Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Viva o estupro, viva a demagogia

Temos presenciado durante os últimos dias o que Stanislaw Ponte Preta preconizava em seu célebre Festival de Besteiras que Assola o País: são cenas de suposto estupro, pessoas bêbadas na televisão para dar Ibope e na atitude do tudo por dinheiro, além da tal da Luiza, que encheu o saco de quem tem o mínimo de discernimento e dignidade para entender que temos que mudar urgentemente nosso foco de ação com cidadãos e como pessoas que têm que ter um espírito crítico que só virá com conhecimento e educação de verdade, e não o fingimento que tem sido comum nas escolas de todo país, sejam públicas ou privadas.

Os jornalistas também têm contribuído para tal caos selecionando matérias e publicando ao bel-prazer dos que estão no poder. Muitos são cooptados de forma vergonhosa pela tal verba publicitária e não deixam o povo gritar, falar ou dizer o que pensa sobre educação, saúde, segurança e todo o tipo de situação que amarga sempre os que são pobres e que têm de engolir o prato nefasto da sujeira política dos dias de hoje. Em que mundo vivemos? Que democracia é esta que cassa o direito do povo dizer o que pensa sobre governantes que são envolvidos nas mais vergonhosas falcatruas e nos episódios vergonhosos de lama e corrupção? O povo trabalhador não merece ser enganado pelos tais Telós da vida, pelas tais Luizas e pelo espetáculo de antiética preconizado pelo tal Big Brother – do qual muitos sequer sabem a origem ou de onde vem o termo.

Onde está a razão? Por que não se pesquisam soluções contra o nepotismo, o fisiologismo, a corrupção política e a vergonhosa arte de enganar o povo, de humilhar o pobre, de dar aos menos favorecidos educação sem sentido, sem estímulo ao pensamento, sem dialogicidade? Será que temos no Brasil democracia no sistema educacional? No caso de Fortaleza, pasmem, diretores ainda são escolhidos pelo cartãozinho do vereador e isso se estende aos funcionários terceirizados… É ou não é clientelismo? Como diz a lei sobre ingresso no serviço público? O que diz a LDB sobre gestão?

Injusto e irreal

Recentemente, os meios de comunicação desatrelados (são poucos ) noticiaram a intenção da prefeitura de Fortaleza de fechar escolas… Amigos, fechar escolas e mandar os alunos procurarem outras para estudar é antiético, é ilegal e é imoral. Ou não é? Infelizmente, os que protestam estão pagando caro pela denúncia, enquanto os defensores da lei sequer tiveram algum posicionamento sobre o fato. Não é por aí. A letargia do povo e a conivência dos poderes com o caos fazem tremer qualquer cadáver que lutou pela democracia e pela liberdade. Nossa prefeitura, através da prefeita articulista do jornal da cidade, deveria explicar porquê se fecham escolas em pleno século 21, fato que trará graves problemas aos jovens que não terão escolas próximas às suas casas e terão de enfrentar problemas de território e da violência das ruas. Por que ninguém diz nada? É normal ou é correto expulsar alunos das escolas em nome de um suposto reordenamento da rede?

Por outro lado, o ex-governador, irmão do governador atual, ex-ministro e, pasmem, quase presidente da República, Ciro Ferreira Gomes, do Partido Socialista Brasileiro (socialista?) chamou publicamente policiais que estiveram em greve recentemente de “marginais fardados” e ninguém diz nada, ninguém faz nada. Ele continua imperando com suas verborragias e sua metralhadora giratória a desrespeitar principalmente trabalhadores, como já fez com médicos, professores e outros cidadãos. A grande questão é por que a imprensa abre espaços para este tipo de gente que não respeita as pessoas, não tem consideração por ninguém e destila ódio em todos os sentidos?

No momento em que se discutem as concessões de radiodifusão, é preciso reorganizar a comunicação brasileira e abrir espaços para que o povo tenha direito de se comunicar. Por que perseguem a comunicação alternativa? Há parlamentares que têm desejos de atacar duramente as mídias sociais que são alternativas contra os ditadores que são bem tratados pela grande mídia em nome exclusivo da tal verba publicitária, que deveria, sim, ser fiscalizada e controlada. Afinal, é dinheiro do povo…

O processo é injusto e irreal, mas a tal Luiza, o Michel Teló, o Big Brother e outras anomalias continuarão a fazer sucesso em um país de idiotas que, mesmo diplomados, continuarão idiotas. Viva a ignorância e a miséria do pobre povo brasileiro…

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[Francisco Djacyr Silva de Souza é vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará]