Como era de se esperar, a batalha travada entre os jornalistas Milton Neves e JKJK (leia-se Juca Kfouri e Jorge Kajuru) chegou a quem menos tem a ver com a mixórdia: o telespectador. Por alguns minutos, na semana passada, os telespectadores da TV Bandeirantes participaram intensamente da pendenga quando Jorge Kajuru, apresentador do Esporte Total na emissora, decidiu pôr Juca Kfouri no ar.
Juca, por telefone, contou piada sem graça (e já conhecida de todos) sobre as torcidas de Corinthians e São Paulo. No domingo anterior, o time do Morumbi tinha batido o simpático time do Juventus por 2 a 1 – resultado que evitou o rebaixamento da equipe do Parque São Jorge para a segunda divisão do Campeonato Paulista. A mídia cobriu o fato. À exaustão, diga-se de passagem.
Num dos programas, Kajuru cutucou seu rival Milton Neves ao comentar o episódio envolvendo o cantor Zeca Pagodinho, que teria trocado a Nova Schin pela Brahma por um bocado de dinheiro. O apresentador da TV Record fez o mesmo caminho de Zeca, cuja atitude serviu de munição aos desafetos JKJK.
Jogado na batalha
Kajuru aproveitou o episódio Schin-Brahma para dizer, publicamente, que ‘há muitos jornalistas por aí fazendo o mesmo’. Nesse exato momento, a Band pôs no ar Juca Kfouri, outro desafeto de Milton Neves e padrinho de Kajuru. Juca foi chamado de ‘paizão da moral’ por Kajuru, tudo num programa que nada tem a ver com a polêmica do trio de jornalistas. O programa, pressupõe, foi criado para falar de esportes.
A questão é saber até que ponto a participação de Juca num programa de outra emissora é importante para o telespectador. Se fosse para dar um ‘furo’ jornalístico, anunciando fato relevante aos olhos do torcedor, até que sua aparição intempestiva no vídeo estaria largamente justificada. Agora, cá para nós, ocupar alguns minutos de um programa esportivo, de curta duração, para contar piadinha de torcedor é patético, para não dizer outra coisa.
Em vez de levar informação ao telespectador, Kajuru cometeu deslize ao dar espaço para colega fazer chiste de mau gosto em rede nacional. O minuto na TV, senhores, custa milhões! E que não se enganem o telespectador, o ouvinte e o leitor. A guerra promete novas batalhas.
A disputa vai se arrastar por muitos outros capítulos. Enquanto isso, o telespectador seguirá acompanhando a rinha (ou dela fazendo parte), na qual titãs da mídia esportiva brasileira lutam, sem juízo, por uma causa que só a eles interessa. O telespectador – que nada tem a ver com questões pessoais (e banais) – está sendo jogado para o meio da batalha. E salve-se quem puder. O tiroteio parece estar apenas começando. Lamentavelmente.
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Jornalista em Brasília