O Movimento Organizado pela Moralidade Pública e Cidadania – Moral vem manifestar seu apoio à campanha da Rede Globo com denúncias sobre corrupção apresentadas no programa Fantástico.
A importância desse tipo de denúncia vem compensar a falta de atividade legislativa no país, onde em todos os níveis não existe fiscalização dos atos do executivo. Assim, as propinas azeitam as milionárias campanhas políticas e as trocas de favores por cargos são tão comuns que o povo vive desesperançado.
No estado de Mato Grosso, a grande mídia faz um silêncio pavoroso quando o assunto são as denúncias de quem ordena despesas para campanhas publicitárias que são um escândalo. Só a Assembleia legislativa em 2010 usou de 18 milhões do erário para comprar o silêncio da maioria dos veículos.
Por isso vimos pedir que a Rede Globo esclareça o povo de Mato Grosso e do Brasil por que, em dezembro de 2010, deixou de levar ao ar uma reportagem feita pelo “repórter sem rosto” Eduardo Faustini sobre os processos que envolvem o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, acusado pelo Ministério Público de desviar, em valores atualizados, cerca de meio bilhão de reais dos cofres públicos.
O repórter da Globo, acompanhado de um militante da ONG Moral, com veículo locado pela entidade, foi a Campo Verde onde entrevistou os contadores que montaram as empresas fantasmas. No cemitério em Várzea Grande filmou o túmulo do homem que depois de morto assinou cheques da recebidos da Assembleia. O repórter conversou com promotores que promoveram as ações e reuniu-se também com um grupo de dirigentes do Moral, quando as informações foram complementadas.
Porém, na noite do domingo, quando todos sentaram à frente da televisão para assistir a reportagem do Fantástico, o que se viu foram quatro inserções de propaganda da Assembleia Legislativa e nada sobre as acusações ao deputado. A reportagem nunca foi ao ar.
O repórter Faustini passou a não atender as ligações em seus telefones, não dando nenhuma explicação para o silêncio da Rede Globo ante as graves denúncias. Enquanto os boatos nos meios jornalísticos e políticos davam conta que a negociação do silêncio envolveu a soma de 10 milhões de reais.
Não acreditando nos boatos, a direção da ONG Moral enviou uma carta ao diretor de Jornalismo da emissora no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Schröder, sem obter resposta. A falta de esclarecimento é um desrespeito inclusive aos profissionais sérios do jornalismo desta emissora que atuam em todo o país.
Como é sabido, o deputado José Riva responde a mais de cem processos, entre ações civis públicas e ações penais, que patinam nos meandros do nosso Poder Judiciário. Para se manter no comando do legislativo local por 17 anos, gasta em média 1,5 milhão de reais por mês com propaganda, emprega fantasmas e loteia favores para acomodar a maioria do seus pares calados e acovardados.
A Rede Globo de Televisão e o repórter Eduardo Faustini devem uma explicação à sociedade matogrossense. O melhor seria a apresentação a reportagem guardada, cujo assunto continua atual. Se aqui em nosso estado uma reportagem sobre corrupção, carregada de provas robustas foi engavetada, quantas mais pelo Brasil terão o mesmo destino? (Cuiabá, 30 de março de 2012)
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[Ademar Adams, Cláudio César Fim, Roberto Vaz da Costa e Gilmar Brunetto são diretores da ONG Moral]