Não foi exclusividade do Observatório da Imprensa. Foi notícia em qualquer espaço da mídia. Mas, se o assunto é o Observatório da Imprensa, a pesquisa ou a interface do website apresenta claramente na edição 735: do “Caderno da Cidadania”, os sete primeiros textos fazem referência ao assunto da blogueira cubana (seria impróprio mencioná-la assim? Estaria agredindo alguma política ideológica?).
Seria razoável o leitor querer saber o porquê da recorrência temática. Em dia de jogo da Copa Libertadores da América, o destaque foi a Yoani – fato inegável. Uma presença na mídia que não evita a indagação automática do leitor: (i) qual seria o assunto exatamente?; (ii) isso me concerne; e como?; (iii) quem é exatamente (vamos conhecê-la, quem não a conhece…)?; (iv) tenho que saber sobre a repercussão do assunto que a mídia me informa – na medida e frequência como foi divulgado?; e (v) surgiu uma pauta para escritores?
Se surgiu uma pauta para escritores, melhor. Essa é a mordida da própria cauda do jornalismo – um uróboro da atividade profissional – textos para todos os gostos literários. Textos de opiniões cirúrgicas particulares, ou sobre fatos políticos. Não aceito, como leitor, o argumento de que os fatos políticos demandaram ostensiva cobertura da mídia – o que pode ter acontecido –, mas questiono a intensidade da repercussão. A eficácia da mensagem não se justifica pelas regras da comunicação social. O benefício final, então, é ler – independentemente da importância da pauta – textos de escritores. Para o regozijo dos leitores.
Belos textos
Ao buscar no website, propriamente na edição 735 do Observatório da Imprensa, percebe-se que Cacá Diegues fala de algo; algo este que não se fala no artigo do Luís Nassif. Renato Janine Ribeiro tem forma própria de criar a introdução do seu texto. Eugenio Bucci levanta questões afins importantes. E Luís Peazê nos oferece texto com outras lentes. Assim segue o Caderno da Cidadania, nesta edição acima.
Ler textos de grandes escritores é o benefício que se guarda do fato político divulgado. Importa dizer que muitos leitores perguntaram, à época, o porquê de massivo input pela mídia. Seria tarefa de o jornalismo fazer repercutir a farra acontecida de um fato político (aproveitado por partidos políticos) na intensidade em que o fez? Não creio. Fomos salvos porque há os textos – que nunca são demais.
Os textos apresentados – se o leitor que sabe, lê – oferecem a recompensa de aproveitar algumas leituras sobre fato político, digo eu, irrelevante, na intensidade da repercussão ocorrida. Além disso, há o benefício idêntico – ao leitor que lê e venha saber – por causa da repercussão. Porque no dia da massificação da informação ocorreram jogos de futebol da Copa Libertadores – e os leitores questionaram o porquê de toda a Yoani. Ela saberia algo sobre a Copa Libertadores? E a questão da proporção de divulgação entre temas – tanto como outros assuntos importantes que não ligados ao futebol – deixo como questão para os profissionais pensarem – se não fossem os belos textos apresentados.
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[Eduardo Ribeiro Toledo é advogado e escritor]