Em 1998, uma cara colega que achava que tudo era ironia nessa história do jornalista que confundiu Felipão com um sósia – e, ainda pior, também o “Neymar” na poltrona próxima… – mais se divertia com Paris que com a Copa que, a princípio, estava escalada para cobrir para mostrar o “outro lado” do Mundial. Sim, ela podia não ver alguns jogos. Mas não deixar de ver quase todos como fez. Como outro caro colega que adorava dizer que não via jogos ruins da Copa. Justamente os que são mais Copa. Justamente os que o levaram a ser pago para executar a função. E com o privilégio que muita gente pagaria para fazer enquanto ele dormia no Mundial.
A cara colega tinha como fazer o que escrevia do Leblon, do Barra Shopping, da estátua do Borga Gato, sei lá eu. Mas ela fazia o seu bom serviço ocupando lugares que seriam de jornalistas esportivos. Essa gente menor e limitada. Alienada. Essa subespécie da imprensa. Esse pessoal da editoria do esporte que não sabe qual é a capa da Época. Da Veja. Da Isto É. Da GQ. Essas revistas de pouca circulação que se confundiram e postaram também capas e reportagens com sósias do Felipão e do Neymar que trabalham no Zorra Total.
Não conheço jornalista esportivo que tenha confundido ministro com sósia.
Mas conheço muito colunista premiado por chefia padrão Fifa que ganha credencial de Copa como se fosse promoção de patrocinador da entidade. Do tipo:
– Escreva mal do governo (qualquer um) por 4 anos e ganhe um mês no centro de imprensa da Copa do Mundo! Não requer prática nem habilidade! Chupe algum artigo do El País, cite Eduardo Galeano, escreva sobre um bistrô fantástico que você foi com alguns jornalistas da antiga até de madrugada, e esteja na final da Copa do mundo vendo o jogo. Se o Brasil perder, diga que torce pelo Barcelona e que perdeu o encanto com o futebol no Sarriá; se o Brasil for hexa, diga que isso não pode jamais reeleger a Dilma.
Muita areia…
É isso. É simples.
Tão fácil quanto imaginar que Neymar seria um pouco mais assediado se realmente estivesse no voo, e não o sósia do Zorra Total (?!).
Tão fácil quanto imaginar que o treinador da Seleção não falaria o que falou a um desconhecido que o desconhecia além do aceitável para qualquer jornalista. Para não dizer para qualquer brasileiro.
Mas, isso, só os limitados jornalistas esportivos sabem. Os doutos colegas-doutores que vão dar um outro enfoque na cobertura esportiva jamais seriam tão focas de publicar uma entrevista com sósia de treinador pentacampeão flanando de avião pelo paÍs da Copa.
Um culto e letrado colega que tudo sabe dos bastidores da notícia não erraria jamais! Onde já se leu?!!!
Ele, como outros, abusaria da ironia. Sentado numa posição de jornalista em estádio da Copa escrevendo a respeito da mensagem subliminar comunista da bola vermelha da bandeira do Japão… Ou qualquer outra constatação intestina constantina.
Foram os fatos que desandaram. Não a versão publicada no jornal e sumida na internet.
Afinal, é mais fácil nessa condição profissional do nobre colega saber quem é sócio do patrão que reconhecer um sósia do Felipão.
Conte outra.
Nós, limitados jornalistas esportivos, vamos continuar contando nossas tacanhas historinhas.
Nos vemos na Rússia 2018, colegas colunistas.
Ou, provavelmente, não.
Lá só vai colunista para fazer paralelo com a Revolução de 17, Glasnost, queda da URSS, Putin.
É muito areia pro nosso aviãozinho da Ponte Aérea.
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Mauro Beting é jornalista