Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Egos inflados

Anos atrás, alguns comunicadores, principalmente da televisão e rádio, afirmavam claramente que eram ‘formadores da opinião pública’. Analisada de diversos ângulos esta expressão, até compreendemos que possui algum fundamento, mas na verdade há uma arrogância que se infiltra ardilosamente por ela.

Vieram a década de 90 e o século 21 e tal afirmativa jamais surgiu, espertamente escondida no recanto dos egos destes jornalistas e radialistas. Egos estes que continuaram inflados até o mais alto grau, apesar de ser buscada uma linguagem mais popular, beirando às vezes o piegas, numa bajulação das classes menos aquinhoadas que chega a ser nauseante.

Agora, já rompendo a segunda década do século 21, vemos que parte da imprensa continua arrogante e prepotente, infelizmente. As ‘estrelas’ dos grandes grupos de comunicação continuam praticamente as mesmas. Algumas submetem seus leitores à torturante leitura de coisas como as cirurgias que ele próprio, o famoso, tem pela frente, histórias banais de seus amigos de copo e de restaurante, a bajulação destinada a um amigo de empresa, enfim, uma penca de futilidades que nos leva à seguinte pergunta: de que serve esta coluna neste jornal ou este espaço no rádio ou na televisão?

Cinismo, arrogância e prepotência

Na verdade, são egos estourando por todos os poros, precisando mostrar que estão na estratosfera do mundo da comunicação. Enquanto o cidadão vive o seu cotidiano, acordando cedo para ir trabalhar, escutando rádio, vendo televisão e lendo publicações nas quais há um desfilar de personalidades que vivem da troca de elogios, do jogo de cartas marcadas nas quais estão armazenadas as senhas para eternizar o mesmo círculo de profissionais debaixo dos holofotes da mídia.

Esquecem-se estes comunicadores, considerados a elite da classe, que a humildade e a sensibilidade devem ser as principais características dos jornalistas. Senão as possuímos, somos escravos do cinismo, da arrogância e prepotência. Devemos olhar as pessoas, o nosso público, como gente de carne e osso, não como meros espectadores do grande sucesso e do estrelato que o papel, os microfones e as câmeras transitoriamente proporcionam.

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Jornalista e funcionário público, Osório, RS