Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

De olho no New York Times

O editorial do New York Times de 18 de março de 1998 censurou o papa João Paulo II por ter defendido o silêncio do papa Pio XII durante o 3º Reich, no qual judeus e outros povos teriam sido perseguidos e mortos pelos nazistas, na Alemanha. Porém, em contradição, o mesmo New York Times enalteceu e se congratulou com o papa Pio XII em 25 de dezembro de 1941, dizendo ser ele “a única voz no silêncio e nas trevas que envolvem a Europa neste Natal” e corroborou o elogio ao papa Pio XII em editorial no ano imediato, em 25 de dezembro de 1942, dizendo: “O papa é o único governante que resta no continente europeu que ousa elevar a sua voz” – Pio XII salvou 860 mil judeus dando-lhes abrigo, comida e/ou fuga da Alemanha. O intrigante é que o já então maior jornal do planeta, o New York Times, que tinha acesso a todas as comunidades judaicas por ser da família judaica Ochs, não escreveu uma só palavra no seu editorial sobre supostos genocídios em campos de concentração na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)…

Um artigo assinado pelo intelectual judeu Arthur Koestler, publicado no New York Times em 9 de janeiro de 1944, em que relata as suas conferências com soldados aliados, surpreendeu a opinião pública ao revelar que nunca tinha ouvido falar dos campos de concentração de Lidice, Treblinka e Belzen e nem citou Auschwitz, sugerindo que não tinham tanta importância assim ou “ganharam” após o final da guerra, quando começaram a ser “noticiadas” exaustivamente pelos vencedores as supostas atrocidades…

Modificações, manipulações e “criações”

No ano passado, outro caso rumoroso envolveu o New York Times quando o então diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o judeu Dominique Strauss-Kahn, foi preso e acusado de ter supostamente tentado estuprar uma humilde camareira, de origem africana, de nome, Nafissatou Diallo, no luxuoso Hotel Sofitel, em Nova York. Curiosamente, o New York Times e outros veículos de comunicação saíram em defesa de Strauss-Kahn e não foi difícil transformar a humilde camareira em “mentirosa” e “prostituta”. Inclusive, o NYT citou que uma “fonte” da polícia tinha informações comprometedoras contra a camareira – Strauss-Kahn depois acabou sendo processado na França por envolvimento com prostitutas e divorciou-se da sua esposa, o que desconstruiu a hipótese fantasiosa de “bom moço” criada pelo NYT e demais da mídia nova-iorquina.

Se em fatos relevantes há modificações, manipulações, ou mesmo “criações” de dados inverídicos no NYT, o que pensar de fatos menos relevantes? Afinal, como diz o brocardo jurídico: “quem pode o mais, pode o menos”…

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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]