Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dois jornalistas assassinados em um só dia

Dois importantes jornalistas somalis foram assassinados no sábado; um em frente ao trabalho e o outro quando voltava do enterro do colega, informa Mohamed Olad Hassan [AP, 11/8/07]. Mahad Ahmed Elmi, 30 anos, apresentava um popular programa de rádio para a empresa de mídia HornAfrik MediaCompany e trabalhava como repórter freelancer para a McClatchy. Ele foi morto com tiros na cabeça quando seguia para o trabalho, na manhã de sábado. Ali Iman Sharmarke, 50 anos, era dono da HornAfrik. Ele morreu atingido por uma mina terrestre ativada por controle remoto quando voltava do enterro de Elmi. Dois outros jornalistas – um da Reuters, o outro do Voz da América – estavam no carro com Sharmarke e sofreram ferimentos leves.

Programas das estações de rádio da companhia costumam criticar tanto o governo quanto os militantes islâmicos que tentam derrubar o regime vigente através de uma sangrenta insurgência. As autoridades acusam as rádios independentes do país de transmitir programas que incitam confusão. Por isso, tentam censurá-las. Na semana passada, a polícia invadiu a rádio Shabelle, em Mogadício, e manteve oito jornalistas sob custódia por horas. Outras estações, entre elas as da HornAfrik, costumam ser tiradas do ar por dias seguidos.

Em entrevista à Associated Press após o assassinato de Elmi, Sharmarke afirmou que o crime teve como objetivo ‘impedir uma voz real de descrever, para outros somalis e para o mundo, o sofrimento em Mogadício’. Elmi ‘era um símbolo de neutralidade’, completou. Sharmarke tinha duas mulheres e três filhos. Ele passou grande parte das juventude fora da Somália, mas voltou a Mogadício em 1999, onde estabeleceu a HornAfrik.

Guerrilha

A capital da Somália sofre com o aumento do conflito de guerrilha. São freqüentes os ataques a bomba em estradas e atentados com morteiros. Desde dezembro, milhares de civis foram mortos e um quinto dos dois milhões de habitantes de Mogadício fugiram para viver em condições miseráveis. O país se encontra em meio ao caos desde 1991, quando ‘senhores da guerra’ derrubaram o ditador Mohamed Siad Barr e começaram a lutar entre si.

‘Aqueles que não querem a paz para a Somália estão por trás destes ataques’, afirmou o delegado de polícia Abdullahi Hassan Barise sobre os assassinatos dos dois jornalistas. Segundo ele, os profissionais foram mortos por causa de seu trabalho na rádio independente.