Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Detalhes de que Bush não sabia

A publicação, pela Casa Branca, de informe confidencial de agosto de 2001, em que o presidente George W. Bush é alertado de que Osama bin Laden estaria planejando um ataque terrorista dentro dos EUA foi capa em todos os diários americanos no domingo retrasado. No Washington Post não foi diferente. Contudo, como mostra coluna de 18/4/04 do ombudsman do diário, Michael Getler, o tratamento dado ao assunto pelos repórteres Dana Milbank e Walter Pincus suscitou reclamações de diversos leitores.

O lide da matéria de Dana e Pincus dá conta de que ‘o presidente George W. Bush foi avisado um mês antes dos ataques de 11/9/01 de que o FBI tinha informação de que terroristas estariam se preparando para um seqüestro de avião nos EUA e que poderiam ter como alvo um edifício no sul de Manhattan’. No entanto, o relatório recebido pelo presidente não mencionava ‘um edifício’, mas ‘edifícios federais’ e também não os situava no sul de Manhattan, apenas ‘em Nova York’. Muitos leitores interpretaram a versão do Post como politicamente tendenciosa. Por qual outro motivo o jornal publicou este texto, ‘que não fazer um leitor casual pensar que as palavras ‘edifício no sul de Manhattan’ na reportagem se referem ao World Trade Center?’, indagou uma pessoa.

Para piorar, o Post publicou junto a esta matéria uma outra nota intitulada ‘Bush não deu sinal de preocupação em agosto de 2001’, com uma foto em que o presidente passeia em um carro de golfe. Um leitor resumiu ironicamente a mensagem que a ele pareceu que o jornal quis passar: ‘Totalmente ciente dos planos de Osama bin Laden de seqüestrar um avião e enfiá-lo em um edifício no sul de Manhattan, Bush se diverte em um campo de golfe’.

Getler acredita que Dana e Milbank deveriam ter se atido mais ao texto original publicado pelo governo. Sobre a questão da foto, o ombudsman opina que o texto que a acompanha é legítimo, pois explica que, Bush, sem saber de detalhes da operação planejada por bin Laden, não se preocupou com a ameaça que o terrorista poderia representar. Contudo, admite que a imagem, da forma como foi colocada, contribuiu para que o público reclamasse. As queixas, mesmo que politicamente motivadas, são boa fonte de aprendizado, conclui.