Agora foi longe demais o colunista Diogo Mainardi. Em seu artigo da Veja (não menos criticado folhetim de Terceiro Mundo), parece acometido de ataque neurastênico próprio de pacientes esquizofrênicos. Falar mal de cidadezinhas desconhecidas do interior ou polemizar sobre as contradições do nosso país é uma coisa. Atacar gratuitamente de forma geral nossa terra merece uma resposta.
Corrupção em todos os níveis, miséria e injustiças são coisas que merecem ininterruptamente críticas e combate permanente. Ridicularizar personagens de nossa vida política, artística, social e seja lá o que for, é, idem, até necessário.
Unir-se a um intelectual francês, com parcos conhecimentos de uma nação, para afirmar de forma contundente ser o Brasil uma porcaria, um país detestável, é mais um sinal de recalque. O colunista é um esnobe de dimensão rabo-de-cabra, provavelmente revoltado por não ter como esconder que é tão tupiniquim quanto qualquer um de nós. Deveria refletir mais sobre o que Nelson Rodrigues chamou de complexo de cachorro vira-lata. Ajudaria a superar a depressão permanente em que deve viver por, com todas suas virtudes e superioridades, ter como ocupação escrever uma coluna semanal numa revista decadente e telegráfica como a Veja.
Arrogância de maltrapilho
Será que ele já meditou que, em vez de trabalho, tem uma ‘ocupação’, da mesma forma que milhões de brasileiros espalhados nos mais longínquos rincões que tanto critica? Intelectuais no resto do mundo (a referência dele) normalmente têm atividades profissionais regulares. Colunas e artigos são atividades paralelas. Até mesmo escrever obras é para muitos intelectuais, na Europa, onde ele morou, uma atividade extra ao trabalho diário.
Por falar em Europa, por que o colunista não continuou residindo lá? Pelo menos teria fundamentos para afirmar ser o Brasil um país tão detestável que sequer mora lá. Mas viver em Veneza exige labuta diária. É caro. Esnobar tem um preço por lá. Diferentemente da vidinha que prefere. Essa vidinha de querer bancar o rei de um olho só em terra de cego.
Nós, brasileiros fora do Brasil, teríamos mais autoridade para esculhambar nossa terra. E seríamos coerentes, ao contrário do colunista, por não vivermos mais lá. Por não precisarmos do Brasil para sobreviver. O colunista está mesmo é cuspindo no prato em que, muito a contragosto, tem que comer todos os dias.
Podemos serenamente afirmar que o Brasil nos deixa muitas vezes tristes, decepcionados, cabisbaixos, mas nada disso arranca o orgulho de sermos brasileiros.
Porcaria é o que o colunista tem escrito e detestável mesmo é sua arrogância de maltrapilho intelectual tupiniquim, que não conhece o caminho da resignação.
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Editor da ABKnet News, Alemanha