Não há como negar e sequer suscitar qualquer questionamento no que tange ao importante papel até agora exercido pelos meios de comunicação impressos que, por seu pioneirismo no setor de comunicação de massa, representaram e ainda representam um potencial inequívoco na abrangência do público-alvo.
Não obstante isto, também não se devem ignorar os quesitos em termos de praticidade e funcionalidade atingidos plenamente desde a inserção das novas mídias nos mercados de todo o mundo. São coisas próprias dos chamados “tempos modernos”, quando a sociedade civil organizada não dispõe do mesmo tempo de anos atrás para buscar as notícias de seu interesse através dos meios tradicionais. O tempo urge, cada vez mais, e é justamente a urgência determinada pela corrida desenfreada pela necessidade premente de saber o máximo do que se passa na esfera midiática que acena um adeus – não se sabe daqui a quanto tempo – ao direito (ou ao desejo) de o cidadão, por mais conservador que seja, passar um tempo além do necessário folheando um periódico impresso, no afã de se inteirar das novidades em todos os setores da vida pública cujos efeitos abrangem a tudo e a todos, de modo geral.
A informatização está posta; e de modo tão clara que já não há como se afirmar que os meios de que ela dispõe possam ou devam ser ignorados e/ou menosprezados no contexto de tomada geral e irrestrita de todos os setores possíveis e imagináveis em termos de mídia futura. Se isso é bom ou ruim, eis uma consideração a ser feita à medida do gosto e do interesse de cada um.
A velocidade como o futuro
A mídia impressa ainda tem o seu sabor para aqueles que aprenderam a amar a leitura, através do manuseio direto do papel. O cheiro característico do papel e da tinta ainda se constitui em atrativo para os saudosistas de plantão. No entanto, com a sequência do desenvolvimento no setor que tende a não parar, as prensas das gráficas dentro em breve (ou nem tão brevemente assim) podem se calar de uma vez por todas, deixando atrás de si tão somente lembranças nostálgicas dos anos de sonhos dourados, quando de um jornal impresso o leitor extraía o conhecimento dos fatos e dos produtos de seu interesse no mercado afim.
Entre os milhões que apreenderam a amar o jornal impresso, estão os muitos jornalistas que desde o ingressar na universidade sonharam em ver um texto seu publicado no meio impresso, seja para aclamar o próprio ego, ou simplesmente para mostrar o seu feito após longos anos de estudo. Mas, seja entre os jornalistas da “antiga” ou entre os populares “focas”, nenhum deles podem fechar os olhos diante do momento que a mídia passa.
Alguns jornalistas que até relutaram em deixar a máquina escrever para adotar o computador acreditam que o jornal impresso terá que se readaptar, ou boa parte deles não suportará o fator digital. Mas entre os novos jornalistas (recém-formados), há os que acreditam que mesmo com todo avanço tecnológico, não levará ao fim do jornal impresso. Como também encontramos os que defendem a velocidade da informação como o futuro.
Avalancha de conteúdo
Afinal, o mundo tem pressa. As pessoas têm cada vez menos tempo disponível na mesma proporção que têm pressa de saber de tudo o que se passa ao redor de si, seja em termos de obtenção de notícias, seja em termos de compra e venda de produtos em disponibilidade no mercado consumidor, cuja relação, cada vez mais, se estabelece exclusivamente através de endereços eletrônicos. Assim é que não há como esperar pelas notícias dos fatos de agora até a circulação dos jornais de amanhã.
Portando, acredito que nesse mundo tão imediatista que vivemos, os jornais impressos, sejam eles grandes, como a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, ou pequeno, como o semanal carapicuibano Primeira Edição, estão com os seus dias contados, pois as notícias diárias são atualizadas quase em tempo real nos sites de noticiosos. Mesmo os jornais regionais estão perdendo espaço para os sites que se especializaram na cobertura de fatos localizados (fatos que nem sempre são apurados e noticiados pela grande mídia). Esses são apenas alguns fatores reais e presentes na luta diária dos jornais por leitores.
É nesse cenário que os jornais devem emprenhar-se na elaboração de um conteúdo jornalístico mais condensado e atrativo, para desta forma apresentar ao leitor flexível, interessante, objetivo, de fácil manuseio e com um maior apelo social, mas sem perder a credibilidade adquirida ao longo dos anos. Essas são apenas algumas saídas deste futurólogo para os jornais impressos sobreviverem a essa avalancha de conteúdo fornecido, segundo a segundo, pelo mundo digital, além de ganhar uma sobrevida de mais cindo décadas, ainda como um importante meio de comunicação de massa, para uma população que a cada dia se comunica de massa para massa, mais rápido que o jornal impresso.
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[Marcelo Simões Damasceno é jornalista e pós-graduado em marketing]