante fórum de discussão sobre a comunicação.
Aqui no ‘nosso’ Comunique-se também retomamos uma das práticas mais importantes e esquecidas do jornalismo: o debate interativo entre os jornalistas e o público.
Nos primórdios da imprensa, ainda no século XVI, artigos impressos ou mesmo manuscritos eram deixados em pontos estratégicos das cidades européias com um espaço em branco para que os leitores pudessem acrescentar informações e opiniões. A interatividade improvisada era incentivada e valorizada pelos publicistas.
Blog do Brasil
Com o passar dos tempos, os meios de comunicação de massa passaram a impor um novo modelo de divulgação de informações e opiniões. Os meios de comunicação se tornaram veículos centralizadores e unidirecionais. Portavozes ideais das ditaduras e do pensamento único. Perderam ou desprezaram a participação do público nos debates com os profissionais da notícia. Pena!
Aqui no Comunique-se, desde sempre retomamos e valorizamos essa participação do público. Nesse novo modelo de jornalismo na internet, colunistas, jornalistas da redação e o público passaram a compartilhar o mesmo espaço. ‘Cada um no seu quadrado’, mas todos comentando, interagindo e propondo novas idéias. Os colunistas lançam temas e o público agrega valor com suas experiências profissionais e opiniões pessoais.
Ponto para o Comunique-se.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
Eduardo Ribeiro
Toda a sorte do mundo ao Comunique-se e aos seus leitores e usuários
‘Às vésperas de completar oito anos de vida, que seriam celebrados dentro de três semanas, despeço-me desse espaço semanal que muito me orgulhou ocupar. Estreei praticamente junto com o portal, no já distante junho de 2001.
Foram, se as contas não estiverem incorretas, 620 colunas, com informações e comentários sobre o nosso mercado, sobre os veículos, sobre as agências e áreas de comunicação, enfim sobre a atividade profissional do jornalismo. Neles escrevi sobre crise, crescimento, nascimento e morte de veículos, pessoas, cenários. Os textos procuraram transitar igualmente pelo Jornalismo e pela Comunicação Corporativa, os dois universos em que há décadas atuam os jornalistas brasileiros, fruto de uma situação praticamente única no mundo, em que as duas atividades são exercidas pelo mesmo profissional, embora em lados diferentes.
Vimos a internet chegar cada vez mais forte ao jornalismo e explodir de vez com as ferramentas da web 2.0 que fez dos cidadãos jornalistas em potencial, saindo da posição passiva de receptor, para interagir, ser também emissor.
A decisão do Comunique-se de reestruturar a sua área editorial, investindo em equipe própria, em apuração, em reportagem está correta. Ganhará o portal, ao meu ver, relevância e audiência, por dinamizar e aumentar o fluxo de informações para a comunidade de leitores.
Vou sentir saudades das madrugadas de terças-feiras, que usava para escrever os artigos, após o fechamento da edição impressa do Jornalistas&Cia, que dirijo e que vai para seu décimo quarto ano de vida. Mas é assim a vida.
Fim de um ciclo, início de outro. Aos que me acompanharam, ainda que parcialmente, por todos esses anos o meu muito obrigado. Um agradecimento especial à Miriam Abreu, editora carinhosa, que se prepara para ter seu segundo bebê, e ao Rodrigo Azevedo, presidente visionário que fez de uma idéia um negócio promissor.
De minha parte, continuarei a jornada nas múltiplas atividades em que me divido entre a Mega Brasil Comunicação (www.megabrasil.com.br) e o Jornalistas&Cia (www.jornalistasecia.com.br). Para os que quiserem continuar se comunicando comigo, o e-mail é eduribeiro@jornalistasecia.com.br.
Vida longa ao Comunique-se e a essa maravilhosa comunidade.’
Bruno Rodrigues
Até logo, até lá!
‘Ufa! Valeu a pena, mas como cansou. Foram dois anos e oito meses de esforço semanal de escrita para o ‘Comunique-se’. Ouço daqui hordas de jornalistas gargalhando da minha aparente falta de noção: ‘esforço semanal? Vá escrever textos diários, amigo, e verá o que é bom para tosse’.
Ah, é? Mas tenha o compromisso de escrever uma coluna – opinião, mesmo – toda semana, ao longo de um interminável horizonte de dias. E mais: sem perder o compromisso de levar aos leitores o que há de mais polêmico, interessante, revolucionário, curioso e, principalmente, novo na área de Comunicação Digital.
O resultado? Puro prazer, amigos, puro prazer.
Fui do Orkut ao Twitter, do e-book à música digital, lembrei por duas vezes a morte de meu amigo FerVil, pioneiro do conteúdo online no Brasil, falei mal do Papa analógico antes dele virar digital, critiquei a falta de reciclagem dos colegas, elogiei a Velha Guarda, fiz minha contribuição para o fim da desconfiança com o jornalismo participativo, abordei intranet e celular, tomei tomate por elogiar os games, citei Spielberg uma penca de vezes sem que ninguém percebesse que ele é meu ídolo, dividi minha lista de livros, sites e blogs, jurei nunca mais responder a entrevistas de estudantes por e-mail apenas para voltar atrás, entrevistei Lucia Guimarães em NY e me senti no ‘Manhattan Connection’, endeusei as mulheres e seus blogs sobre casa & culinária, debochei de quem não responde e-mails, fui mais um a lembrar que Jornalismo é muito mais do que pensam e sobreviverá ao fim do papel, tentei, ainda que indiretamente, acalmar meu filho, que cresce em um mundo de 11 de setembros, tsunamis, crises econômicas e aviões que caem quando as pessoas vão, felizes, para Paris. Fui xingado e elogiado, mas como valeu a pena, amigos, como valeu.
‘Conteúdo n@ Rede’ não acaba aqui – só muda de lugar.
A partir da semana que vem, você me encontrará em meu blog, o ‘Cebol@’, em bruno-rodrigues.blog.uol.com.br [em breve em bruno-rodrigues.blog.br], todas às terças, como de costume.
A vocês, deixo meu agradecimento, meu e-mail (bruno-rodrigues@uol.com.br), meu Twitter (www.twitter.com/brunorodrigues) e saio de fininho no auge da festa.
Fui! 🙂
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Quem tem sempre possui e quem volta só regressa
‘Vou-me embora
pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
(Manuel Bandeira, jornalista e poeta)
Quem tem sempre possui e quem volta só regressa
O considerado Amaury Ribeiro Júnior, empresário em São Paulo, envia este período publicado no UOL Notícias, o qual fazia parte dos destroços de matéria sobre o avião acidentado:
‘(…) De acordo com a companhia, o comandante da aeronave é francês e possui 58 anos. Entrou na Air France em 1988 e possui 11.000 horas de voo, das quais 1.700 em Airbus A330/A340. Os dois oficiais pilotos (co-pilotos) são franceses, possuem 37 e 32 anos e entraram na companhia entre 1999 e 2004, respectivamente. Um deles possui 6.600 horas de voo (2.600 em Airbus A330/340) e o outro 3.000 horas (800 em Airbus A330/340). Entre os comissários de bordo, 5 são franceses e um brasileiro.’
O leitor, que é formado em Letras pela USP, se diz ‘nauseado’ pela ruindade do texto:
‘É muito ‘possui’, não é, considerado? Trata-se de absoluta falta de recurso, coisa de quem desconhece inteiramente o idioma.’
Janistraquis concorda, ó Amaury, e garante que o redator, possuído pelo demônio da bertoldice, deve achar ‘feio’ o verbo ter, do mesmo modo como tantos e tantos abominam, sabedeusporqualmotivo, o verbo ‘voltar’, pois só escrevem e falam ‘regressar’.
(Por falar nessas questões, o considerado Lucas Mendes leu, no Manhattan Connection, mensagem de telespectador que reclama da ‘pronúncia’ da palavra ‘companhia’; ali naquela mesa novaiorquina que abriga mineiros e paulistas, come-se o h e dizem sempre compania. Este mau hábito já foi comentado por Janistraquis há algum tempo.)
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Seqüestro
A coluna recebeu e repassa aos considerados leitores; Janistrasquis e eu torcemos para que não seja preciso testar o serviço.
A POLÍCIA FEDERAL INFORMA:
Se você tiver o infortúnio de ser vítima de um seqüestro-relâmpago e tiver que sacar dinheiro num caixa eletrônico, mantenha a calma e tecle sua senha de maneira inversa!
Por exemplo, se sua senha for 1234, tecle 4321. O caixa eletrônico vai te dar o dinheiro, mas vai avisar à policia, pois digitar uma senha invertida aciona o mecanismo de emergência!
Por favor, repasse a todos; é muito importante e a maioria das pessoas ainda não sabe disso.
Liliane P. Bastos
CRP: 10529 Brasília – DF
Juíza Federal de Mediação Arbitral – ANAJUS – BRASIL
Registro Nacional: A0097
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Da velhice
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre a falta de vergonha vê-se a República a fornicar com cafajestes de todo tipo, pois Roldão examinou no espelho do banheiro o rosto iluminado pela passagem do tempo, olhos de jovem que muito observou pelos caminhos, e escreveu, sob o título Quarta Idade:
Há expressões incorretas, mas que, com o uso repetido, se cristalizam. Os meios de comunicação consideraram politicamente errado chamar a velhice de velhice e inventaram uma ‘terceira idade’, chavão que todos já empregam. Deveria ser ‘quarta idade’.
A primeira é a infância, que vai desde o nascimento até os 13 anos. Em seguida, a juventude ou adolescência, até a maioridade aos 18 anos ou 21 para alguns efeitos legais. Daí em diante, temos a idade adulta, a verdadeira 3ª idade, que vai até à velhice, aos 60 anos, que é a quarta idade, sem dúvida.
Podia ser dito senilidade, mas aí sim, haveria a impressão de caduquice. Lembrar que o termo Senado vem de senil. Ipsa senectus morbus est — A própria velhice é uma doença, está escrito em Formião, de Terêncio.
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Problema da aviação
O considerado Roldão também recorda este inesquecível episódio ocorrido há 48 anos:
No breve, mas ativo governo Jânio Quadros, em 1961, a política externa brasileira foi dinamizada e reorientada para prestigiar o Terceiro Mundo. Um dia, nosso chanceler, Afonso Arinos, foi enviado em missão diplomática a Lisboa. Como ele tinha muito medo de viagens aéreas, chegou à capital lusitana com péssima aparência. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal do governo Salazar, Dr. Paulo Cunha, ao lhe dar as boas-vindas no aeroporto de Portela de Sacavém, indagou:
– V. Excia. está a passar mal? Houve alguma tempestade sobre o Atlântico durante o voo?
– Não. A viagem foi tranquila. Eu é que tenho medo de viagens de avião e fico assim depois de voos muito longos, respondeu nosso ministro de Relações Exteriores.
– Pois V. Excia. tem toda a razão. O grande problema da aviação é que o avião dá defeito lá em cima e as oficinas estão cá em terra – retrucou o seu homólogo, com todo o raciocínio lógico cartesiano próprio dos portugueses.
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Ótima burrice
Lembrado pelo considerado Eduardo Almeida Reis em sua apreciada coluna do Estado de Minas:
‘Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência’ (Arthur Schopenhauer, 1788-1860).
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Ah!, Sarney…
Janistraquis garante que estava meio perturbado o redator que escreveu na capa do UOL:
Sarney terá de devolver dinheiro irregular recebido ao Senado.
‘Será que não dava pra dizer Sarney terá de devolver ao Senado dinheiro irregular recebido?’
Dava sim, mas tanto faz, pois o problema é Sarney ter feito o que fez.
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A danada da cachaça
O senador Magno Malta (PR-ES), aquele que parece um inglês da Câmara dos Lordes, esteve no Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, programa comandado com mão de ferro e vozeirão de aço por Zé Luís Datena e mandou ver:
‘O maior problema do Brasil é o alcoolismo.’
Janistraquis, que passava um pano molhado no chão do banheiro, tomou um susto que quase lhe veio o cu aos pés das calças, como dizem lá pros lados do Alentejo:
‘É impressionante, considerado! Vivemos num país dominado por bandidos perigosíssimos; o comércio das drogas corre livre, leve e, principalmente solto; o índice de analfabetismo é estarrecedor e a gripe suína anda por aí a preparar o bote. Pois vem o cara e bota na cachaça a culpa por tudo de ruim que acontece no Brasil?!?!?! Esse Magno parece que bebe…’
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Jovens boêmios
Leia aqui a íntegra do poema cujo fragmento encima esta coluna. Vou-me embora pra Pasárgada acompanhou boêmios juvenis naqueles tempos em que a existência era uma aventura de tal modo inconseqüente…
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Travesti é homem!
O considerado Luís Francisco de Salles, professor no Rio de Janeiro, escreve para registrar protesto contra matéria do Jornal da Band:
‘A emissora apresentou uma série de reportagens sobre a exploração de travestis nordestinos que são trazidos para o sul por espertos cafetões. Pois não é que a repórter e também apresentadora Ticiana Villas Boas resolveu chamar os infelizes de as travestis? Ora, travesti é do sexo masculino, não existe travesti mulher.’
É verdade, professor, é verdade. Travesti pode não ser macho, mas é homem, mesmo os que pretendem casar de véu e grinalda.
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De mãe para mãe
O considerado leitor Carlos Roberto Costa, geólogo aposentado que mora em Nova Friburgo (RJ), envia fragmento da ‘carta de uma mãe para outra mãe’, que circula na internet com a rapidez de um assalto a mão armada:
Olhe, você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
Se você não conhece a carta, autêntica ou não, porque tal detalhe é irrelevante, visite o Blogstraquis.
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Coisas da ciência
Janistraquis escutou no rádio que, depois de anos e anos de testes e estudos, uma plêiade de cientistas garantiu: o coração da gente pode se regenerar pela vida afora. Todavia, apesar da festejada notícia meu assistente decidiu que, por enquanto, não há motivo para comemoração:
‘Considerado, muito mais importante do que o coração é o fígado; aquele pode fracassar por causa de um simples gol perdido ou um deslumbrante frango, mas é o figueiredo que agüenta a rebordosa pela vida passada na mesa do botequim…’
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Nota dez
O considerado Fernando Gabeira, velho amigo e companheiro do Correio de Minas de 1962, reviveu seus melhores momentos de grande repórter que foi (é) ao escrever na Folha sob o título As águas do futuro:
SÃO LUÍS – Deixo a capital do Maranhão rumo ao vale do Mearim. Ficam para trás os bairros grã-finos: Ponta da Areia, Calhau. Há um visível crescimento imobiliário.
(…) Com todas as dificuldades imediatas, há um instrumento para o futuro: o comitê de bacia. Ele poderá fazer planos, atrair recursos, sanear, enfim ser mais governo. Exemplo: a barragem do rio das Flores, afluente do Mearim, não abre suas comportas há anos. É controlada por um grupo particular. E não se chega lá, em Joselândia, a não ser de helicóptero.
No mês que vem, chegaremos. No Maranhão, é preciso ser resistente como o babaçu, que só morre com doses cavalares de veneno. E não recebe Bolsa Família.
Gabeira, mestre do ‘lead cartago’ e de todas as técnicas jornalísticas, é sempre leitura obrigatória. A íntegra do artigo abriga-se no Blogstraquis.
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Errei, sim!
‘COISA INFERNAL – Da Folha de S. Paulo em texto a respeito daquele canibal de Milwaukee: ‘A pena para cada um desses crimes é de prisão perpétua mais 150 anos’. Janistraquis concluiu que, se o condenado tiver de cumprir 150 anos de cadeia depois da prisão perpétua, certamente irá amargá-la nas profundezas do inferno, onde aguardará a chegada triunfal do redator da Folha.’ (novembro de 1992)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
DIRETÓRIO ACADÊMICO
Entrevista com Ricardo Boechat: ‘a profissão de repórter não estava nessa lista’
‘Ricardo Eugênio Boechat nasceu no dia 13 de julho de 1952, em Buenos Aires, na Argentina. Gostava de escrever, ler jornais e revistas, política e noticiário internacional, mas era um aluno fraco em ciências exatas. Conseguia boas notas em redação. Não raro, fazia a redação dele e a dos colegas que, em troca, davam cola em Matemática. ‘Nunca tive, entretanto, atração especial pelo jornalismo. Sabia o que não queria ser – e não queria ser muitas coisas. Mas a profissão de repórter não estava nessa lista’, afirma o jornalista.
Repórter consagrado e reconhecido como um dos jornalistas mais bem informados do país, Boechat acumula passagens por Diário de Notícias, O Globo, Jornal do Brasil, SBT, O Dia, O Estado de S. Paulo. Atualmente, apresenta o jornal matutino na rádio Bandnews FM, transmitido para toda rede. Se destaca apresentando o Jornal da Band e escreve semanalmente uma coluna com seu nome na revista IstoÉ.
Ganhou três Prêmios Esso e o prêmio White Martins de Imprensa. Em três oportunidades conquistou o Prêmio Comunique-se: em 2006, na Categoria Âncora da Rádio. Em 2007, ganhou na Categoria Apresentador de TV. Em 2008, ganhou nas Categorias de Âncora de Rádio e Colunista de Notícia.
Como começou seu envolvimento com o jornalismo?
Aos 16 anos desisti de ir à escola. Queria trabalhar, ter liberdade e algum dinheiro no bolso. Procurei emprego, de vendedor de livros, de vendedor de material de escritório… Aceitaria qualquer coisa que me permitisse caminhar sozinho. O pai de uma colega de escola, ao encontrar-me casualmente e saber o que estava fazendo, insistiu que eu deveria tentar jornalismo, porque considerava que levava jeito. Ele trabalhava na área Comercial do hoje extinto Diário de Notícias, no Rio de Janeiro, e pediu que me dessem uma oportunidade. Fui ficando por lá, fazendo aquelas coisas que os focas faziam, e a vida seguiu seu rumo. Se esse gentil ‘padrinho’ me enviasse a uma empresa de coleta de lixo, provavelmente eu seria gari até hoje.
Qual foi a sua maior dificuldade no inicio de carreira?
Ter que trabalhar. A praia sempre foi melhor…
Boechat e os tempos de trabalho com o Ibrahim Sued, o que você aprendeu de melhor com ele?
O Turco era um chefe severo, severíssimo, muito exigente. Nunca disse que algo estava bom. Nunca fez um elogio. As opções diante dele eram levar um grande esporro ou um esporro moderado. Nada que reduzisse sua generosidade como figura humana, nem o muito que ensinava intuitivamente, sendo como era. A cada bronca recebida, o destinatário da espinafração tratava de corrigir o rumo, de melhorar o que estava fazendo, de aumentar o rigor na apuração. Um furo, por melhor que fosse, sempre era insuficiente. Correr atrás, o tempo todo. Ligar, ligar, ligar, apurar, apurar, apurar. Não relaxar. Jamais desfrutar a sensação de que o objetivo tinha sido alcançado. Num ritmo desse, por quase 14 anos, ou se aprende algo ou se mata o patrão. O Ibrahim morreu de causas naturais. E até hoje sinto saudades dele.
O que você ainda não fez na sua vida profissional, que gostaria de realizar?
Tirar seis meses de férias. Em segundo lugar, ser correspondente internacional na Rive Gauche.
Qual a matérial ou situação mais engraçada que você passou?
Dei uma nota na coluna Swann no Globo, um dia, matando o Altamiro Carrilho. Me referi a ele como ‘saudoso’. Na manhã seguinte, descobri que aquela seria – ao menos até agora – a mais gratificante barriga de minha carreira. Afinal, se a notícia estivesse correta, não teríamos o Altamiro, que fará 85 anos em dezembro, ainda tocando suas flautas mágicas, para alegria do planeta, com uma saúde de fazer inveja às mais peladas rainhas de bateria do carnaval carioca.
Como se explica a relação entre política e imprensa?
Tudo é notícia quando algo acontece que possa interessar às pessoas. Quanto mais gente se interessa, mais notícia é. Isso vale para a política, os políticos e para qualquer outro campo da vida. Em todos eles é preciso ter fontes, entender um pouco do que se está falando, enfim, estar apto a contar e explicar o que aconteceu. Políticos não são os únicos integrantes da sociedade interessados em manter canais de contato com a imprensa. Nesse sentido, não há, insisto, uma ‘relação’ própria entre a política e a imprensa. Pessoalmente, embora dele me ocupe regularmente, acho o noticiário político uma das coisas mais chatas de nossa rotina profissional.
Você já recebeu alguma proposta para atuar na política?
Já. Algumas vezes. Cada uma dessas conversas durou, no máximo, 30 segundos.
Qual dica você dá para quem está iniciando no jornalismo?
‘Prepare-se para sofrer’. Brinco com estudantes em encontros eventuais descrevendo as qualidades básicas de um jornalista: ‘insônia, pressão alta, vida familiar maltratada pela rotina massacrante, síndromes diversas, orçamento no osso, prisão de ventre…’. No conjunto – há expressivas exceções – é ofício que não paga bem, especialmente fora dos grandes centros e dos grandes veículos. Que exige muito em dedicação, em paixão, em tempo de vida. Na qual, por vias normais, se progride devagar, à custa de muito suor. Mas também é profissão instigante, movimentada, rica em assuntos, em emoções, detentora de uma aura que inspira admiração nas pessoas. Principalmente, é um meio onde não se morre de tédio. No balanço geral, é uma carreira que vale o que pede a cada um de nós. O conselho, enfim? Paguem o preço.
O projeto Na Mira é uma iniciativa dos estudantes de Comunicação Social que trabalham da Unidade de Pesquisa e Atualização (UPA), responsável pela atualização da base de dados do Comunique-se. Mensalmente, a equipe do Na Mira entrevista um jornalista. Participaram desta edição os estudantes Rafael Menezes, Carolina Monte, Robério Moura, Juliane Souza, Laercio Vieira e Priscila Reis. A coordenação do projeto é da gestora da UPA, Priscila Daud.’
DIPLOMA EM DEBATE
Supremo julga obrigatoriedade do diploma no dia 10/06
‘O Supremo Tribunal Federal inseriu na pauta da próxima quarta-feira (10/06) o julgamento da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Porém, existe a possibilidade do julgamento ser adiado novamente, já que o ministro Marco Aurélio declarou que levará o caso do menino Sean para ser apreciado na próxima sessão plenária.
O julgamento do Recurso Extraordinário 511961, que questiona a necessidade de formação superior para a obtenção do registro profissional, já foi adiado em uma oportunidade. Ele foi inserido na pauta do dia 01/04, mas não foi discutido por falta de tempo na sessão.
A discussão em torno do tema teve início em 2001, quando a juíza Carla Rister concedeu liminar suspendendo a exigência do diploma, acatando pedido do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo.
Em 2005, o Tribunal Regional Federal revogou o entendimento de primeira instância, e o diploma voltou a ser obrigatório. Entretanto, o Ministério Público Federal recorreu e o caso foi para o STF.
No final de 2006, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, suspendeu temporariamente a obrigatoriedade do diploma até que o caso seja julgado no Tribunal, o que pode acontecer na próxima semana.’
THE ECONOMIST
Izabela Vasconcelos
Editor da The Economist diz que imprensa esquece a América Latina
‘‘A cobertura da imprensa internacional sobre a América Latina é muito ruim’, afirmou Michael Reid, editor da revista The Economist, no seminário ‘A luta pela alma da América Latina’, realizado nesta quinta-feira, (04/06) em São Paulo.
Para Reid, a imprensa e a sociedade esquecem a região do continente americano. ‘O que chama a atenção da imprensa internacional e sempre é notícia é o crescimento da China, as guerras no Oriente Médio. A América Latina sempre fica esquecida’, comentou.
Reid, que viveu três anos no Brasil, e em outros países latino-americanos, escreveu o livro ‘O Continente Esquecido – A batalha pela Alma Latino-americana’, recém lançado no Brasil. A publicação é um estudo da região e dos pontos em comum entre os países latino-americanos, como economia e política.
O debate
O encontro foi mediado pelo jornalista Lourival Sant’Anna, repórter especial do O Estado de S. Paulo, e por Bernardo Ricupero, professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo.
Para o jornalista, a cobertura da mídia ainda mostra a região latino-americana com o mesmo foco. ‘A América Latina é sempre retratada como uma região desorganizada. Mas é importante reconhecer o progresso quando ele existe’, afirmou.
Lourival Sant’Anna, que já fez várias coberturas sobre a América Latina, ressaltou que os ‘jornais econômicos percebem as diferenças entre os países da América Latina. Mas na imprensa em geral o tema é esquecido’.
Quando a pauta é o Brasil na própria América Latina, existe uma tendência clara. ‘A imprensa latino-americana muitas vezes é contaminada pelos interesses econômicos. Em países como Bolívia, Paraguai o Equador, o Brasil é visto como um ladrão, imperialista na América Latina’, ressaltou Sant’Anna.’
NOVO JORNAL
São Paulo terá jornal gratuito sobre viagens
‘São Paulo vai ganhar um novo jornal gratuito: o Viajar. A partir da próxima quarta-feira (10/06), o semanário, criado pela 100% Comunicação, irá circular por meio de parceria de impressão e distribuição com o Destak.
O jornal abordará temas sobre o universo das viagens, com uma linguagem rápida e leve. A tiragem semanal será de 50 mil exemplares.
A parceria entre Viajar e Destak foi criada pela 100% Comunicação, que tem entre seus sócios Cidinha Cabral, Ângelo Rossi e Sandra Garcia, todos com ampla experiência na área de planejamento e execução de projetos editoriais e comerciais.
Globo Internacional será distribuída pela Time Warner Cable
Da Redação
A TV Globo Internacional fechou parceria com a Time Warner Cable, uma das principais operadoras de TV a cabo nos Estados Unidos. Com o acordo, o canal terá acesso a uma base de mais de 14 milhões de assinantes que vivem nas proximidades de Nova York. O contrato foi assinado nesta quarta-feira (03/06).
‘Para nós da TV Globo Internacional é muito importante essa parceria. Reconhecemos o ‘state art of technology’ da empresa e acreditamos que a sua forte presença em uma das maiores concentrações de brasileiros nos Estados Unidos incrementará a nossa base de assinantes’, afirma Marcelo Spínola, diretor da TV Globo Internacional.
A TV Globo Internacional estará disponível a partir deste mês no canal 512.’
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