Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Desafios e propostas

A comunicação para a sustentabilidade é tema recorrente nas pautas de diversos debates atuais. Todavia, apesar da grande difusão de ideias e práticas sustentáveis – cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas – a formação acadêmica em comunicação alinhada à sustentabilidade ainda é um grande desafio para as instituições de ensino superior de todo Brasil. A atual grade curricular do curso de comunicação social, em especial o de Jornalismo, ainda não sofreu os devidos ajustes que contemplam a análise e a reflexão sobre a sustentabilidade, o desenvolvimento humano, a preservação do meio ambiente e outras temáticas que geram debates, alertam a sociedade, provocam a mobilização em massa e promovem mudanças no comportamento da humanidade.

As atitudes sociais estão, impreterivelmente, ligadas à educação, assim, um componente curricular focado na educação sustentável pode agregar valores na formação de cidadãos mais responsáveis, conscientes, preocupados com os problemas sociais, ambientais e comprometidos em buscar soluções cabíveis às problemáticas agentes do desequilíbrio do bem estar social. Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que se conheça o importante papel que a comunicação tem a desempenhar no processo de conscientização e de mobilização para a sustentabilidade.

Essa temática, além de ser uma exigência no meio acadêmico, requer uma análise, em caráter de urgência, sobre a atualização de conteúdos pedagógicos que buscam a sensibilização e mobilização social por parte dos estudantes de comunicação que, por sua vez, precisam conhecer desde a faculdade as causas, os motivos, as consequências e as soluções para a atual crise ambiental em que estamos imersos. Nessa perspectiva, a sociedade exige comunicadores mais informados, qualificados e preparados para atuar com pautas sobre desenvolvimento humano, meio ambiente, equilíbrio econômico e sustentabilidade.

Influência junto à opinião pública

Este é o momento em que as universidades devem se preocupar em formar profissionais empenhados em atender as demandas sociais e de mercado, por meio da inclusão de temas transversais, que aguçam as inquietas mentes dos alunos e que são vivenciadas rotineiramente pela comunidade acadêmica. Para isso, é necessário que haja uma renovação didática e instrutiva preocupada em discutir a atuação do comunicador dentro do contexto da sustentabilidade, sendo ele um dos principais responsáveis pela formação da opinião pública em uma sociedade que vive em constante transformação ambiental.

Ter uma especialização em sustentabilidade é uma necessidade para o atual profissional da comunicação – e que deve ser fomentado na formação do estudante – todavia, ele tem o papel de selecionar e priorizar os fatos que merecem espaço nos veículos, assim como traduzir de forma clara e objetiva os saberes da ciência e as diretrizes da área. Mas para isso, é importante que as academias invistam em um pacote de conhecimentos que o oriente a refletir o que cabe destacar como notícia.

Esse novo jeito de fazer comunicação implica, fundamentalmente, no compromisso dos comunicadores, pois estes devem criar um conjunto de ações voltadas à conscientização e mobilização de crianças, jovens e adultos sobre as reduções dos impactos ambientais no planeta e, além disso, fazer com que todos conheçam os problemas que ameaçam a sobrevivência humana e a existência de um planeta equilibrado, fortalecendo os valores e as atitudes que desenvolvam um ser mais sustentável.

Neste sentido, é necessário que todos estejam atentos, atualizados e esclarecidos sobre o conceito autêntico de sustentabilidade e estar comprometido com a qualidade da informação. A comunicação para sustentabilidade não falseia os dados, averigua as causas e consequências de atos e decisões e analisa, criticamente, o impacto do não desenvolvimento social à sociedade. A sustentabilidade não abre mão da capacidade de mobilização e de influência junto à opinião pública, em prol do meio ambiente, dos direitos humanos e da liberdade de expressão. Comunique para a sustentabilidade.

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Jean Carlos Monteiro é assessor de imprensa