Apresentamos hoje [terça-feira, 29/1] aos leitores nossa mais nova operação: o serviço de informações eletrônicas em tempo real Valor PRO. É o maior investimento já feito pela empresa Valor Econômico. Consumiu cerca de R$ 100 milhões, 370 mil horas de programação e envolveu diretamente mais de 300 pessoas nos últimos três anos, 200 das quais da tecnologia. O resultado desse trabalho chega ao mercado em sua primeira versão – outras duas já estão programadas para os próximos anos.
Trata-se de um serviço de notícias e análises financeiras, políticas e macroeconômicas, com cotações de ativos em tempo real e as primeiras ferramentas de cálculo de um arsenal em desenvolvimento. Integrado a essas informações encontra-se o mais completo banco de dados de companhias de capital aberto e fechado no país. Serão cerca de 5 mil empresas na primeira fase – 1,7 mil no lançamento –, com planos de contas detalhados, informações cadastrais, análises financeiras, comparação por setor, relatórios de analistas e notícias a elas relacionadas. Um ponto forte do terminal é a navegação rápida e intuitiva, apoiada em um sistema de indexação que está sendo construído junto com a Microsoft. O layout moderno, com telas coloridas e atraentes, contribui para conduzir o usuário a uma experiência agradável. Os leitores conhecerão, de forma sucinta, as propriedades do serviço nas próximas páginas.
A mesma equipe de 250 economistas e jornalistas especializados que alimentam todos os produtos impressos da casa e o site responde também pelo conteúdo do Valor PRO. Na área internacional, além do trabalho de nossos correspondentes, estão disponíveis o serviço da Dow Jones e a mais completa cobertura de América Latina por meio da produção da recém-formada Rede Interamericana de Imprensa Econômica (Ripe), constituída pelos nove principais jornais econômicos da região.
Notícias e banco de dados
Nesse projeto, conduzimos uma experiência pioneira de redação integrada. Os jornais mundo afora têm unido as redações de produto impresso e site online, aproveitando sinergias para bancar os contínuos investimentos decorrentes da demanda dos leitores por produtos digitais. Se por um lado a web ampliou exponencialmente o número de leitores, por outro provou-se até agora ser uma operação economicamente pouco rentável se a fonte de receita apoiar-se na publicidade, como ocorre nos produtos impressos. O primeiro movimento dos jornais para lidar com o resultado financeiro negativo de seus sites foi reduzir custos, atribuindo a uma única redação a responsabilidade pelo produto impresso e online. Recentemente, têm migrado do site totalmente gratuito para o parcialmente fechado, ou seja, para acesso pago, para equilibrar receita e despesa.
O Valor foi mais longe. Além da versão impressa e site, seu time de jornalistas é responsável pelo noticioso em tempo real, um serviço cuja base é a agilidade, no qual contam os segundos para fazer chegar de forma imediata ao terminal do usuário o que está ocorrendo de relevante para a formação de preços dos ativos financeiros ou para as empresas. À transcrição imediata e quase literal dos fatos a equipe acrescenta análises e os “furos” jornalísticos que os leitores se acostumaram a encontrar no jornal. O conteúdo da versão impressa está disponível antecipadamente no terminal, assim como a versão integral do Casa das Caldeiras, blog dos jornalistas especiais e editores do Valor, que traz bastidores e comentários sobre o que se passa no governo, nas empresas e nos mercados.
Por que a opção por um serviço de tempo real? A semente desse projeto já estava na gênese do Valor. Quando o jornal foi criado, no fim de 1999, para ser lançado em maio de 2000, a estrutura concebida foi a de uma plataforma de produção com dois pilares: de um lado, notícias diferenciadas e relevantes para o leitor de temas econômicos, e de outro, o banco de dados de indicadores macroeconômicos, preços de ativos e coleta de balanços para o anuário Valor1000.
Esforços em inovação
A plataforma, pensávamos então, atenderia a todos os projetos que viessem a ser criados no mundo de possibilidades que se abria com a internet – embora em 2000 fosse o jornal impresso o foco da empresa, para conquista do mercado leitor, construção da marca e geração de receita. Cinco anos depois, já líder de seu segmento e respeitado pelos leitores, o Valor estava consolidado e, então, as energias da empresa puderam ser deslocadas para pensar o futuro.
Acreditávamos que no conteúdo gerado pela plataforma havia um valor ainda não apropriado, inexplorado para nichos de mercado, e que daquela mesma estrutura muito mais poderia ser produzido em meio digital. Àquela altura se tornara evidente que o retorno de investimentos na web se daria em longo prazo. Uma saída seriam produtos digitais pagos. Mas quem estaria disposto a pagar numa rede que se estruturou sobre base de conteúdo gratuito, em uma aposta cega em ganhos extraordinários que viriam no futuro? O produto teria que ser reconhecidamente sofisticado e especializado para que o usuário se dispusesse a pagar. Na linha de serviço de alto valor agregado para público acostumado a pagar estavam as agências de notícias em tempo real, mercado disputado por multinacionais e agências locais.
Os acionistas concordavam que o conteúdo produzido pela equipe do Valor era altamente competitivo para entrar nesse mercado. Mas o risco não era desprezível, o custo era alto e a empresa teria de buscar um conhecimento tecnológico de que não dispunha. Foram muitas as consultorias, reuniões e estudos para embasar a decisão dos acionistas, as Organizações Globo e o grupo Folha de S. Paulo. Razão pela qual o Valor PRO só chega ao mercado sete anos depois dos primeiros esboços, seis anos do primeiro business plan, cinco anos depois das avaliações de consultorias nacionais e internacionais e três anos do início dos trabalhos. É neste e em outros produtos criados a partir dessa plataforma digital que a empresa concentrará esforços em inovação constante nos próximos anos, para acompanhar as necessidades dos leitores.
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[Vera Brandimarte é diretora de redação do Valor]