É de praxe: governo e imprensa vivem uma relação conflitante. Que o diga o governo estadual e a imprensa paranaense. A comunicação nos dias de hoje está cedendo lugar ao desentendimento. E a informação, principal interesse do leitor, está permanecendo em segundo plano. O que mais se ouve são reclamações e ataques de ambos os lados, cada qual enfatizando sua autodefesa e inserindo seu ponto de vista.
Analisemos ambos os lados. Primeiramente, o governo. A administração pública desenvolve o trabalho objetivando concretizar grande número de obras e promover investimentos nas mais variadas áreas. Enfim, quer demonstrar competência e um bom volume de trabalho ao povo. Sem dúvida, busca sua autopromoção e valoriza sua própria administração. Detesta, em qualquer hipótese, a circulação de informações pela sociedade sobre problemas e falhas cometidas. Qualquer um comete erros, mas nem todos admitem.
A imprensa tem o propósito de transmitir ao leitor os fatos e acontecimentos de importância social. Independe se a repercussão será positiva ou negativa – o compromisso é com o público. A imparcialidade, a veracidade das informações e a seriedade são a essência de um veículo de comunicação. São estes fatores que darão a credibilidade e conquistarão a confiança do público. Entretanto, há meios de comunicações antiéticos, tendenciosos e manipuladores, porém é incorreto generalizarmos. Saibamos selecionar a maçã podre no meio das boas.
Olhar atravessado
Não é nem a primeira ou a última vez que haverá desentendimento entre governo e imprensa. Digamos que é um verdadeiro arranca-rabo de um casal.
O governo é o homem, se empenha para pôr a casa (o estado) em ordem. Trabalha e sua muito para colocar tudo na melhor situação possível e, como legítimo machista, não admite que os outros botem defeitos. Enaltecer as qualidades? Excelente! Mas mexer na ferida? Hum… É pedir para arrumar encrenca. A imprensa é a mulher. Ela procura saber sobre tudo que o marido (governo) faz. Fez algo de bom, ela conta para uma amiga, para outra… Infelizmente, como todo ser humano o homem (o governo) é imperfeito e comete erros.
A mulher, pela questão da genética, uma característica natural, sai correndo contar para as amigas (em primeira mão), pois a fofoca é boa. E por que guardar segredo? Logo o assunto se alastra para todos. O homem justifica-se, dá explicações e promete corrigir o erro. Ele fica ‘macho da cara’ com a mulher, mas não pode fazer absolutamente nada, pois ela já contou para todos. Depois reclama dela, a critica, chega a ponto deles discutirem, cada qual puxando a sardinha para sua brasa. Em determinados casos, ele procura deixar o assunto entrar em esquecimento e dá alguns agrados à mulher. Ela, por ser um ser consumista, é influenciada. Detalhe: nem todas as mulheres têm esta atitude, algumas têm postura, são cientes do seu valor e da sua dignidade.
No final desta ‘novela’, eles (governo e imprensa) se olham meio de atravessado, porém com o tempo a situação vai se acalmando, pois no fundo ambos são cientes que um é carente do outro. Afinal, um casal precisa conviver, não somente na lua-de-mel, mas também nos momentos de discórdia e dificuldade.
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Jornalista, Pinhais, PR