Afora as exceções, enquanto repórteres lerem pouco, assessores escreverão as matérias. É tão bom quando o diálogo acontece, é produtivo e enriquecedor para o leitor ou espectador. Todavia, quando o repórter desconhece por completo o assunto e nem ao menos faz rápida pesquisa antes de dialogar com a fonte, o que se vê é o assessor dos dois lados do balcão. Isso limita a narrativa e envelopa as interpretações com a logomarca invisível das corporações. Isso não é valorização da marca, mas alienação do cliente, subestimação do consumidor. Ignora o potencial do profissional de comunicação e trinca o balcão onde passam e às vezes ficam informações.
No trato da informação, em assessoria ou redação, o diálogo deve persistir, e de forma transparente. Os procedimentos de contato com a fonte devem ser respeitados, mas não podem influenciar a informação nem o relato do fato. O lobby não pode ser sinônimo de ficção e nem a apuração ter o significado atrelado a relações comerciais.
De pé, aconchegado em uma banca de jornais, expiro: que os jornais tenham menos páginas, mas melhores páginas. Alguns veículos do interior acertaram a medida e consolidam leitores dia a dia. Eles persistem tendo a apuração como premissa de um bom registro. São parceiros, questionam o posicionamento corporativo e relatam tanto o que pode melhorar quanto o que está adequado, bom. Entretanto, enfrentam o dilema da rentabilidade e são forçados a reduzir custos operacionais e até mesmo reduzir pessoal. Falta uma estrutura comercial sólida, moderna e pertinente ao mercado. Faltam investidores?
Aprender a garimpar
Nesse ínterim, alguns assessores confundem as áreas e se colocam como mecenas com direito a manipulação. É preciso saber o lugar que ocupamos na cadeia da informação e desempenhar esse papel com maestria, e não hipocrisia. Pautas em mãos; é fundamental diagnosticar o que quer o público e o que precisa.
Grandes veículos atrofiam-se. As redações estão sucateadas e não há sindicato que contribua em prol de uma solução para os jornalistas que atenda também aos patrões. Todavia, diante de um belo texto vem a esperança do removo, da melhora. O hábito de ir às bancas ainda é válido, precisamos aprender a garimpar; a peneira está nos olhos.
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[Rudson Vieira é jornalista, Coronel Fabriciano, MG]