A identidade da agente da CIA Valerie Plame vazou para a mídia americana em 2003 e, desde então, o caso ganhou desdobramentos de alto valor jornalístico – como a prisão da repórter do New York Times Judith Miller por se recusar a revelar suas fontes e o envolvimento de nomes da administração Bush no caso. A grande notícia, desta vez, é a divulgação das gravações em áudio do depoimento ao grande júri do ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, I. Lewis ‘Scooter’ Libby, depois de elas serem apresentadas em seu julgamento, noticia Pete Yost [Associated Press, 5/2/07].
Embora o juiz distrital Reggie Walton tivesse preocupações em divulgar o material enquanto o caso ainda está aberto, o sistema judiciário federal em Washington permite que isto seja feito sem ter que esperar o fim do julgamento. Libby é acusado de perjúrio, obstrução à justiça e de mentir para o FBI sobre como soube da identidade secreta de Valerie Plame, casada com o ex-embaixador Joseph Wilson – conhecido crítico do governo Bush. O promotor que investiga o caso, Patrick Fitzgerald, quer definir se, e como, Libby contou a jornalistas sobre a informação confidencial.
Julgamento justo
Fitzgerald insistiu para que as fitas se tornassem evidência no julgamento. Ainda que os jornalistas que acompanham as sessões no tribunal possam noticiar o conteúdo das gravações, um dos advogados de Libby, William Jeffress, defendeu que a divulgação integral do material ‘ameaça seriamente o direito do sr. Libby a um julgamento justo’. Segundo ele, haveria a possibilidade dos jurados terem acesso ao conteúdo das fitas, tendo em vista que eles ficam três dias por semana fora da corte.
Para o advogado especializado em mídia Nathan Siegel, a gravação é bem menos prejudicial do que evidências que foram divulgadas em outros casos, incluindo os telefonemas ao serviço de emergência 911 feitos do World Trade Center, dentre outros. As fitas serão provavelmente divulgadas também na TV, rádio e na internet.
Até agora, ninguém foi condenado pelo vazamento da identidade de Valerie Plame. De acordo com Fitzgerald, Libby soube da identidade da ex-agente através do vice-presidente e a revelou para os jornalistas. Já Libby afirma não lembrar de ter conversado sobre isto com Cheney e alega que soube de Valerie através do repórter da NBC Tim Russert. Para Fitzgerald, esta versão protegeria Libby, pois repercutir rumores de jornalistas é menos sério do que passar adiante informações do vice-presidente dos EUA.