Rupert Murdoch, dono do grupo de mídia News Corp, chegou a Londres na semana passada a tempo dos 37 acordos com vítimas dos grampos telefônicos do extinto tabloideNews of the World, em uma longa série de pedidos de desculpas a celebridades e políticos em nome do que já foi o jornal mais vendido – e temido – do Reino Unido. Oficialmente, a visita do magnata tinha como objetivo apresentar o novo gerente jurídico da empresa, Gerson Zweifach, de Washington – que, espera-se, venha a aprender mais sobre o funcionamento da justiça britânica.
Até agora, já foram pagas 640 mil libras (o equivalente a R$ 1,7 milhão) em danos e custos legais. Pessoas ligadas ao grupo afirmam que as concessões foram técnicas, feitas com o objetivo de resolver prontamente as queixas. Mas está claro que, além disso, houve uma mudança nas atitudes da alta cúpula da empresa, na medida em que a News Corp busca se distanciar da crise dos grampos – que ainda deve demorar anos para chegar ao fim, com a possibilidade de julgamentos criminais e a segunda parte de um inquérito, chamado de Inquérito Leveson, aberto a pedido do primeiro-ministro David Cameron para avaliar o estado da imprensa britânica e buscar soluções para os problemas encontrados.
Ruptura com o passado
A indicação de Tom Mockridge para ocupar o posto de executivo-chefe da News International, braço britânico da News Corp, tem o objetivo de marcar uma divisão clara com o passado. Até mesmo o herdeiro James Murdoch, que até pouco tempo atrás defendia a ex-executiva-chefe Rebekah Brooks, estaria, segundo amigos, menos convencido de que foi sensata a estratégia dela de simplesmente negar o conhecimento de escutas ilegais diante de qualquer denúncia.
Agora, a News Corp tenta aliar a recuperação de sua imagem a um perfil corporativo mais discreto. Há, ainda, uma batalha interna sobre o lançamento do jornal Sun on Sunday – Rupert Murdoch queria tê-lo lançado no ano passado e James achou que o pai ainda não tinha se dado conta do estrago causado à reputação da empresa.
James Murdoch está tentando fazer uma mudança gradual de Londres para Nova York, onde assume a posição de número três do grupo, após quatro anos não muito agradáveis que começaram com sua saída da BskyB para a News International, como aparente herdeiro do maior império de mídia do mundo. Ele foi presidente do braço britânico e fazia parte do conselho da News Group Newspapers – unidade que publica o Times e o Sun – quando a empresa alegou que o problema dos grampos se restringia a um único repórter. Informações de Dan Sabbagh [The Guardian, 20/1/12].