O jornalista, pesquisador e escritor pernambucano Ivan Mauricio começou a abrir a caixa de Pandora do Nordeste brasileiro, como revelou numa intervenção durante a mesa-redonda do seminário “Conjuntura Política Brasileira Hoje: Novas Mídias”, realizado no Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas na quinta-feira (20/12), em comemoração ao lançamento do portal da Abem-Associação Brasileira para a Defesa de Bens Comuns (solidariedade, fraternidade, igualdade, amizade, honestidade), que ocorrerá no próximo 20 de janeiro.
Pandora foi a primeira mulher criada por Zeus na mitologia grega. Ao longo dos tempos, a definição de caixa de Pandora sofre variações, mas uma característica perdura: a surpresa. Por isso, como a surpresa tem sido uma característica nos negócios virtuais desde o advento da internet, frequentemente os especialistas se reportam à rede mundial de computadores como uma caixa de Pandora.
Criação de tilápia
Piranhas é um pequeno município alagoano, microrregião do sertão, a 315 km de Maceió e próximo à cidade do Canindé (SE), à margem do Rio São Francisco. Com uma população de 21.716 habitantes, recentemente a cidade ocupou as mídias do Nordeste com a descoberta pelo Ministério Público de um rombo de R$ 22 milhões nas contas da prefeitura municipal, questão que ameaça levar a prefeita à cadeia a qualquer momento.
Ivan Mauricio mantém o site www.onordeste.com.br há uma década, ao longo da qual chegou à conclusão que poderia desenvolver como nichos a cultura e os produtos criados na região. Hoje é o site que tem grande densidade na área cultural, razão pela qual a Wikipedia se vale do seu acervo para oferecer o melhor painel cultural sobre o Nordeste. Mais recentemente, depois de desenvolver intensas pesquisas, estado por estado, em alguns deles Ivan está encontrando verdadeiras pérolas capazes de contribuir com o desenvolvimento a região.
Uma dessas pérolas foi descoberta em Piranhas, onde uma pequena organização de caráter familiar cria tilápia, comercializa a carne do peixe e o couro é transformado em tecido, produto que será comercializado já a partir de janeiro para interessados de todo o planeta através do seu portal.
Sem concessão
Com a difusão dos novos modelos midiáticos, Ivan Maurício argumenta que logo os atuais modelos de rádio e TV abertas estarão completamente superados. Até porque os preços com que eram valorizados no mercado já estão fazendo parte do passado. Daqui a pouco uma rádio comercial, dessas como a rádio Globo ou Tupi, será vendida por menos de 10 reais.
Do mesmo modo, como hoje já está completamente ultrapassada pela realidade internetiana a discussão política sobre as concessões públicas. Sem precisar de concessão alguma, em países como o Brasil várias emissoras de rádio e TV estão sendo instaladas para a transmissão de conteúdo para qualquer parte do planeta sem a necessidade de concessão nem daquela parafernália de equipamentos.
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[Reinaldo Cabral é jornalista e escritor]