Já se sabe que a China envia a diversos países milhares de professores para ensinar o mandarim, mas recentemente a mídia internacional revelou que os chineses enviarão também outros tantos de agrônomos para auxiliar na produção de alimentos usando o exitoso método chinês. Mas como não existe almoço de graça no capitalismo, tampouco caridade no comunismo, o tema merece uma análise imparcial. A China comunista tem uma história assustadora de dominação e de assassinatos – números conservadores apontam para 60 milhões de mortos pelos comunistas chineses – e muitos dos óbitos tiveram como causa justamente a fome, o que os chineses agora, de forma subliminar, em tese, querem acabar no mundo. Durante o Grande Salto Adiante, 1959-61, no Laogai, gulag maoísta, 20 milhões de chineses morreram de fome e é tida como a maior fome programada da história da civilização. Daí ser muito estranha essa investida “benevolente” da China em compartilhar seus métodos de produção de alimentos…
A China vive hoje um crescimento econômico maior do que sua capacidade de produção, uma vez que a questão precária da energia, obtida principalmente por meio do carvão e que é altamente poluidor do meio ambiente, e a escassez de água será um desafio nos próximos anos, mas parece que os comunistas não estão nem aí para a saúde dos 1,3 bilhão de chineses – 80% da população chinesa é composta de humildes camponeses.
Repetição da história
Outra questão crucial na China é a comunicação, pois lá se falam próximo de 5 mil dialetos, centenas de patoás e o mandarim oficial, com os seus 10 mil caracteres, é por demais complexo. Daí sugerir que os chineses são manipulados sem que haja como reagir. A cultura milenar chinesa foi destruída por Mao Tse-tung ainda em 1949, quando fundou a República Popular da China. Em 1950, por ocasião da invasão ao Tibete, um milhão e duzentos mil inocentes e inofensivos tibetanos foram assassinados e a explicação da Revolução Cultural maoísta era a de que estavam libertando o Tibete dos tibetanos – quem quiser que tente entender.
Mao Tse-tung era marxista-lenista e implantou a censura plena e o controle total da população por meio da produção e distribuição de alimentos e do racionamento das reservas de água potável.
Num país hermético, como a China, onde falar a verdade dá pena de morte, é prudente e sábio arregalar os olhos para essa investida “benevolente” dos híbridos chineses comunistas, pois, como diziam os próprios idealizadores do comunismo, no caso, Hegel e Marx, a história sempre se repete: na primeira vez acontece como tragédia, na segunda, como farsa…
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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]