Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fernando Pimentel é a bola da vez

Não quero fazer julgamento precipitado de ninguém, mas uma coisa é certa: Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, vai ter que dar muitas explicações ao povo mineiro e às autoridades policiais sobre a vultosa importância recebida em um ano sob a alegação de consultoria prestada a vários clientes. A mídia o escolheu como a bola da vez. Este tem sido o jogo de bilhar, a conhecida sinuca, o mata-mata das bolas de um a sete. E o temido adversário é a grande mídia, que semanalmente escolhe um ministro, a bola da vez, investiga, descobre falcatruas, denuncia e o joga na caçapa.

É lamentável dizer, mas se a Polícia Federal for acionada e o Ministério Público quiser, basta uma investigação detalhada em todos os ministérios, estatais, ONGs e outras entidades governamentais, e certamente, em todos eles ou na maioria, serão encontradas corrupção, falcatruas, desvios de verbas e má gestão do dinheiro público. Tudo isso por culpa da impunidade e do sistema político vigente, que ninguém quer mudar.

Razões para duvidar da honestidade da maioria dos políticos brasileiros, nós temos de sobra. É só fazer um rápido exercício matemático para chegar a algumas conclusões. Por exemplo: como um candidato a cargo político, vereador, no caso, pode gastar até um milhão de reais numa campanha, sabendo que, se eleito, vai receber, no máximo 60 mil reais mensais? De que jeito em quatro anos um político eleito recupera tal importância investida apenas com o salário legalmente pago?

Não há santo entre os políticos

Não precisa ser muito inteligente para deduzir que quem gasta tanto dinheiro numa campanha, tem certeza que vai participar de várias concorrências, licitações e aprovações de projetos e receber polpudas doações de empresários e interessados nessas transações. Só assim os altos investimentos voltam rapidamente, com juros e correção monetária, fazendo com que em apenas quatro anos um político enriqueça tanto.

Fiquem certos, eleitores. Não há santo entre os políticos.

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[Guilherme Cardoso é jornalista, Belo Horizonte, MG]