Jornais e revistas impressos dos EUA foram surpreendidos pelo forte crescimento do tráfego a partir de dispositivos móveis (smartphones e tablets) no ano passado. De janeiro a dezembro de 2012, a participação desses devices no tráfego digital total da Hearst Newspapers, grupo com vários jornais locais, saltou de 11% para 21%. Na Forbes, esse percentual é de 25% atualmente. E na Meridith Corporation, grupo com veículos voltados para o público feminino, já atinge 50%. Representantes dessas empresas participaram de um painel sobre o tema na CES 2013, em Las Vegas, nesta segunda-feira, 7/1.
Embora o crescimento tenha sido significativo, os grupos editoriais ainda não sabem transformar a plataforma móvel em um veículo superavitário. As empresas reclamam do excesso de fragmentação de sistemas operacionais e dos custos relacionados para solucionar esse problema. “Costumo dizer que trabalhamos com três plataformas e meia: Android, iOS, Windows Phone 8 e variantes de Android, como aquela do Kindle Fire, da Amazon”, disse Alex Limeris, da Next Issue Media. No caso de sites móveis, uma saída para a fragmentação seria o uso de design responsivo, através do qual o conteúdo se adapta automaticamente a qualquer tamanho de tela, solução adotada pelos veículos da News Corporation, por exemplo.
O modelo de negócios em mobilidade não está claro para os grupos editoriais. Alguns trabalham com assinatura digital, mas uma das questões é quanto cobrar (ou talvez nem sequer cobrar) dos assinantes atuais da versão impressa. Os anunciantes tampouco se adaptaram à nova mídia. “Não dá para simplesmente diminuir o anúncio para a tela do celular. Tem que saber onde o consumidor está e o que ele quer ver ali”, comenta Liz Schimel, da Meredith Corporation.
Também há incertezas quanto ao conteúdo: até que ponto ele deve ser adaptado à nova mídia? Liz, da Meredith, é a favor de se acrescentar ferramentas que utilizem as características únicas desses devices, mas com cuidado: “A versão móvel não pode ser completamente diferente da experiência da revista, senão fica confuso.” A Time Inc. optou por incluir fotos extras e vídeos em suas versões para tablets. Mas Perry Solomon, seu vice-presidente de mídia digital, compartilhou uma informação interessante: nove em cada dez assinantes da Time que acessam as versões impressa e digital dizem que não querem abandonar a primeira.
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[Fernando Paiva, do Teletime, de Las Vegas]