Juntamente com o do meio ambiente, nenhum outro futuro tem sido tão discutido quanto o da comunicação. Nos últimos anos, temos assistido – e participado – de uma intensa troca de opiniões, tentando prever o que acontecerá com a forma como nos informamos, nos entretemos e nos relacionamos com outras pessoas e com as marcas. E por que esse tema ganhou tanto espaço?
1. Porque vivemos na sociedade do conhecimento. Como o conteúdo é a base para geração de conhecimento, discutir a forma como iremos adquirir e consumir conteúdo é também refletir sobre a formação dos alicerces da sociedade no futuro. Isso já é motivo suficiente para demonstrar a relevância desse tema e o quanto ele impacta a vida de todas as pessoas.
2. Porque as empresas produtoras de conteúdo – as protagonistas nisso tudo – não têm fugido dos embates, pelo contrário: é notório o crescimento acelerado do espaço dedicado pela mídia para repercutir suas próprias atividades, na forma de reportagens especiais, séries, programas, colunas, seções, blogs, editorias, eventos etc. Ao mesmo tempo em que ajuda a própria mídia a encontrar o seu caminho, essa alta carga de informações deixa o público a par do cenário atual e já o prepara para aceitar melhor as novidades que virão – como o lançamento de uma nova rede social, de um novo gadget da Apple ou de um novo formato de cobrança pelo conteúdo na web. Sem a menor sombra de dúvida, trata-se do maior esforço metalinguístico já engendrado na história da Humanidade.
Cada vez mais requisitado
Outro motivo da popularização do debate sobre o futuro das comunicações é o fato dos principais atores desse processo serem bastante conhecidos da sociedade em geral: são as emissoras de rádio, os canais de TV, as editoras de jornais e revistas, os portais de internet, as empresas de telefonia, as indústrias de tecnologia, os governos e seus órgãos reguladores, as agências de propaganda, além do próprio público – que passa a maior parte do dia conectado a alguma mídia, ou a várias ao mesmo tempo.
De tudo isso, a única conclusão universal a que se chegou até agora é a de que não há conclusão universal para resolver todos os desafios trazidos para cada uma das mídias existentes – e para aquelas que ainda virão. Cada caso é um caso – e haja caso! Portanto, a reflexão sobre como se dará o processo de comunicação deve estar inserida no cotidiano de todos, e não só dos acadêmicos e dos gestores de empresas de mídia. Nesse cenário, o cérebro será cada vez mais requisitado para alcançar os ouvidos, os olhos e o coração do público.
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[Fernando Morgado é professor convidado da ESPM-Rio, pesquisador de mídia e comunicação e palestrante]