O alto comando da aviação brasileira concedeu na terça-feira uma entrevista coletiva. Nela, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, diretor do Cenipa (Centro Nacional de Investigações e Prevenção de Acidentes), fez uma declaração da maior importância: disse que a FAB foi pressionada a entregar à Policia Federal as primeiras conclusões do inquérito sobre a colisão do Boeing da Gol em setembro passado.
O brigadeiro foi preciso: de acordo com as convenções internacionais, este tipo de inquérito, de caráter eminentemente técnico, deve ser confidencial e não pode ser transferido aos órgãos policiais ou ao Ministério Público.
A missão da Aeronáutica, segundo o brigadeiro, é identificar os fatores que provocam um acidente e assim prevenir novos episódios. Cabe às autoridades policiais identificar culpados e entregá-los à Justiça. Pergunta-se: quem obrigou a Força Aérea a romper as regras e passar informações sigilosas à Policia Federal? Foi pressão do então ministro da Defesa, Waldir Pires, ou do então ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos?
A questão mais importante, porém, deve ser dirigida à imprensa: apesar da importância do depoimento do brigadeiro Kersul, os jornais do dia seguinte simplesmente ignoraram a revelação. Foi pressa? Ou falta de vontade para reabrir a tragédia com o Boeing da Gol, quando tudo começou?