Nada será como antes depois que Felix (Mateus Solano) beijou Niko (Thiago Fragoso) na boca no último capítulo (nº 221) que afinal explicou o título da novela Amor À Vida. Não só pelo recado aos deputados da “cura gay”, Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, e aos furiosos skinheads, mas pela mensagem subliminar às donas de casa, guardiãs da moral e dos bons costumes. O capítulo registrou a média de 44 pontos de audiência e o Ibope, 77% de participação de brasileiros. Como alega
O site Other News republica o artigo de Nazanin Armanian (“De deuses e genitálias humanas”, publico.es, 27/1/2014) que admite: a obsessão também existe na católica Espanha. Ele explica, a importância dos genitais é de tal ordem que Abraão selou sua aliança com os deuses através da circuncisão (Gen.17). Por causa das religiões, sexo sempre esteve relacionado com vergonha, pecado, culpa. Atraindo a curiosidade mórbida das sociedades.
Semana passada, Valérie Trierweiller deu a primeira entrevista à revista onde trabalhou, Paris Match. Desde que outra revista, Closer, publicou o caso do seu ex-marido e
Momento de sorte
Sobre a França, neste momento, nada interessa mais ao mundo do que o triângulo Hollande-Valérie-Julie, e as espetaculares fugidas noturnas de moto do palácio, com apenas um guarda-costas, do presidente mais antissedutor do segundo país na escala de importância da União Europeia. Hollande meteu-se numa guerra, como escreveu
No domingo (2/2), o New York Times deflagrou outra guerra. Deu manchete com um assunto de alcova, a carta de Dylan, filha adotiva de Woody Allen e Mia Farrow, sobre um suposto assédio sexual do cineasta que, segundo sua memória de duas décadas atrás, a levava para o sótão mal iluminado da casa onde moravam quando ela tinha 7 anos. A notícia saiu no blog de Nicholas Kristof, especialista no tema, mas já percorreu os jornais do mundo (segunda-feira, 3/2, no Globo, Estadão e Folha de S. Paulo).
Dylan, hoje com 28 anos, diz que Allen mandava que ela se deitasse de bruços para brincar com o trenzinho elétrico do irmão Ronan enquanto a acariciava prometendo que faria dela uma atriz
Ano passado, Dylan já havia exposto o assédio à Vanity Fair numa entrevista concedida por Mia e agora, mais ferina e midiática, pergunta o que o ator Alec Baldwin e a atriz Cate Blanchet, ambos protagonistas do último filme de Allen, Blue Jasmine, fariam se o caso acontecesse com a filha deles. (Baldwin, no Twitter, respondeu aos fãs que cobravam uma resposta: “Vocês estão errados se acham que há lugar para mim, ou qualquer outra pessoa de fora, neste problema familiar”). Na carta, Dylan faz a mesma pergunta a atrizes de memoráveis filmes de Allen, como Diane Keaton ( Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, 1977; Manhattan, 1979, entre muitos) e Scarlett Johansson (Match Point, 2005; Scoop: o Grande Furo, 2006; Vicky Cristina Barcelona, 2008).
A onda contra Allen recomeçou depois que Ronan, 23 anos, único filho biológico da relação do diretor com Mia, ironizou junto com a mãe a premiação do pai no último Globo de Ouro. Tuitou: “Perdi o tributo. Eles colocaram a parte em que uma mulher confirma que foi molestada por ele aos 7 anos antes ou depois de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa?”
Mas a revolta da família vem desde a separação do casal, depois que Mia visitou em 1992 o apartamento do cineasta. Mia e Allen ficaram juntos 12 anos,
Audiência garantida
Estrela de vários dos bons filmes do ex-companheiro (Ana e Suas Irmãs , 1986; Radio Days, 1987; Histórias de Nova York, 1989, entre outros), mãe de 14 filhos, nove adotados, Mia Farrow tornou-se inimiga número 1 de Allen e colocou a família contra ele. Na época do divórcio, já mencionava que Allen teria abusado da filha adotiva Dylan, o que o cineasta sempre negou. Na época, os advogados especializados em divórcios de alta tensão alegaram ser uma acusação recorrente das mulheres, insinuando que eram falsas. Então Allen processou Mia pela custódia de Dylan e Moses, adotados por ele, além do filho biológico Satchel, mais tarde rebatizado Ronan pela mãe. Os promotores do caso decidiram não apresentar denúncia contra o cineasta na questão do abuso por não encontrar uma prova incriminatória.
Na segunda-feira (3/4), Leslee-Dart, porta-voz de Allen que se recusa a revidar a família, comentou no site The Wrap que as acusações são “inverídicas e nojentas”.
Os casos de alcova atraem o público e aumentam as vendas, como provou o sexo oral de Monica Lewinsky com o então presidente Bill Clinton no Salão Oval da Casa Branca, em 1998. Ou em 2011, com a faxineira de um hotel em Nova York e o socialista Dominique Strauss-Kahn, forte candidato ao Palácio do Eliseu, que por causa do escândalo perdeu o lugar para François Hollande.
Novelas reais, ou ficcionais, desde que o mundo é mundo, desde a Bíblia, Adão e Eva, Maria concebendo sem pecado original, passando por Cleópatra, Inês de Castro, Romeu e Julieta, e o beijo gay da Globo semana passada, fazem história e sempre garantem o maior Ibope.
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Norma Couri é jornalista