A menos de uma semana do Natal, a festa na qual se celebram a solidariedade, a concórdia e a paz entres os homens de boa vontade, a imprensa enche suas páginas de divergências de todos os tipos.
Nas edições de sexta-feira (19/12), há relatos de desentendimentos entre o Senado e a Câmara dos Deputados, entre o presidente do Banco Central e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, entre o atual prefeito do Rio e o Corpo de Bombeiros, entre o ministro do Meio Ambiente e o ministro do Planejamento Estratégico.
A concórdia e o entendimento estiveram presentes no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde um desembargador concordou em conceder liberdade provisória à jovem gaúcha Caroline Pivetta da Mota, presa havia 53 dias por ter participado de pichações no andar vazio da 28ª Bienal de São Paulo.
Mesura com chapéu alheio
No Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros se opõe ao quase ex-prefeito, César Maia, e proíbe a inauguração da Cidade da Música, um teatro de ópera que Maia pretende deixar como seu principal legado. A obra não tem alvará, nem habite-se, nem seguro. E já custou mais de 500 milhões de reais.
A interdição aconteceu apenas três horas antes da festa de inauguração, mas o prefeito corre para cumprir as exigências de segurança e fazer a festa ainda neste ano e sair nas fotos.
A divergência entre o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Aloizio Mercadante, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nasceu da ata que registra a reunião do Comitê de Política Monetária (Compom), que na quarta-feira (17/12) havia decidido pela manutenção da taxa oficial de juros.
O senador Mercadante questionou a manutenção dos juros, já que a ata revelava disposição do Copom de fazer um corte de 0,25%. Mas essa é uma velha controvérsia, que freqüenta com assiduidade o noticiário econômico.
No Congresso Nacional, a briga entre o Senado e a Câmara aconteceu por causa de um projeto que recria mais de 7 mil vagas de vereadores. A Câmara havia se rebelado contra o Senado por causa da retirada de um artigo que reduzia os gastos das Câmaras Municipais. No fim, as duas casas acabaram aprovando esse e outros projetos que elevam os gastos públicos.
Afinal, se o Natal é o período da concórdia, também é a época de dar presentes. E, como registram os jornais de sexta-feira, não tem crise que impeça o Congresso de ser generoso com o dinheiro público.