Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dantas montou “sala de
escuta” na Brasil Telecom


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 21 de julho de 2008


CASO DANIEL DANTAS
Rubens Valente


BrT tinha ‘sala de escuta’ durante a gestão de Dantas


‘Alvo de interceptação de telefones e de e-mails, feita com ordem judicial na Operação Satiagraha da Polícia Federal, o banqueiro Daniel Dantas montou uma ‘sala de escuta’ durante sua passagem pela companhia telefônica Brasil Telecom, controlada pelo banco Opportunity até 2005.


Os equipamentos na sala foram descobertos por uma auditoria interna realizada em novembro de 2005 pelos novos controladores da BrT. A sala funcionava num andar abaixo da presidência da empresa, no SIA Sul (Setor de Indústria e Abastecimento), em Brasília.


No teto da sala, os auditores encontraram cabos para ‘monitorar outros ambientes’. O local era freqüentado por fornecedores da empresa, jornalistas e outros visitantes.


Os auditores crêem que tudo o que era conversado na sala era gravado sem conhecimento dos visitantes. ‘Foi localizada uma sala no 1º andar, bloco A, utilizada como central de escuta. A pessoa que fazia uso desta sala era (…) (ex-funcionário da BrT, gerente de videoconferência/inteligência), para monitorar outros ambientes (dados, voz e imagem). Essas informações foram confirmadas pelo (gerente de controle de serviços). Foram encontrados os cabeamentos para ligação de equipamentos de vídeo, tubulação exclusiva e infra-estrutura de dados elétrica’, diz relatório da auditoria da ICTS Global, contratada pela BrT.


A auditoria também detectou movimentações de madrugada e à noite nesse andar cerca de 30 dias antes do início do trabalho dos auditores. Por meio de imagens do circuito interno, diversos funcionários foram flagrados transportando caixas, sacolas e mochilas.


‘Foi possível identificar, pelas movimentações de pessoas nas imagens, que houve saída de caixas do andar da Presidência [da telefônica], no dia 29/09 por volta da 01h00, 22h00, 23h00, 23h20 e 23h30, mas em quantidades pequenas. Não há como identificar o conteúdo e os destinos das caixas.’


Foi feito um desmonte do sistema de gravações. ‘O sistema de monitoramento eletrônico (…) da área da presidência em Brasília foi desativado um mês antes de sua destituição, não existindo assim os registros de segurança dessa área da empresa, nesse período, segundo [informou o gerente de segurança]’, citou o relatório.


A auditoria também localizou pagamentos de pelo menos R$ 29 milhões para a empresa de consultoria Kroll. As ligações da Kroll com Daniel Dantas foram expostas em reportagem da Folha de 2004. A Kroll foi contratada, segundo confirmaram investigações da Polícia Federal, para acompanhar e produzir dossiês, por interesses de Dantas, sobre altos integrantes do governo federal. ‘Contratação da Kroll, com pagamentos efetuados pela BrT, para levantamento de informações usadas em disputas entre os acionistas’, diz a auditoria.’


 


 


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Banco diz que já contestou auditoria


‘A assessoria de imprensa do Opportunity informou que o banco enviou reclamação à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) contestando os problemas apontados pela auditoria, após uma entrevista de 12 de dezembro de 2005, durante a qual os atuais administradores da Brasil Telecom teriam divulgado à imprensa a denúncia encaminhada à comissão contra os ex-gestores da telefônica.


De acordo com a assessoria, na reclamação à CVM, onde tramita o processo administrativo, o banco acusa a atual gestão da BrT de ‘práticas abusivas’ e ‘responde ponto por ponto aos ataques’.


Segundo notas públicas, declarações e cartas enviadas à imprensa, o Opportunity tem afirmado que a Kroll não fez espionagem e foi contratada pela Brasil Telecom ‘com o intuito de identificar irregularidades cometidas no processo de aquisição da CRT [Companhia Riograndense de Telecomunicações] pela Brasil Telecom’. O Opportunity suspeitava que o negócio tivesse dado um prejuízo de R$ 250 milhões para a BrT.


Em depoimento dado à Comissão de Constituição e Justiça do Senado em 2006, Dantas afirmou não ter tido responsabilidade na contratação da Kroll pela BrT. A Kroll, desde 2004, tem negado irregularidades nos serviços que prestou à Brasil Telecom.


A assessoria da Brasil Telecom, em Brasília, informou que não comentaria os resultados da auditoria. Em abril, foi assinado um acordo de ‘cessação de litígios’ entre a Brasil Telecom e o banco Opportunity, como parte da fusão da companhia telefônica com a Oi.’


 


 


Marcos Cintra


O ‘affair’ Daniel Dantas


‘Economista festejado, estudou no MIT, onde o famoso professor Dornbusch afirmava ter sido seu melhor aluno em toda a sua carreira. Cercado de admiradores influentes, como Mário Henrique Simonsen, galgou degraus no mundo empresarial durante os anos 90. Foi confidente, consultor e quem sabe até co-autor na elaboração dos planos de estabilização econômica com importantes economistas, como André Lara Rezende e Pérsio Arida. Enfim, uma carreira brilhante, mas que tragicamente descambou para o lado oculto da vida empresarial.


Contudo Daniel Dantas e seus sequazes podem deixar um legado didático para o país.


Sua prisão abriu uma intensa discussão sobre a Justiça. O cidadão sente-se inseguro quando sua privacidade e sua liberdade são subitamente ameaçadas por grampos e por ações policialescas espalhafatosas.


Mas, por outro lado, o homem comum sente-se agredido ao ver que o mal campeia solto e que a impunidade estimula a criminalidade.


O mais notável na discussão que seguiu as prisões e solturas sucessivas de Daniel Dantas é que, de todas as posições do espectro ideológico, ouvem-se manifestações tanto de apoio como de crítica à Polícia Federal, ao STF, aos métodos autoritários da polícia e à excessiva complacência da Justiça.


Todos têm suas razões.


Quem pode criticar o ministro Gilmar Mendes quando afirma que ‘é necessário que o ato judicial constritivo de liberdade especifique, de modo fundamentado, elementos concretos que justifiquem a medida’?


Como discordar de Vinicius Mota, na Folha do dia 13 último, quando afirma que ‘a prisão, antes de uma sentença, deveria ser exceção, e não regra, como está se tornando’? Ou como não dar crédito ao alerta de Alberto Zacharias Toron, que na mesma edição relembra que ‘o combate à criminalidade deve ser feito dentro dos marcos da legislação e com a rigorosa observância do devido processo legal, pois, do contrário, campeará o autoritarismo de quem se julga intérprete dos interesses do povo’?


Por outro lado, ante a inoperância, a ineficiência e a incrível morosidade do Poder Judiciário brasileiro, o princípio basilar dos direitos dos cidadãos, de não ser punido sem julgamento, assume ares de privilégio e na prática garante impunidade aos criminosos.


Estão certos, portanto, os que exigem mais rigor e se insurgem contra a leniência da Justiça, pois concretamente implica impunidade, principalmente para os ricos e poderosos. Assim, como discordar de Frei Betto, que também na mesma edição da Folha diz: ‘Agora nem o flagrante merece punição (…) o círculo vicioso se confirma: a polícia prende, a Justiça solta. E alguns disso se aproveitam e fogem. Ou a pena prescreve, sacramentando a impunidade’? Como não dar ouvidos a Eliane Cantanhêde, ainda na mesma edição do jornal, quando afirma que ‘o povão está cansado de lero-lero e de ver os céus coalhados de gaviões e as gaiolas entupidas de pardais’?


O trágico nessa situação é que todos estão certos. A situação é que está dramaticamente errada. Com Justiça morosa e ineficiente, o devido processo legal, que é precioso direito dos cidadãos, acaba se transformando em privilégio dos malfeitores.


Se a Justiça fosse mais rápida e mais eficaz, certamente essa ânsia por punições midiáticas exemplares seria saciada pela certeza das condenações tempestivas e a crise entre magistrados e opinião pública não teria razão de ser.


MARCOS CINTRA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, 62, doutor pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas, foi deputado federal (1999-2003). É autor de ‘A verdade sobre o Imposto Único’ (LCTE, 2003). Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias, nesta coluna. Internet: www.marcoscintra.org


 


 


MÍDIA & POLÍTICA
Ranier Bragon


PT indica jornal do governo Lula como munição eleitoral


‘A estratégia do PT de municiar seus candidatos a prefeito e a vereador com dados sobre o governo Luiz Inácio Lula da Silva conta com pelo menos uma ferramenta criada com recursos públicos. Há cerca de um mês, o site do partido (www.pt.org.br) abriga um ‘link’ com notícia sobre o jornal ‘Mais Brasil para Mais Brasileiros’, editado pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).


Lançado no fim de maio, a cerca de quatro meses das eleições, o jornal teve um custo de R$ 1,2 milhão e tiragem de 1,2 milhão de exemplares, segundo a Secom. As 44 páginas coloridas trazem relatos de ações do governo em diversas áreas.


‘Jornal traz principais ações e políticas do governo Lula. Peça o seu!’, diz o site do PT, que abre o texto informando que a publicação ‘já está disponível para consulta, impressão, aquisição e distribuição’.


As edições anteriores do jornal editado pela Secom haviam saído em dezembro de 2005 e junho de 2006, meses que antecederam a eleição em que Lula foi reeleito. Em 2007, ano sem eleições, não houve jornal.


Para receber o jornal pelos Correios, basta encaminhar e-mail ou fax para a Secretaria de Comunicação da Presidência, que diz ter distribuído quase todo o 1,2 milhão de exemplares em junho.


Popularidade


Devido à popularidade de Lula -que atingiu em março índice recorde de 55%, de acordo com o Datafolha-, o PT estimula seus candidatos a se associarem ao máximo a ele.


O partido lançou, há alguns dias, um site de orientação aos seus cerca de 35 mil candidatos, em que oferece material de campanha com possibilidade de o postulante imprimir santinhos e cartazes com sua foto ao lado da de Lula. O site também promete oferecer dados sobre transferência de verbas federais e de impacto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na cidade do candidato.


O PT não se manifestou até o fechamento desta edição. A Secretaria de Comunicação da Presidência negou finalidade eleitoral. ‘Qualquer cidadão, qualquer entidade pode usar as informações, pois são públicas, trata-se de prestar contas para a sociedade das ações de governo. A Secom tomou todas as providências para seguir a legislação eleitoral.’


Em 2006, Lula foi multado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em R$ 900 mil pela distribuição, pela Casa Civil da Presidência, de um jornal tablóide de 36 páginas considerado de caráter eleitoreiro. No mesmo ano, houve polêmica sobre a relação governo-PT na confecção de cartilhas com realizações da gestão Lula. Auditoria do TCU constatou falta de comprovante da confecção e distribuição de 2 milhões de folhetos sob responsabilidade da Secom.’ 


 


INGRID LIVRE
Folha de S. Paulo


Gabo compara operação a filme e elogia ex-refém


‘‘Ingrid vale muito. E agora pode fazer o que quiser’, disse o Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, 81, sobre o futuro político da ex-refém. O colombiano acompanhou o resgate pela TV em Havana, onde anualmente dá um curso de roteiro, passa férias e visita o amigo, ex-ditador e agora colunista nos jornais e na internet, Fidel Castro, 81. ‘Foi tudo como num filme. Se eu escrevesse assim, ninguém acreditaria’, afirmou ao espanhol ‘El País’. Ele não quis se estender sobre o impacto da ação no futuro do conflito armado do país: ‘Pode ser o princípio de algo. Mas há que esperar…’’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo produz programa só para a África


‘A Globo vai lançar em breve um programa dirigido apenas a seus telespectadores na África. Será a segunda atração exclusiva do canal internacional da emissora. A primeira, ‘Planeta Brasil’, produzida pelo escritório Nova York, é voltada para brasileiros que vivem no exterior e exibida no mundo todo.


O programa africano, ‘Revista África’, definido como uma revista cultural semanal, será gravado em Angola e Moçambique. Seu público-alvo será a comunidade lusófona africana.


‘Revista África’ será co-realizada por uma produtora independente de Angola. A Globo está treinando os parceiros a utilizarem recursos técnicos de câmera, iluminação, maquiagem e edição, entre outros.


O investimento se justifica porque Angola é o país que mais concentra assinantes da Globo Internacional. Lá estão 160 mil dos 500 mil que pagam para ver a Globo no exterior (a programação do canal é praticamente a mesma do Brasil, menos filmes e desenhos animados). A Globo é tão forte em Angola que, mesmo sendo um canal pago premium (custa US$ 165 o trimestre), é o segundo mais visto do país, só perdendo para a TV pública local.


Além do novo programa, o canal da Globo irá acompanhar a delegação de Angola na Olimpíada de Pequim. E, para promover o canal no país, a emissora fará em Luanda, em 15 de novembro, um evento com Luciano Huck e a banda Calypso.


TROPA DE ELITE


André Ramiro, o Matias do filme ‘Tropa de Elite’, foi convidado pela Globo para apresentar o reality show policial ‘Força-Tarefa’, que mostrará ações das polícias. Ramiro gravou um piloto e foi aprovado. Mas ainda não assinou.


ALMA DO BEM


‘Três Irmãs’, próxima novela das sete da Globo, fará campanha para que as mulheres se submetam a exames para detectar doenças como HPV e câncer de mama. Na trama, as moradoras de uma vila têm vergonha de ir ao ginecologista. Alma (Giovanna Antonelli) tentará vencer essa resistência.


MARÉ BAIXA


A queda de audiência da Globo já atinge ‘A Grande Família’. Quinta-feira, a série marcou 26 pontos, a pior do ano.


BOA NOITE


A Globo não é mais a mesma. Na sexta, o ‘Bom Dia Brasil’ noticiou que Salvatore Cacciola passara sua ‘primeira noite na prisão’ em Ary Franco. Mas o banqueiro, como a Record mostrara antes em jornal local do Rio, dormira em Bangu 8. A Globo diz que era a informação que tinha no momento.


PADRÃO Q


Em um deslize, a Globo deixou ir ao ar cena de ‘Beleza Pura’ em que aparecia uma câmera que estava no estúdio para captar um outro ângulo.


PROSÓDIA


Intérprete de línguas, Tuna Dwek, a Iracema de ‘Ciranda de Pedra’, está dando aulas de prosódia siciliana para Tato Gabus Mendes. Na próxima novela das sete, Mendes será descendente de mafiosos italianos.’


 


Folha de S. Paulo


‘Menu Confiança’ saboreia a Toscana


‘Chega ao fim uma parceria iniciada em 2005 na televisão. Acontece na Toscana, na Itália, a despedida de Claude Troisgros e Renato Machado -este último deixa o programa ‘Menu Confiança’ para ‘cuidar de projetos pessoais’. É o primeiro de uma série de quatro episódios e vai ao ar hoje à noite no canal pago GNT. Na terra do famoso vinho Brunello di Montalcino, Machado visita o produtor Andrea Costanti. Ali, um detalhe não escapa ao crítico de vinhos: ao final de cada fileira do vinhedo há uma roseira -todas superfloridas. Vítimas das mesmas doenças que acometem as uvas, as rosas, mais delicadas, adoecem antes e dão o sinal de alerta. Enquanto isso, em Sant’Angelo in Colle, vilarejo com apenas 40 habitantes, Troisgros vai a um dos dois restaurantes locais, a Trattoria Il Leccio. Aprende a fazer a ribollita, uma sopa típica à base de ‘fagioli’ (feijão), espinafre, beterraba e um rústico pão toscano. À mesa do Il Leccio, agora juntos, Troisgros e Machado compartilham um extenso menu toscano: bruschettas harmonizadas com um Rosso di Montalcino, ribollita, tagliatelle servido com ragù de carne e, como segundo prato, scotiglia -um cozido de carnes de porco, frango, galinha-d’angola e coelho-, acompanhada do Brunello di Montalcino.


MENU CONFIANÇA


Quando: hoje, às 22h;classificação indicativa não informada


Onde: no GNT’


 


QUADRINHOS
Pedro Cirne


Laerte é o mais premiado do HQ Mix


‘O Troféu HQ Mix, o Oscar dos quadrinhos brasileiros, distribuirá em sua 20ª edição -que acontece nesta quarta, no Sesc Pompéia- nada menos do que 60 prêmios em diversas categorias, indo de desenhista revelação a grande mestre -veja ao lado os principais premiados. Mas ninguém receberá tantos troféus quanto Laerte, criador dos Piratas do Tietê e colaborador da Folha: quatro estatuetas. Seu livro ‘Laertevisão’ ganhará três prêmios: edição especial nacional, projeto gráfico e projeto editorial. O quarto prêmio vem pela série em três números ‘Piratas do Tietê – A Saga Completa’, na categoria de publicação de humor. Laerte ser premiado no HQ Mix não é uma novidade: com as quatro nomeações deste ano, chega a um total de 33 prêmios nos 20 anos do evento. ‘Eu ainda fico surpreso’, diz Laerte. ‘À medida que o tempo passa, vai me dando medo de não ganhar’, conta, rindo. ‘Penso: se eu não ganhar, o que será que isso significa?’ Para Laerte, parte do mérito de ‘Laertevisão’ ter recebido três prêmios vem da edição do livro, inclusive o trabalho gráfico, feito por seu filho Rafael Coutinho. ‘Laertevisão’ reúne, além de histórias curtas que trazem pedaços da infância do autor, fotos e propagandas da época. Outro artista que receberá mais de um prêmio será Allan Sieber, também colaborador da Folha, que venceu em duas categorias: melhor cartunista e publicação de cartuns, por ‘Assim Rasteja a Humanidade’. ‘Não vejo nada diferente nos meus cartuns, apenas sigo um caminho aberto a tapas por gênios como Reiser, Wolinski, Jaguar, Reinaldo e Vuillemin’, afirma Sieber. ‘Mas preciso comer muito feijão pra chegar ao pé desses caras, que fique claro’, completa. ‘O Jaguar mesmo já alertou que o cartum está morrendo, não há espaço para ele em revistas ou jornais. É verdade’, pondera Sieber. ‘O que eu procuro é fazer um cartum sincero, sem muitas firulas, o mais direto possível.’ Além de nomes já conhecidos dos quadrinhos nacionais, o HQ Mix também premia a nova geração, como Jozz, de 25 anos. Após dois anos indo ao evento como espectador, ele subirá ao palco pela primeira vez para receber o troféu de melhor desenhista revelação, por ‘Zine Royale’. ‘Foi uma surpresa, acabei de começar’, conta Jozz. ‘Sinto como se indicassem que estou indo no caminho certo. É um incentivo.’


CERIMÔNIA DO 20º HQ MIX


Quando: quarta (dia 23), às 20h


Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, São Paulo, tel. 0/xx/11/3871-7700)


Quanto: entrada gratuita


Classificação indicativa: livre’


 


 


MEMÓRIA / DERCY GONÇALVES
Fabiane Roque


Dercy será enterrada com festa em sua cidade natal


‘Paetês dourados, maquiagem e peruca impecáveis. Foi assim que o corpo da comediante Dercy Gonçalves foi velado ontem na sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O livro de presença registrou a vinda de mais de 600 pessoas. O corpo da atriz chega hoje à sua cidade natal, Santa Maria Madalena (a 223 km do Rio), onde será recebido com festa.


Como era o desejo da própria Dercy, no lugar de marcha fúnebre, a trilha sonora do velório será o samba-enredo feito em sua homenagem pela escola de samba Unidos da Viradouro, para o desfile de 1992.


O corpo será enterrado amanhã para coincidir com os festejos pelo dia da padroeira da sua cidade. Dercy costumava participar do culto e teria dito que gostaria de morrer no dia da padroeira.


A comediante morreu no sábado, aos 101 anos, no hospital São Lucas, no Rio, vítima de uma pneumonia.


No velório de ontem, familiares e amigos destacaram sua alegria e irreverência durante a vida. Amigos da velha guarda, como as ex-vedetes Virgínia Lane, Ester Tassitano, o compositor Billy Blanco e a cantora Adelaide Quioso.


A única filha, Dercimar, encarou a a morte da mãe como o fim de uma longa jornada cheia de conquistas e que por isso não havia motivo para tristezas. Ela destacou que Dercy conseguiu viver para receber toda a recompensa de sua luta e seu trabalho.


‘Ela resgatou tudo. Isso aqui não é um momento infeliz. Tem tudo isso, todo mundo prestigiando. Acho que isso conforta a ela e a mim também’, declarou Dercimar.


A atriz Marília Pêra, que dirigirá a peça ‘Dercy por Fafy’, em homenagem à atriz, prevista para estrear em março do ano que vem, destacou a influência de Dercy para o teatro brasileiro.


‘A Dercy deixou para a gente um estilo novo. Foi ela que transformou o teatro brasileiro no que ele é. Ela é a fonte de muitas vertentes atuais’, afirmou a atriz.


Marília acrescentou que sua primeira lembrança ligada a Dercy é de ainda pequena, quando seu pai (Manoel Pêra, que também era ator) comentou em casa sobre uma nova atriz muito corajosa.


‘Ela dizia palavrões em uma época em que atriz tinha que tomar cuidado para não ser vista como prostituta. Brigava corpo-a-corpo com os censores; quebrava todas as regras do comportamento feminino no teatro’, lembrou Marília.


Além dos palavrões


Os amigos mais próximos lembraram que, na vida pessoal, Dercy era alguém que ia muito além dos palavrões que inúmeras vezes repetia publicamente.


‘Muito mais importante do que a caricatura da Dercy é a Dercy revolucionária, uma artista incrível, sempre solidária com os colegas de trabalho’, afirmou o ator Stepan Nercessian, presidente do Retiro dos Artistas, diversas vezes visitado pela comediante.


O caricaturista Ziraldo, que a entrevistou em um momento de relançamento do jornal ‘O Pasquim’, apontou a morte de Dercy como um pedaço do século 20 que acaba:


‘Um século não acaba em um dia, acaba aos poucos. Com a morte da Dercy, ele acaba quase completamente’.


O cantor Agnaldo Timóteo, que também foi prestar sua última homenagem à comediante, disse que Dercy ‘brincou com a vida’.’


 


 


Sérgio Salvia Coelho


Dercy tinha a dignidade dos bufões


‘A carreira teatral de Dercy não pode ser medida por parâmetros comuns. Atriz de um personagem só, fosse fazendo a Dorotéia de Nelson Rodrigues ou a Dama das Camélias de Dumas Filho, o que oferecia à platéia ávida de escândalo era o caco escrachado, o palavrão aprendido com os cômicos portugueses, o cuspe na primeira fila, que, mais que agressão, era transbordamento.


Inútil ter Stanislavsky por referência, ou Brecht, que amava a espontaneidade do ator popular. A bufônica visceralidade de Dercy, que fez da sua vida espetáculo exemplar, síntese da candura de Giulietta Masina e da língua afiada de Groucho Marx, deve ser medida pelo ritual escatológico de Artaud.


Puritana que expunha o corpo desde adolescente nas revistas da Praça Tiradentes, até o desfile na Viradouro, aos 84, honrando a ambigüidade de Santa Maria Madalena, a prostituta sagrada, patrona de sua cidade natal, Dercy era a velha senhora de Dürrenmatt que desmascara o falso puritanismo às custas da própria reputação.


Dama indigna, em quem nunca deixou de vibrar o frescor da bilheteira de cinema que sonhava ser Pola Negri, Dercy seguiu exemplarmente o destino dos bufões: o de apresentar a quem quisesse um espelho distorcido que redime o grotesco de seu tempo, de assumir o ridículo para resgatar a dignidade.


No ocaso da revista, endossou as chanchadas do cinema nacional e o humor controlado da TV com a mesma sem cerimônia e a liberdade de quem nada tem a perder. O que abriu caminho para monstros sagrados díspares como Fernanda Montenegro e Regina Casé, Renato Borghi e todo o dionisíaco despudor do teatro Oficina, que mantêm o contraponto antropofágico tupiniquim ao bom mocismo de fórmulas importadas.


Como Artaud, fez da vida palco e se sobrepôs à precariedade do ofício com apego tenoz e corajoso à felicidade. Desafiou o tempo e a morte morrendo mais que centenária, deixando galopar em poucas horas uma pneumonia à que parecia inatingível, como uma piada suprema. Morre de improviso a mulher mais feliz do mundo.’


 


 


José Geraldo Couto


Atriz brilhou em filmes sob medida para ela


‘Dercy Gonçalves disse várias vezes que não gostava de fazer cinema, talvez porque se sentisse tolhida em sua espontaneidade pela câmera e pelo tempo preciso das tomadas. Era no palco de um teatro que, livre para improvisar, ela deitava e rolava.


Mesmo assim, sua presença no cinema brasileiro, sobretudo nas comédias dos anos 40 e 50, foi marcante e decisiva. Brilhou praticamente sozinha como atriz cômica num universo, o da chanchada, dominado pelos homens: Grande Otelo, Oscarito, Ankito, Walter D’Ávila, Zé Trindade.


Dizia-se influenciada pelo ator luso-brasileiro Mesquitinha, com quem contracenou em ‘Samba em Berlim’ (1943), de Luiz de Barros. Mas Mesquitinha era um ator mais sutil e versátil. A marca de Dercy sempre foi, desde o primeiro fotograma, o escracho espontâneo.


Apesar do sucesso das primeiras atuações, Dercy ficou quase uma década longe das telas. Reapareceu em grande estilo na segunda metade da década de 50, quando encadeou uma série de comédias escritas especialmente para ela e ostentando muitas vezes no título o nome de suas personagens: ‘Cala a Boca, Etelvina’, ‘Minervina Vem Aí’, ‘Dona Violante Miranda’ etc.


Trabalhando com os mais importantes diretores de comédias de seu tempo -Watson Macedo, Erides Ramos, Fernando de Barros-, Dercy compôs uma personagem que, a despeito da variedade de ambientes e situações, era sempre a mesma: uma mulher do povo (doméstica, costureira, cafetina) que, com sua presença de espírito e agudo senso crítico, subverte os valores da elite dominante.


É possível perceber ecos do seu estilo e da sua persona em atrizes tão diversas como Ema D’Ávila, Consuelo Leandro, Nair Bello, Marisa Orth e Regina Casé, e até num ator como Ronald Golias.


Estigmatizada como ‘a mulher dos palavrões’, Dercy, no cinema, não os podia falar. Nem por isso sua presença nas telas foi menos contundente. Fiel a si mesma, encarnou a vingança simbólica do reprimido contra a empáfia e o ‘bom-gostismo’ da nossa sociedade de salão.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 21 de julho de 2008


 MERCADO EDITORIAL / EUA
Tim Arango


‘New York Post’ e ‘Daily News’ buscam acordo de cooperação


‘The New York Times, New York – Rupert Murdoch, cuja News Corporation é dona do The New York Post, e Mortimer B. Zuckerman, incorporador imobiliário e dono do The Daily News, que por vários anos foram jornais em formato tablóide ferozmente concorrentes, estão considendo o impensável: uma cooperação.


Representantes de Zuckerman e de Murdoch vêm mantendo discussões há várias semanas para encontrar maneiras de combinar algumas funções comerciais dos dois jornais, segundo pessoas informadas sobre o assunto. Elas falaram sob condição de anonimato porque as conversações estão em estágio delicado e os dois lados querem manter o sigilo.


Os entendimentos começaram para valer em maio depois do anúncio de um acordo para vender o diário Newsday, de Long Island, à Cablevision Systems Corporation por U$ 650 milhões. Murdoch e Zuckerman fizeram ofertas pelo Newsday, que estava sendo vendido pela endividada Tribune Company. Cada um havia ofertado U$ 580 milhões e não se dispôs a cobrir o preço mais alto oferecido pela Cablevision.


Um executivo envolvido nas conversações entre o New York Post e o Daily News as descreveu como ‘preliminares’, mas disse que os dois lados queriam chegar a um acordo. As negociações ainda não envolveram um encontro face a face de Murdoch e Zuckerman.


Além de um acordo mais amplo entre os dois jornais, eles e The Wall Street Journal, que também pertence à News Corporation, estudam uma combinação de suas operações de distribuição doméstica para diminuir despesas, e buscam propostas de distribuidores.


Falando somente sobre esse aspecto, Howard Rubenstein, porta-voz dos jornais participantes, disse: ‘A abertura para propostas é uma oportunidade que estamos explorando conjuntamente para diminuir custos, melhorar a eficiência e fortalecer nossos respectivos jornais.’ Advogados dos dois jornais tentam encontrar estrutura que não requeira um acordo de operação conjunta – mecanismo usado por outros jornais que exige a criação de uma entidade separada com um conselho de administração separado e significa, essencialmente, fundir todas as funções comerciais, mas manter redações separadas.


As conversas se centraram em combinar impressão, distribuição e outras funções administrativas, mantendo companhias e quadros de funcionários separados, num esforço para cortar milhões em custos anuais.’


 


 


IMPRESSOS EM CRISE
Marili Ribeiro


Entidade global lança campanha em favor do jornal


‘Com o objetivo de difundir que está na hora de estancar as pregações sobre o fim dos jornais impressos, a Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês) partiu para uma campanha global. Nela convoca as entidades representantes dos interesses do segmento em todo o mundo a entrar na batalha pela difusão de que uma indústria com 1,6 bilhão de leitores diários não deve ser vista como uma indústria em crise.


Membro da WAN no Brasil, a Associação Nacional de Jornais (ANJ), entidade que abriga 137 títulos jornalísticos em todo o País, informa que não vai encampar a iniciativa neste momento porque está empenhada na divulgação do 7º Congresso Brasileiro de Jornais, marcado para 18 e 19 de agosto em São Paulo. Mas a campanha deve entrar na pauta das discussões da ANJ na seqüência.


‘O tema central do Congresso está em total sintonia com a proposta da campanha da WAN, ao destacar um olhar para o futuro do negócio e não para uma possível crise sob o lema: O Brasil e a indústria jornalística em 2020’, ressalta o assessor da entidade , Ricardo Pedreira. ‘Além do mais, a campanha reforça que a indústria do jornal é um segmento em transformação com a chagada da conectividade, e não uma indústria em extinção’, acrescenta.


A preocupação das peças publicitárias patrocinadas pela WAN é de rebater as afirmações recorrentes sobre o desaparecimento dos jornais. Para isso, criou um mote que, de certa forma, ironiza exatamente com os sites buscadores da internet, que mais difundiram essa idéia, e lembra que eles se alimentam na produção jornalística. O slogan escolhido para a ação brinca com isso: ‘A busca nós fazemos. Você só tem de virar as páginas’.


Uma das peças traz, além do mote da campanha em destaque, um texto que ressalta o fato de a indústria dos jornais se comunicar com 1,6 bilhão de pessoas de todas as idades, crenças e todos os grupos étnicos, proporcionando informações seja qual for o formato que o leitor prefira adotar para ler o conteúdo oferecido.


Entre os anúncios criados para reprodução por jornais associados que aderirem à proposta, há um que destaca o fato de que besteiras são constantemente proferidas. Nele estão relacionadas frases que se tornaram clássicas referências de previsões desastradas. No fim, a peça prevê que não será diferente com a reportagem da revista The Economist que, no ano passado, profetizou em suas páginas que ‘os jornais já são uma ?espécie? em perigo de extinção’.


Entre os argumentos relacionados pela WAN para rebater as teses derrotistas estão desde a portabilidade e credibilidade dos jornais, apesar do avanço das mídias digitais, até o fato de essa indústria movimentar ao ano US$ 190 bilhões. A WAN representa 18 mil jornais ao redor do mundo, 77 associações, 12 agências de notícias e 11 grupos regionais.’


 


 


MÍDIA & PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Da churrasqueira para o mundo


‘Eles são tão jovens quanto o universo preferencial que pesquisam, a geração de 18 a 24 anos que nasceu sob o impacto da era digital e pensa o mundo através de telas, seja do computador, do celular ou da televisão. Esse fato não só se reflete no nome da empresa de pesquisas de tendências e comportamento que fundaram há quatro anos, a Box1824, como tornou os quatro jovens de Porto Alegre conhecidos fora das fronteiras nacionais.


Ao se especializarem em traduzir o que pensam e como agem as novas gerações em países emergentes – afinal, o negócio deles nasceu no Brasil -, se qualificaram para atrair clientes globais que querem compreender esse público para vender produtos e serviços em praças similares como Índia, Rússia e China.


‘Somos uma empresa brasileira que tem um olhar aclimatado para os países em desenvolvimento e isso é novo e necessário no atual cenário’, acredita o líder do grupo, Rony Rodrigues, hoje com 28 anos, que usou esse discurso na concorrência global pela conta de pesquisas de microtendências para a gigante Unilever. Tirou do páreo duas outras empresas, da Inglaterra, com as mesmas características: a Headlightvision e a Look-Look.


Isso foi há três anos. Hoje, o portfólio da empresa, que deu largada atendendo à indústria gaúcha de calçados Azaléia, conta com clientes como Nike, Nokia, Fiat, Grendene, Diageo, TIM, Quaker e Elma Chips, entre outros. Todos conquistados na base da propaganda boca-a-boca. Eles adotam uma atitude low profile, nem dão endereço e telefone no site. Só um e-mail. Dizem ser contra se marquetear. E seguem crescendo num mercado disputado.


Além de Rodrigues, que começou a vida profissional trabalhando em planejamento para a agência de publicidade gaúcha DSC, estão na sociedade João Cavalcanti, de 24 anos, Priscila Fighera, de 28, e Lucas Mello, de 27. Todos inauguraram a vida profissional ao fundar, na garagem da casa de Cavalcanti – ou melhor, como conta Mello, nas imediações da churrasqueira no fundo do quintal – a Box1824.


Em viagens ao exterior no tempo em que atuava como publicitário, Rodrigues conta que vinha observando o crescimento de demanda por pesquisas de tendência de consumo, contrariando as técnicas tradicionais de análise de grupos em sala de espelho e as pesquisas quantitativas. ‘Então, porque não tentar algo do gênero, já que o capital necessário era zero, bastava apostar nas idéias?’, diz ele.


As idéias que sistematizam e apresentam aos clientes são captadas e filtradas, com as devidas interpretações de especialistas em semiótica e etnografia, graças ao bom uso da internet. Afinal, construíram uma rede de informantes para identificar tendências nos quatro cantos do mundo. Modelo de operação não muito diferente do que empresas como a inglesa The Future Laboratory e a paulista Voltage fazem, só que para um público mais amplo, em outras faixas etárias.


‘O mundo mudou com a chegada da conectividade. É mais fácil encontrar alguém similar no Japão do que na porta ao lado de sua casa’, diz Rodrigues. ‘Os jovens de hoje são multitarefa, se comunicam ao mesmo tempo com várias frentes e têm uma relação de tempo e espaço muito diferente dos seus ascendentes. Isso muda tudo.’ No caso da Box, abriu um negócio para quatro jovens gaúchos.


A Box1824 também já deu filhotes. Integram hoje o que passaram a chamar de Grupo Box, que já conta com 108 funcionários e faturamento não revelado, duas outras agências de prestação de serviços. Uma delas, a LiveAD, voltada para o que o mercado publicitário denomina de buzz marketing, ou marketing de guerrilha. Ou seja, ações inusitadas para gerar impacto no público e mídia espontânea. A outra é a Bola Sociology Design, que desenvolve projetos com soluções estéticas significativas para vários públicos. Aí, até os mais velhos, com espírito de jovenzinhos são contemplados. Como diz Rodrigues, ‘há mais quarentões que se espelham no target 18-24 para parecerem mais jovens’. Alguns até conseguem.


FRASES


Rony Rodrigues


Sócio da Box1824


‘O mundo mudou com a chegada da conectividade. É mais fácil encontrar alguém similar no Japão do que na porta ao lado da sua casa’


‘Os jovens de hoje são multitarefa, se comunicam ao mesmo tempo com várias frentes e têm uma relação de tempo e espaço muito diferente dos seus ascendentes. Isso muda tudo’


‘Há muitos quarentões que se espelham nos jovens lançadores de tendências, entre os que estão no target de 18 a 24 anos. Com isso, querem parecer mais jovens’’


 


PL 29 / TV PAGA
Cristina Padiglione


Feira aquece debate


‘Anual, o congresso que reúne a turma da TV paga, desta vez, não poderia acontecer em momento mais oportuno: vai de 11 a 13 de agosto a feira da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), em São Paulo. Para o mesmo período está prevista a retomada, em outro Congresso, lá em Brasília, dos debates em torno da PL 29, Projeto de Lei que quer estabelecer cotas de produções nacionais e de publicidade nos canais pagos, sugestões rejeitadas pela ABTA em campanha pública.


Formalmente, não há, no programa da ABTA 2008, qualquer menção à PL 29, mas será impossível evitar que o tema venha à tona no Expo Transamérica. Basta dizer que o site da associação oferece um vídeo gravado por seu presidente, Alexandre Annenberg, explicando como a PL 29 afeta o setor. Na mesma página, um link expressa toda a oposição da ABTA à proposta: ‘Assista. Mobilize. Proteste! Visite o site www.liberdadenatv.com.br.’


Oficialmente, o tema desta 16ª edição do evento é ‘o mercado da inovação’. Chama atenção, na programação, o debate É Hora de Voltar os Olhos para a Classe C?, segmento do qual a TV paga parecia ter desistido.


Terezinha, uhú…


Eis o diretor Pedro Vasconcelos em ação com o ator Hélio Vernior, que trará o Velho Guerreiro de volta em Por Toda a Minha Vida. O programa, que irá ao ar na quarta-feira, na Globo, reunirá depoimentos de Angélica, Agildo Ribeiro, Alceu Valença e Chico Anysi


Entre-linhas


Os Ministérios da Educação, da Cultura, da Justiça e o Ministério Público Federal receberam uma denúncia contra a campanha ‘A gente faz o que quer’, do canal pago Cartoon Network.


A denúncia contra o Cartoon cita violência, escatologia e falta de higiene em vinhetas com personagens do canal, o que incentivaria mau comportamento nas crianças. Exemplo: Johnny Bravo passa spray nos cabelos, mas, na verdade, é inseticida.


Sorte de Pica-Pau e Tom & Jerry, que, produzidos em tempos de pré-militância, podem aprontar à vontade até hoje.


Paulo Betti é mais um nome certo em Som e Fúria, co-produção da Globo com a O2 Filmes. A série, que começa a ser gravada este mês em São Paulo, terá 122 atores, sendo 110 anônimos.


Canal Rural na Estrada, série de programetes que estréia hoje, na emissora, é resultado de um tour que completará 12 mil quilômetros rodados pelo País por uma equipe – cinegrafista, motorista e repórter – a bordo de um caminhão que partiu de Passo Fundo (RS).


No ar durante o Bom Dia Campo (6 h) e Rural Notícias (19 h), a nova série do Canal Rural vai mapear as condições das principais estradas brasileiras.


A falta de sincronia entre legendas e imagens continua em ação no canal Fox, via TVA. O canal, que decidiu dublar toda a sua programação, alega que ainda está testando o recurso de áudio original e legendas na operadora.’


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