Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Abigraf prevê novo ano de queda na atividade do setor

Após o balde de água fria nas expectativas já pouco otimistas, em função dos resultados do terceiro trimestre, a indústria gráfica brasileira traçou um cenário ainda menos animador para 2013. As primeiras estimativas da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) indicam que a produção do setor poderá recuar 5,4% no ano, aprofundando a queda dada como certa para 2012, influenciada principalmente pelo segmento editorial.

“Sabemos que haverá retração na conta final de 2012, mas fica difícil fazer qualquer projeção porque o ano foi muito disparatado. Para 2013, nosso modelo mostra nova queda, se mantido o cenário macroeconômico”, diz o presidente da entidade, Fábio Arruda Mortara. De julho a setembro, a produção da indústria gráfica recuou 9,5% na comparação anual, influenciada sobretudo pelos impressos editoriais, com queda de 17% no mesmo intervalo.

A importação de livros é apontada como principal razão para queda na produção gráfica editorial, que deve se repetir neste ano – as estimativas iniciais apontam recuo de 4%. Conforme Mortara, as compras externas de livros didáticos e não-didáticos contribuíram para o resultado negativo em 2012, assim como a crescente concorrência com livros e revistas eletrônicos. Em boletim, a Abigraf destaca que a retração na impressão de revistas, que também pesou na média da indústria, pode refletir a crise na Europa e a contenção de gastos com publicidade por parte das multinacionais. “Também a concorrência indireta das embalagens importadas, que chegam ao país nos produtos já embalados, levou à queda da produtividade e teve efeitos negativos na indústria nacional”, diz Mortara.

Queda chegou a 4,3%

Além do fechamento de gráficas – recentemente, diz o executivo, duas empresas relativamente grandes encerraram as atividades no Paraná e São Paulo –, a retração se reflete no nível de emprego. “A saúde de mais de 20 mil empresas, quem empregam 222 mil trabalhadores, está em jogo”, ressalta.

Em 2013, algum alívio poderá vir do câmbio, que, se estacionado em torno de R$ 2,10, poderá reduzir o ritmo das importações de livros. Levantamento da Abrigraf, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), mostra que, de janeiro a outubro, as exportações de produtos gráficos somaram US$ 248,6 milhões, com alta de 12,5% frente ao verificado um ano antes. As importações, por sua vez, ficaram praticamente estáveis na mesma base de comparação, com queda de apenas 0,8%, para US$ 455,7 milhões.

De acordo com o último Boletim de Atividade Industrial da Abigraf, a produção do setor recuou 5,4% em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2011. No acumulado dos nove meses do ano, a queda chegou a 4,3% e, de outubro de 2011 a setembro de 2012, ficou em 4,4%.

***

[Stella Fontes, do Valor Econômico]