Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Crianças são afetadas pela repetição de imagens

Além de ser veementemente desaprovada por parentes das vítimas, a repetição de imagens sobre o massacre na Virginia Tech pode ser prejudicial às crianças, afirma a professora da Universidade do Wisconsin Joanne Cantor, autora do livro Mommy, I´m Scared: How TV and Movies Frighten Children and What We Can Do to Protect Them (‘Mamãe, estou com medo: como a TV e os filmes assustam as crianças e o que podemos fazer para protegê-las’, tradução livre).

Imagens de pessoas chorando ou gritando, vítimas ensangüentadas sendo levadas a ambulâncias ou a correria de policiais com armas em punho estão entre as que mais afetam crianças na faixa de seis anos de idade, diz Joanne. O pior não é elas saberem que coisas ruins acontecem – os pais, de fato, devem estar preparados a responder perguntas sobre tragédias –, mas a repetição incessante destas imagens.

Experiência perturbadora

No caso da Virginia Tech, em um primeiro momento foi exibida por diversas vezes uma imagem capturada por um estudante na câmera de seu telefone celular. Não é mostrado nada explícito, mas se pode ouvir os tiros. Em um segundo momento, passaram a ser mostradas fotos do assassino armado com revólveres, uma faca e um martelo, em poses agressivas. A repetição das imagens pode levar ‘crianças de seis ou sete anos a pensar que aquilo está acontecendo de novo e de novo. Uma coisa é contar a história; outra é recontar e recontar novamente’, diz Joanne.

Crianças entre sete e 12 anos já conseguem compreender com clareza que pessoas foram mortas em um lugar onde deveriam estar seguras. Estas crianças começam a se perguntar o que aquilo significa para sua própria segurança. As fotos do assassino, a partir daí, causam maior impacto. ‘Até este momento elas [as crianças] podem tentar imaginar como seria ser confrontadas por este cara’, diz Joanne, ‘mas vê-lo nesta pose ameaçadora é muito mais perturbador’.

Executivos de mídia como Jon Klein, presidente da CNN, dizem que levam em consideração, diariamente, o impacto daquilo que exibem em suas emissoras. Mas, no fim, eles não são pediatras ou psicólogos. ‘Esta não é uma situação branco no preto’, afirma Klein. ‘As pessoas próximas a estes acontecimentos expressam preocupação e isso é compreensível. Mas nosso trabalho ainda é levar informação ao público’. Informações de David Bauder [AP, 22/4/07].