A finalidade desta mensagem é colaborar com o debate sobre o denuncismo da imprensa, assunto que está em pauta por conta da edição da revista IstoÉ desta semana. O que vou relatar é um episódio ocorrido na semana passada e amplamente divulgado nas colunas policiais dos principais veículos de comunicação de São Paulo.
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‘Gerente da Ceagesp é preso’ [O Estado de S.Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004]**
‘Gerente da Ceagesp preso por PM’ [Agora São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004]**
‘Funcionário do Ceasa acusado de roubo [Diário de São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004]Pois bem, é um fato que aparentemente merece destaque nos veículos de comunicação. O detalhe, contudo, é que o cidadão que foi preso não é funcionário da Ceagesp. Isso mesmo! O suposto gerente que foi preso não é funcionário da empresa que aparece no título de todas as manchetes! Quem foi o grande prejudicado com a publicação? A Ceagesp, claro!
Mas o que nos resta é lamentar que o nome da empresa tenha sido envolvido em tal episódio por falha na apuração da informação. Tão logo tivemos notícia das publicações, já que não fomos procurados durante a apuração para saber se o gerente preso era mesmo funcionário da Ceagesp, elaboramos uma nota de esclarecimento para os veículos informando que o cidadão preso não tinha e nunca teve vínculo com empresa. Mesmo sabendo que o estrago já estava feito, a expectativa de uma errata nos confortava parcialmente.
Ocorre que todos os veículos envolvidos ignoraram a solicitação de esclarecimento. Para a história, e o jornal é um documento histórico, ficará para sempre o registro de um gerente da Ceagesp que foi preso! Sem contar, claro, com o desgaste imediato da imagem de uma empresa que é responsável pelo abastecimento da população e é um símbolo da cidade de São Paulo.
Tivemos também o cuidado de verificar o Boletim de Ocorrência registrado no Distrito Policial; neste documento nada consta que o cidadão preso seja gerente da Ceagesp!
Do episódio, e de tantos outros semelhantes, ficam algumas perguntas que merecem reflexões e respostas.
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A apuração do fato policial é conduzida sem a devida investigação pelos jornalistas?**
Se o cidadão preso se apresentasse como gerente da Ceagesp não caberia ao jornalista apurar a informação?**
Se o cidadão preso se apresentasse como gerente, mas da Construtora Ferreira, essa informação iria pautar todas as manchetes?**
Se o cidadão preso se apresentasse como diretor de uma grande multinacional o jornalista não iria apurar a informação?**
Admitindo a hipótese de publicação da errata, ela teria o efeito de recuperar o desgaste da imagem da empresa?**
A nota de esclarecimento não foi publicada por conta do descrédito que as assessorias de comunicação têm nas redações?**
Quem errou?**
Quem vai pagar pelo erro?******
Coordenador da assessoria de comunicação da Ceagesp