Pilhas de revistas estão invadindo as bancas na Índia e cada vez mais publicações estrangeiras são lançadas no país, mesmo com duras regras de propriedade e baixos lucros com publicidade, noticia a Reuters [23/8/06]. O grande número de pessoas que falam inglês, salários crescentes e maior penetração da mídia têm atraído empresas como Pearson, Independent News & Media, Hearst e Conde Nast. As revistas Cosmopolitan, Marie Claire, Seventeen, Maxim, Time Out e OK! já estão disponíveis nas bancas locais.
No entanto, tais empresas de mídia estrangeiras ainda agem com cautela para realizar grandes investimentos em um mercado fragmentado dominado por publicações em idiomas regionais e empresas de propriedade familiar relutantes em ceder controle editorial. A Índia permite 100% de propriedade estrangeira em títulos não-jornalísticos, mas determina um limite de 26% para publicações jornalísticas.
A Dow Jones afirmou, em 2004, que compraria 26% em ações da publisher indiana Bennett, Coleman & Co, para publicar o Wall Street Journal e lançar uma edição regional, mas a viabilidade econômica do acordo ainda está em avaliação. ‘O atual tamanho e escala do mercado de revistas em inglês não estimula muito as empresas estrangeiras’, afirma Gautam Benjamin, diretor da Allegro Capital Advisors. ‘Mas este é um mercado crescente e trata-se de uma estratégia a longo prazo’.
Especula-se que os lucros publicitários com publicações impressas cresçam em um ritmo mais devagar do que os de internet e rádio. No ano passado, as revistas ficaram com apenas 12% dos US$ 1,4 bilhão que a mídia impressa da Índia recebeu de anunciantes. O baixo preço de venda e de anúncios também contribuem para os baixos rendimentos. Uma página de anúncios em uma revista em inglês custa cerca de US$ 1.000 na Índia, menos que 1/3 do custo na China e 1/5 no Reino Unido. Ainda assim, a Hearst Magazines International, que tem três publicações na Índia, comparada a seis na China, planeja lançar mais publicações e talvez uma edição da Cosmopolitan em hindu.
De olho nos nichos
Enquanto publicações em inglês atraem maiores gastos com publicidade, há um crescente interesse em publicações em línguas regionais na medida em que aumentam os índices de alfabetização no país. Publicações especializadas para crianças ou sobre esportes, viagens e veículos também crescem em um ritmo mais acelerado do que revistas de notícias. ‘É menos competitivo, comparado ao interesse geral, e podemos colocar preços melhores’, opina Jim James, da Haymarket Worldwide, que vende títulos de veículos na Índia. ‘Qualquer publisher sério tem de estar em mercados importantes, e para um publisher de revistas, isto inclui a Índia’.
Quando foi lançada, a Cosmopolitan enfrentou a ira de conservadores, mas seu conteúdo de bom gosto forçou a Bennett e Coleman a reestruturar a Femina, publicação para mulheres, há um longo tempo limitada a receitas e dicas para donas-de-casa.