Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A Terra não está engordando

O mundo virtual é rico em factoides. Alguns deles, bastante curiosos, andaram circulando na mídia nos últimos meses, aparentemente por conta do anúncio de que a população mundial estaria prestes a atingir a marca simbólica de 7 bilhões de indivíduos – o que, no fim das contas, ocorreu no último dia 31 de outubro (ver, neste Observatório, o artigo “Excesso de gente ou de consumo?“).

Tomei conhecimento de um ou outro desses factoides por meio de mensagens de correio eletrônico. Uma delas levantava a seguinte questão: o aumento observado na população mundial está provocando um aumento na massa da Terra? Não, a massa da Terra não está aumentando. Quer dizer, não por nossa causa. Um efetivo populacional de 7 bilhões de indivíduos significa tão-somente que o número (e a massa) de seres humanos é maior hoje do que jamais foi em qualquer outra época da história de nossa espécie. Por maior que seja, no entanto, a população humana não altera em nada a massa do planeta. Um jeito de entender o que ocorre seria o seguinte: todo e qualquer aumento que haja no efetivo de seres humanos implica inevitavelmente em redução no efetivo populacional de outras espécies – árvores, por exemplo.

Trocando em miúdos, para que a espécie humana cresça, outras espécies têm necessariamente de encolher. O balanço final é que a massa do planeta segue inalterada. Isso, contudo, não significa dizer que ela seja inalterável, pois não é: o planeta ganha ou perde massa (ainda que em proporções diminutas) sempre que algum material vindo do espaço (poeira cósmica ou meteoritos, por exemplo) alcança a superfície terrestre ou, alternativamente, sempre que algum objeto (astronaves, por exemplo) escapa do campo gravitacional da Terra.

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[Felipe A. P. L. Costa é biólogo, autor de Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003)]